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segunda-feira, 4 de junho de 2012

As ideias socialistas surgiram a cerca de 150 anos atrás, em um contexto pós Revolução Industrial, onde grande parte da população era explorada nas fábricas, que não poupavam nem mesmo crianças.
A ideia do socialismo veio para acabar com essa exploração, e seus primeiros idealizadores são chamados por Engels de utópicos.
Em sua obra, Engels critica o socialismo utópico e propõe uma mudança gradativa na forma de transformar a sociedade, o que é, sem dúvidas, mais racional. Ao propor essa formar de ação, Engels faz uma importante observação, que é a de que as obras utópicas são ingenuas ao pensar que a burguesia fosse aceitar essa transformação social.
Porém, até os dias atuais, nem a forma utópica nem a forma científica do socialismo foi posta em prática de maneira eficiente, essa ineficiência ocorre em parte pela ação de outros países que impedem os países revolucionários de se desenvolverem, como é o caso do bloqueio econômico feito a Cuba, e em parte devido a própria incompetências dos revolucionários.
Também é necessário observar o fato de que o homem raramente quer viver em uma sociedade onde não há perspectivas de crescimento individual, onde os menos esforçados e os mais esforçados tenham as mesmas recompensas, e levando isso em conta o melhor seria que ninguém passasse por nenhum tipo de necessidade, e isso aconteceria com políticas eficientes,   que oferecessem educação, saúde e trabalho digno a todos, e ao mesmo houvesse a possibilidade de cada um satisfazer suas ambições, através de esforços individuais.
Após as diversas adaptações do capitalismo e a intervenção do Estado na economia, como fator regulador, resta pensar qual o legado deixado pelo socialismo. Seu verdadeiro legado talvez não seja uma forma de governo teleológica que vê a si mesma como um fim supremo e o fruto de uma “razão” universal, porém indefinida. Uma forma de organização social que constroi uma igualdade artificialmente esmagadora e insustentável, mas antes, sua grande herança talvez seja o materialismo dialético como importante forma de interpretação do mundo, capaz de explicar a história social por meio da luta de classes. Mesmo que possivelmente se possa objetar a completa ausência de consciência de classe na atual sociedade ocidental, e mais do que isso, talvez uma divisão social em distintas classes de consumidores, muito mais mutável, homogênea e flúida possa ser mais adequada que a antiga distinção, ainda assim o materialismo dialético presente na luta entre diferentes grupos se mostra como importante fator de interpretação e explicação do desenvolvimento (desenvolvimento não em um sentido positivista) social. A vontade de poder, em um sentido nietzschiniano, de diferentes grupos e a luta de tais grupos, entendida dialeticamente como um motor da sociedade, possa talvez ser vista como o grande legado do marxismo.     
Engels inicia sua obra “do socialismo utópico ao socialismo científico” fazendo uma breve leitura da revolução Francesa. Inicialmente a exalta, porém ao fim a critica dizendo que a tão sonhada liberdade defendida pelos revolucionários foi simplificada apenas a liberdade econômica, que por sua vez resultou na exploração extrema da mão de obra. Engels então pinça algumas obras na história que em sua visão vieram em resposta à exploração das classes vulneráveis. Chama tais obras de socialismo primitivo e as caracteriza como utópicas, numa clara alusão a Thomas Morus. O autor defende que estas obras partem de uma abstração que desconsidera o percurso histórico e os dispositivos sociais, como se a burguesia facilmente fosse aceitar uma socialização dos meios de produção. O autor então propõe seu método que busca fazer uma leitura material da história e do capitalismo, este método procura se opor ao metafísico e tem por finalidade situar o socialismo “no terreno da realidade” assim como próprio Engels diz. Método este denominado “Materialismo Dialético”. A obra “do socialismo utópico ao socialismo científico” faz uma proposta completamente racional e gradual de transformação social. Após leitura feita me parece que muito dos movimentos que dizem partir desta visão, não agem de maneira coerente. É necessário que realmente se faça a leitura desta obra, para que as lutas sociais não continuem escorregando eternamente em uma poça de idealismo enquanto as classes desamparadas continuam na mesma condição.
