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domingo, 29 de maio de 2011

Mesma história, nomes diferentes...

O título “Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico”, de Friedrich Engels, é autoexplicativo quanto a seu objetivo principal; críticas quanto ao mundo idealizado, não pensado cientificamente. Seria o abandono da metafísica, apesar de que as soluções seriam propostas pelos intelectuais, ao contrário do pensamento utópico de que dependeríamos de homens ilustres para mostrar-nos o caminho, o qual não seria descoberto pela via científica.

Engels, portanto, baseia-se na realidade, o que será conhecido por “materialismo histórico e dialético”: uma interpretação exata e objetiva da realidade. Foca-se na vida dos objetos, e não na morte deles – ou seja, para compreendermos um fato verdadeiramente, precisamos saber o que se passou antes. Uma citação que explicaria esse pensamento muito bem foi dita por Winston Churchill com o seu famoso “The farther backward you can look, the farther forward you will see” (algo como: quanto mais para trás olharmos, mais adiante veremos).

Apesar de o autor não tratar propriamente dos ciclos históricos, isso mostra muito bem as ideias do autor em questão de Marx: um objeto consiste no seu presente mais o seu passado. E nisso entra a questão da dialética.

Com essa grande quantidade de pessoas e cada uma com seu ponto de vista, ideais e crenças, não há como haver consenso. Logo, a contradição é inevitável. E é essa contradição que move o mundo (como já bem disse Heráclito, “a única coisa permanente é a mudança”), principalmente quando os opositores detêm grande poder e assim essa oposição vai ganhando força. Usando os termos mais apropriados, com a força da antítese sobre a tese, podemos ter uma nova ordem vigente.

E a partir desta, esperamos melhorias, mesmo que não em todos os âmbitos, e a questão aqui fica em torno da economia e do trabalho. Se tomarmos do feudalismo para a nossa era capitalista, percebemos a superação da força do trabalho (limitada orgânicamente) com novas tecnologias que demandam menor esforço do trabalhador. A ciência e a tecnologia trouxeram a possibilidade de riqueza para todos. Possibilidade.

Os que detinham os meios de produção conseguiram, com o tempo, distanciar-se ainda mais da classe operária, apropriando-se cada vez mais do trabalho deste. Neste ponto destaca-se o conceito da mais valia: o tempo pelo qual o trabalhador, após já ter recebido seu salário em função do que produz, estaria trabalhando de graça ao dono – é como se produzisse além daquilo para que fora contratado. A principal arma para tal é a alienação do proletário, que perde, principalmente, a noção do valor final do produto por ele feito. Produto, aliás, que muitas vezes nem ele mesmo terá acesso.

Para o autor, a evolução natural do capitalismo seria o socialismo (aquele que conhecemos por científico), na qual não haveria a gana pelo lucro individual; porém, na prática, as tentativas de implantação dessa via conseguiram apenas socializar a miséria. Tratando-se principalmente da experiência de pequenas comunidades, estas eram prejudicas tanto quanto possível pelos arredores capitalistas, pois a prosperidade daquelas poderia abalar a ordem vigente.

Há os prós e os contras. A ideia de ao menos amenizar tanto quanto possível as desigualdades nos toca, só que a prática é complicada. Defendemos a divisão de terras do latifundiário às famílias desfavorecidas; contudo, não queremos tocar nos nossos próprios bens na tentativa de auxiliar a caminhada. E aí há a contradição latente: após todo esse belo discurso, lembramo-nos de quem está por trás – um filho de burguês e um pensador que sequer trabalhou na vida. Ora, não seria essa mais uma contradição existente? Todos nós precisaríamos trabalhar por todos. E por mais que queiramos criticar o capitalismo, no fim do dia, queremos todos chegar a nossas casas para assistirmos televisão, usar o computador, dormir com conforto e ter uma grande quantidade de alimentos facilmente disponíveis. Podemos adquirir tudo de que necessitamos com uma coisa só, dinheiro. Novamente, por mais que este seja-nos limitado pelo lucro do chefe, que antigamente não era suficiente para as mordomias com as quais podemos contar hoje, hoje queremos sim ter acesso às novidades. Podem ser difíceis de ser adquiridas, mas podemos sonhar com elas e nos planejarmos para consegui-las.

Fica difícil julgar uma alternativa tão pouco conhecida e que não conseguiu evoluir a seu estágio máximo, apesar da defesa de o mesmo também não ter havido com o capitalismo. As experiências fracassadas, como a URSS ou a opressão dos Estados de Cuba e da China podem trazer mais aversão e medo do que simpatia para adesão. Maior igualdade social é um sonho, mas isso mesmo, um sonho. Após tantos séculos de oposição de classes, acostumamo-nos e passamos a viver nossas vidas sem grandes reivindicações e analisando a história, parece-nos haver essa eterna oposição que mudou apenas de nome das partes: plebeus x patrícios, escravos x senhores, proletários x burgueses.

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