Com o renascimento urbano e comercial, após a idade média, surge uma nova classe chamada burguesia. Tal classe consegue se manter através do comércio e visa sobretudo o lucro. Na chamada Revolução Francesa, esta classe luta e prega o lema " liberdade, igualdade e fraternidade", seduzindo a todos a se juntarem a ela. Porém, a tal liberdade seria a econômica, e a igualdade, apenas seria o fim dos privilégios de classe, e a criação de um privilégio para a burguesia.
Esta nova classe, cria o sistema capitalista, que passa por diversas fases, sendo elas o capitalismo comercial, capitalismo industrial e a atual fase, o capitalismo financeiro. Durante o capitalismo industrial, se dava a revolução industrial, onde as condições dos trabalhadores eram precárias, sendo muitas horas de serviço, salário baixo, e muitas vezes esses trabalhadores eram as crianças. Com tanta precariedade, a má condição de vida se espalhava pelos trabalhadores Europeus. Com tal vivência, surge um novo conceito de modo de vida, o Socialismo. Tal corrente, pregava o fim da classe burguesa, o que geraria a ascensão do trabalhador, além de tudo o fim das classes,que faria com que todos vivessem e se desenvolvessem nas mesmas condições. Alguns países, como Cuba e a União Soviética, adotaram esse sistema, porém foi inútil. No caso da União Soviética,por exemplo, foi necessário acrescentar características do capitalismo para salvar o país de uma crise gerada pelo socialismo. Já no caso de Cuba, o país afirma viver através do socialismo até hoje, porém é um lugar onde há muita repressão, e não há uma igualdade plena entre os habitantes, gerando uma falta de democracia.
Após a Revolução Industrial, principalmente em sua segunda fase, houve o crescimento exorbitante no número de pessoas vivendo em condições subhumanas, inclusive, e principalmente, de mulheres e de crianças. Entretanto, também foi aproximadamente nessa época que houve a emancipação política de grande parte da população européia, isso devido a já grande influência da burguesia na sociedade.
Com essa antítese, onde o povo tem maior força política mas condições sociais ainda mais precárias, é que surgem diversas teorias para sanar a situação caótica do momento, levando essas teorias o nome de Socialismo Utópico.
Para Engels, o Socialismo Utópico consiste em algumas reformas que não vão à raiz do problema, a qual seria a luta de classes. Pensadores como Saint-Simon, Forier e Owen tentaram amenizar a situação dos proletários, que eram os mais explorados nesse contexto. Contudo, suas teses baseavam-se em um "acordo" entre burguesia e proletariado, enquanto o Socialismo Científico, o desenvolvido por Marx e Engels, tinha como meta principal a extinção das classes sociais.
Segundo o pensamento de socialistas científicos, o Socialismo Científico seria inevitável. A massa proletaria oprimida se revolucionaria para tomar posse dos meios de produção, ocasionando o fim da burguesia e das classes. Todavia, 150 anos se passaram desde que as primeiras teorias revolucionárias surgiram, e até hoje não houve de fato uma revolução proletariada efetiva no mundo. isso leva-nos a refletir sobre quão verdadeiras são as teses socialistas,e também sobre a possibilidade da permanência das classes, desde que estas sejam minimamente conflituosas e díspares, assim como ocorre atualmente em países escandinavos.
     Fredrich Engels, em sua obra "Do socialismo utópico ao socialismo científico", tenta abordar as ideias sociais de um modo científico, trazendo-as para o plano do real. Há, então, a concepção do materialismo dialético como método.
     O que, primordialmente, nasce como uma revolução da razão norteada pelos defensores da "aurora da humanidade", torna-se mais um meio de conservação da situação entre exploradores e explorados, agora com o controle da burguesia.
     A partir de então, há a percepção de que a luta de classes funciona como um motor da história, presente, com exceção do Estado primitivo, em todas as épocas. Tal visão leva o autor a pensar o socialismo como "o produto necessário da luta entre as duas classes formadas historicamente: a burguesia e o proletariado".
     Tais ideias, unidas à dialética, em uma tentativa de perceber a totalidade conjunta dos fatos e não por meio de sua fragmentação trazem à teoria socialista um maior grau de cientificismo. E, se unindo ao conceito marxista da mais-valia, que justifica e aponta a exploração da classe trabalhadora, a teoria alcança a consistência que se buscava.




                                                                                                                Renan Silveira


EUROPA 2012: UMA NOVA DIALÉTICA?



O materialismo histórico, já no século XIX, pautava pela primazia da existência sobre a consciência, quando da determinação da condição do indivíduo. O antagonismo histórico entre as duas classes significativas do Estado liberal, a burguesia e o proletariado, dinamizadas em trajetórias próprias, no entanto, sugere para a culminação do confronto, dialético, de interesses. Se, já em 1816, Saint Simon prevê a absorção absoluta da política pela economia; ele não poderia estar mais certo. Fourier, por sua vez, declara a efemeridade da civilização, em seus “círculos viciosos”. Owen, o percussor das preocupações trabalhistas, resurge mais atual do que nunca. No entanto, as análises sociológicas dos alicerces teóricos do socialismo científico dissecam a Europa de 2012, nua e cruamente, justamente como faziam no auge das contradições da Europa vitoriana, expansionista e apreciadora de absinto.

Isso ocorre porque se em tempos Dickensianos a dialética travava-se entre burguesia e proletariado, hoje, no ocidente europeu, a classe burguesa nativa europeia, afluente e secular, choca-se com o mar de imigrantes muçulmanos renegados ao status de proletários do século XXI. Proletários do século XXI, não em função profissional maquinal e redundante, mas como sujeitos sociais. Em uma Europa de alta tecnologia, fábricas fordistas não tem vez. Aqueles que não têm acesso à educação de qualidade são excluídos à informalidade, aos trabalhos serviçais facilmente substituíveis, uma vez que o emprego industrial transferiu-se ao Sudeste Asiático. O imigrante muçulmano, portanto, carece de meios para acender socialmente. Sofre restrições legais para exercer direitos fundamentais ao homem, sente dificuldade em aprender o idioma local. Ele, consequentemente, sente-se encurralado: visto como eterno forasteiro, vítima de estigmatização por parte da mídia, da polícia, da justiça e do sistema universitário, não vê outro alternativa a não ser fechar-se ghettos étnico-religiosos, como Saint-Saint Dennis e Clichy-Sus-Bois, enclaves da periferia parisiense que queimaram sob o ardor da revolta das minorias em 2005.

Os nativos europeus, por outro lado, defendem seus interesses como a burguesia tradicional fazia com vigor, no século XIX. Partidos conservadores passam a defender o mercado de trabalho local, restrições aos estrangeiros, corte de benefícios aos mais necessitados e, principalmente, o fim do multiculturalismo. Na Holanda, por exemplo, políticos que fazem parte do governo defendem, abertamente, o banimento do Corão. Na França, proibi-se o uso da burka em espaços públicos. Na Suíça, iniciativas populares pregam pela limitação de construção de mesquitas. Se no século XIX, a burguesia defendia seus interesses a ferro e fogo, em 2012, ela ainda o faz, mas por meios camuflados pelo apoio populista de direita e com base em sensacionalismos midiáticos.

Vê-se, assim, a dialética do materialismo histórico pulsando sobre as artérias do continente europeu. Proletários do século XXI de um lado, ou seja, os estrangeiros e imigrantes, sobretudo muçulmanos; nativos de outro. Aqueles cada vez mais conscientes de sua função social, ativos politicamente, organizados e antagônicos em relação à classe opressora. A burguesia atual, como àquela de tempos napoleônicos, busca fortalecer sua posição social frente às ameaças à ordem. Nacionalismo, protecionismo, radicalismo; todas as ferramentas de repressão às massas que podem se revoltar. No entanto, a dialética é real e permanente. Caos imigratório, crise econômica, terrorismo, questionamento do euro, do multiculturalismo e de todo projeto europeu. A Europa de 2012 é similar à Europa de 1848. O socialismo pode estar morto, mas a dialética e o novo materialismo histórico, inerentes à Europa, estão mais vivos do que nunca.




É interessante observar que para Engels o Socialismo seria inevitável na história, que seria a solução das mazelas e contradições sociais. Como para Marx, seu ilustre companheiro, uma revolução socialista viria de uma polarização intensa entre a abundância de riquezas e a miséria. 

No entanto, o capitalismo se flexibilizou para sobreviver, se reformulou e assim continuou a explorar seus trabalhadores de forma mais sutil mas não menos carrasca do que  antes. As chamadas revoluções socialistas que ocorreram não vingaram e o sistema burguês utilizou-se disso para fortalecer-se.

Talvez hoje essa questão do proletário não seja mais tão intensa quanto nos séculos XVIII e XIX. De uma maneira grosseira, não mais dividiria a sociedade em burgueses e proletários, todos se unificaram numa massa de consumidores. As contribuições da mídia e das diversas propagandas tentadoras fazem de cada cidadão apenas um comprador em potencial ( uma nova alienação). Disso decorre, a meu ver, que a exclusão social é quase sinônima de exclusão do mercado.  Para o mundo burguês - que infelizmente é a elite que domina o mundo econômico e político e quem dita as leis-  aqueles que não podem consumir devem ser segregados. Ou seja, aqueles que não podem comprar, que não possuem poder aquisitivo para isso, nem possibilidade de trabalho e que acabam recorrendo ao crime  são jogados na cela imunda de uma prisão e abandonados lá. Para nossa sociedade burguesa eles não mais interessam, não mais servem para seus objetivos( o de tornar todo indivíduo um consumidor).  Isso leva a concluir, que somos apenas meros fantoches nas mãos desse sistema, que constitui um monstro manipulador de mentes através da mídia.

Há pouco tempo atrás o mundo ficou dividido, basicamente, em dois grandes grupos de ideologias antagônicas: o dos países capitalistas – liderado pelos Estados Unidos – e o dos socialistas – liderados pela União Soviética. Devido ao conflito ideológico existente entre esses dois grupos, iniciou-se o período, o qual chamamos de Guerra Fria. E, mesmo nos dias atuais, apesar do domínio político do sistema capitalista no mundo, ainda há pessoas bastante influenciadas e favoráveis ao pensamento desenvolvido por Karl Marx e Fredrich Engels, ou seja, o socialismo científico.

É natural que diante da situação, pela qual passava a Europa, de uma maneira geral, nos séculos XVI e XVII, parte da sociedade começaria a questionar a maneira como as classes sociais mais baixas viviam em prol dos lucros de classes sociais mais elevadas. Surgia, então, nesse período, os pensadores do socialismo utópico. A partir daí, nasce a ideia da humanidade, de alguma forma, alcançar uma sociedade igualitária.

No entanto, foi somente no século XIX que surgiu o socialismo científico, baseado na racionalidade e na análise da realidade. De acordo com os pensadores de tal corrente filosófica, após séculos de exploração do proletariado, este se uniria e se rebelaria. Esse fato seria, na verdade, uma consequência histórica da contradição criada pelo próprio capitalismo: a exploração dos possuidores sobre os despossuídos.

Mais tarde, ocorreu, de fato, diversos movimentos que buscavam a igualdade entre as classes ou, na verdade, a extinção destas. Contudo, infelizmente, a sociedade proposta por Engels não chegou a ser alcançada e, nos países que diziam seguir o comunismo ou o socialismo, essa não se manteve por muito tempo. Observando o mundo atual, percebemos o predomínio do capitalismo, mas não podemos dizer que de nada adiantou a experiência de tentar uma mudança e um mundo melhor para as pessoas, afinal os direitos e melhores condições para os trabalhadores só foram conquistados com a pressão feita pelos mesmos sobre a burguesia que, temendo a sua extinção, decidiu ceder. Por fim, a experiência da adoção de regimes políticos opostos ao capitalismo é válida, sim, pois os avanços e melhorias alcançados pelo homem ocorrem sempre da mesma forma: através da diminuição do poder do grupo que o detém devido ao medo de um grupo opositor toma-lo.

Uma pessoa que trabalha, ganha misérias e sofre também deseja consumir. Esse desejo de consumo é criado dentro de cada ser, através daquilo que se é propagado pela sociedade capitalista: o consumo, o possuir, o material, trará a felicidade, trará a satisfação, fará você melhor do que o que não consome. A todo tempo vê-se uma propaganda, um logotipo, uma marca, já estão incrustados em sua cabeça. A palavra comprar é dita por cada um de nós, pelo menos todos os dias, preciso comprar isso, comprarei aquilo.
Tudo isso é um pouco cansativo, estranho, só de pensar nesse turbilhão de imagens, sons, cores, já fico com náuseas. É assim que vivemos, com televisão, rádio, carros. Vivemos da forma que deveríamos viver, somos moldados dessa forma.  Viva o American Way of life! Claro que sim! VIVA! Todos somos gratos ao American Way of life, agradecemos por consumir; agradecemos por querer ter um vida perfeita: casamento, filhos, carros, riqueza; agradecemos por trabalhar oras incansáveis e muitas vezes fazendo algo que não ajudará ninguém diretamente, sentados atrás de um computador, fazendo idealizações, enquanto lá fora, na janela abaixo do prédio, há uma pessoa, com roupas rasgadas, pedindo esmolas... E então, deixo meu trabalho de lado por um minuto e olho para baixo “Ele está nessa situação porque quer...”.
Claro, claro... todos queremos viver dessa forma, sendo rejeitados pela sociedade, sem dignidade, sem fé. Sendo a forma mais desumana de ser um humano. Novamente, agradeço American Way of life, ao capitalismo, por poder me fazer superior aos outros.
Voltando ao meu computador, o telefone toca, uma das minhas assistentes não pode vir hoje, disse que o filho dela está doente. “Doente? Que desculpa mais esfarrapada...”. Não, não acredito mais nas pessoas... Por que acreditaria? Elas vão sempre zelar pelo seu próprio bem, seu próprio dinheiro e sua própria evolução, não existe mais confiança. Sim sim, obrigada por poder crer que eu sou a única pessoa confiável nesse mundo... o resto, vive de interesses...
Todas as pessoas desejam viver conforme os padrões estipulados, querem comprar, querem ter poder, inclusive o proletariado: o proletariado deseja transformar-se em burguesia. E isso acontece novamente, por tudo que é idealizado pelo capitalismo, seria uma forma de persuadir as pessoas, os proletariados, vendendo uma imagem de que está tudo bem, está bem trabalhar horas e mais horas e receber uma miséria, calma, seu salário irá aumentando com o tempo; está tudo bem não possuir estudos, não precisa estudar para trabalhar; está tudo bem não ter uma moradia digna, afinal, se você trabalhasse mais um pouco, teria mais dinheiro. Dinheiro para consumir, dinheiro para pelo menos iniciar um pagamento de uma geladeira...
Como é triste essa sociedade, como é infeliz... Olhar além da base econômica, ter uma visão do que essa base econômica reflete na vida das pessoas, é muito triste.


O socialismo prega o fim da propriedade privada e uma apropriação positiva do mesmo pelo Estado. Dessa forma o dono dos meios de produção deixa de ser o burguês, e o seu controle é exercido pelo governo. Todavia tal doutrina é utópica contemporaneamente, uma vez que a burguesia permanece sendo a classe social dominante e não aceitará perder sua importância social. Outro ponto de sustentação dessa tese é a inserção do trabalhador no meio capitalista, o que faz com que o objeto produzido, antes estranho ao trabalhador que o produziu, passa a ser objetivado pelo mesmo, ou seja, o trabalhador passou a ser inserido no meio de consumo do sistema capitalista.
Mesmo o socialismo cientifico pregado por Marx e Engels, os quais não pregam apenas a socialização das riquezas como os utópicos, mas sim um socialismo pautado no real, procurando compreender de uma forma sistemática o processo de produção de capital, são inviáveis no mundo atual. Uma vez que, toda sociedade esta inserida no modelo capitalista, mesmo os marginalizados pelo mesmo, sentem-se ligados ao sistema pelo seu teórico “poder de compra”.
O modelo capitalista, apesar de estar em crise, é facilmente mutável e se reestruturará como já o fez anteriormente. Tal capacidade de adaptação já foi demonstrada como, por exemplo, na criação de um Estado Social de Direito, no qual houve uma preocupação com políticas publicas que tinha como objetivo abafar as idéias socialistas, as quais reivindicavam uma tomada de posse pelos trabalhadores, no século XIX.
Nota-se com isso que a grande capacidade de adaptar-se do capitalismo tornou-se sua forma de sobrevivência em meio às crises que o mesmo gera. Além de sua capacidade de produção de avanços tecnológicos em inúmeras áreas como: saúde, educação e entretenimento. Faz-se necessário, porém a abdicação de parte de sua mais-valia, em troca de melhores condições de vida para uma parcela significativa da sociedade que é marginalizada e esquecida pelo sistema, fazendo com que esta se insira, não só figuradamente, mais inteiramente no sistema capitalista. E dessa forma superar-se-á a crise econômica global.

Marina Precinotto da Cruz, direito- diurno. 

Da utopia à conquista épica

Vendo essa imagem do clássico filme de Charles Chaplin, Tempos Modernos (1936), poderíamos ingenuamente inferir, no sorriso da personagem, que a situação dos trabalhadores braçais “apertadores de parafusos” não era lá tão ruim assim. Entretanto, como estudamos nas aulas de história, a situação dos trabalhadores pós Revolução Industrial era muita precária: carga horária de no mínimo 13 horas diárias; mulheres e crianças trabalhando exaustivamente dentro das fábricas e até mesmo em minas de carvão; trabalhadores sem o mínimo de conforto e segurança, entre outros fatores aterrorizantes. Essa realidade tenebrosa viu, pelo final do século XIX, uma faísca de esperança emergir com homens como Fourier, Owen e Saint-Simon, que observando a realidade social de suas épocas viram no socialismo a melhor forma de acabar com o jugo dos operários fabris. Todavia eles não possuíam a sabedoria de como realizar efetivamente a mudança na vida da sociedade moderna, sabedoria esta que Friedrich Engels, junto com seu companheiro Karl Marx, iria contemplar a humanidade com suas obras ditas científicas, mostrando ao mundo que o proletariado tinha plenas condições de “virar o jogo” contra a burguesia e viver com plenas condições de serem senhores de si mesmos.
Engels, em sua obra “Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico” analisa criticamente junto com o leitor a história do capitalismo, as ideias dos autores utópicos e tece vários de defeitos, segundo ele, acerca do capitalismo. No fim de seu texto, diferentemente dos socialistas ditos utópicos, Engels mostra o caminho para a libertação dos proletários e para a mudança da história, com a extinção do Estado e a posse dos meios de produção pelo proletariado. Final épico, porém não muito fácil de ser concretizado.
Essa obra é de extrema importância para qualquer pessoa, indiferente de sua ideologia política, para entender as ideias reinantes à época acerca do modelo econômico e social, e para poder fazer um paralelo com a situação econômica atual. Ademais, a leitura desse texto é um ingrediente importante na construção de uma ideia pessoal sobre a melhor forma econômica para se obter um melhor convívio social entre nós, pois, mesmo com mudanças significativas no modo de produção capitalista, continuamos sendo “apertadores de parafusos”, porém, do século XXI.

Radicais ou “Revolts” ?

Radicais ou “Revolts¹” ? 
            Atualmente nos deparamos com o paradoxo da superprodução e da fome, da tecnologia de ponta e da miséria, que muitas vezes passam desapercebidos pelo cidadão brasileiro comum: taxa de desemprego a 6%, 50% da população na classe média, juros a 8,5%. Todos esses fatores contribuem para que as pessoas acreditem que a economia e suas vidas vão bem. Além disso esses benefícios contribuem para a formação do imaginário ideológico do sonho americano: livre concorrência, iniciativa, trabalho árduo e pouca intervenção do Estado na economia são os pilares do desenvolvimento.

Contudo, outras partes do mundo são testemunhas da instabilidade do sistema capitalista: A Europa, baluarte do capitalismo, hoje sofre com os efeitos do sistema bancário e da especulação. Ásia e África ainda lideram a fome e a miséria em um mundo onde 1 em cada 7 pessoas não consegue se alimentar. 
Eis que surge a antítese deste sistema: os partidos de esquerda, os quais teoricamente zelariam por promover a redução das desigualdades e promoveriam o Estado de Direito, apesar de terem conseguido vitórias nas últimas eleições (por exemplo na Europa de hoje, no Brasil desde 2002.), são tachados de traidores, por não se revoltarem contra o sistema. Ora, se estão usando o próprio sistema (a dita democracia burguesa) para fazer modificações sociais, por qual motivo o implodiriam? Será que o povo apoiaria também essa mudança brusca e incerta, promovida pela extrema-esquerda? Talvez, na Ásia ou África  onde não há perspectiva ao menos de alimentação, mas na Europa apesar das dificuldades, o sistema se adaptou mais uma vez. No Brasil BRIC também não, em "desenvolvimento", sede da copa e das olimpíadas não há espaço para "malucos".
É justamente o embate entre esses dois modos de transformação que norteará esta comparação com a teoria socialista científica de Engels, discutida em "Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico". Para Engels, a síntese é a formadora da história humana: teses e antíteses se chocando todo o tempo e criando modificações, sínteses, que abrem caminho para novos choques. Portanto, a metafísica, a teoria, não poderia ser o motor da história, mas sim, os atos. O idealismo não seria uma ferramenta eficiente, e poderia tornar a visão dos fatos distorcida, focando-se num ponto, não poderíamos ver o quadro geral.
            Não seria justamente esse o erro da auto-declarada esquerda revolucionária no Brasil? Focar-se no idealismo revolucionário, enquanto não admite as conquistas inseridas no próprio sistema e insiste em afirmar uma antítese sem síntese? Esta antítese muitas vezes pautada numa realidade fixa, a qual, na verdade, se modificou ao longo do último século?
Agindo dessa forma, somente negando o sistema e sua transformação    e ao mesmo tempo não conseguindo cooptar pessoas para a causa revolucionária – a extrema-esquerda se enfraquece e é tida como anacrônica e esquizofrênica, enquanto poderia ser a fiscal das transformações governistas e promover ataques mais diretos ao sistema, agindo por dentro dele, através do Direito, da Democracia, da conscientização e das conquistas constantes, em vez de pregar o tudo ou nada maniqueísta habitual. Que se lute por uma economia com intervenção estatal, pelo bem-estar social, sem que sejam denominados esses agentes de pequenos-burgueses ou “sociais-democratas”, mas que essas medidas sejam compreendidas como fases de uma transformação maior, com o apoio de uma massa politizada e educada, algo que não existe hoje, como demonstrado no início do texto.
É tempo de renovação e de criação de sínteses compatíveis com os desafios do século XXI. Que admitam os erros do passado e que criem novos caminhos para o futuro de forma realista e científica, não agindo de forma passional. A esquerda tem que ser radical no sentido de ir ao ponto central dos problemas e não de ficar num guerra cega,“revoltada” contra tudo e contra todos agindo como “revolts¹”.


¹ Revolts é um termo empregado pelos jovens para descrever seus colegas que agem como se não gostassem de nada, sem uma solução aparente. Simplesmente não concordam, e agindo passionalmente não resolvem seus problemas, ficando mau-humorados com todos ao seu redor.
Será que da data da publicação desta pirâmide (1911) até hoje, não houveram modificações positivas?

Raul da Silva Carmo. Aluno do 1º Ano do Curso de Direito Noturno da UNESP Turma 2012-2016.

Camaleão


O poder econômico, desde sempre, domina as instituições nas quais estamos inseridos. O direito é uma delas.
Nos fins da Idade Média, surgia uma nova classe de comerciantes, aparentemente inofensiva: a burguesia. Com o decorrer do tempo, ela se liga à monarquia – uma vez que precisava de um poder centralizado – ganhando mais e mais poder.
Ao perceber que o absolutismo gerava insegurança aos seus negócios, a burguesia idealizou e concretizou a Revolução Francesa, utilizando-se para isso do povo como massa de manobra. Dessa forma, surge o Estado Liberal de Direito, uma das maiores conquistas burguesas, porque o contrato – instrumento essencial da propriedade privada – estava sob a égide da lei. Assim, essa classe consegue a segurança que tanto almejava, não dependendo mais da vontade do soberano, uma vez que esse se encontrava submisso à lei.
Nesse mesmo período, ocorria a Revolução Industrial, que resultou em uma intensa exploração dos proletários pelos burgueses. Havia jornadas exaustivas e ambientes degradantes. Essa situação foi se agravando de tal modo que doutrinas socialistas começaram a despontar, reivindicando uma tomada de poder pelos trabalhadores.
Assim, a burguesia, percebendo ser essa doutrina um perigo iminente ao seu poder, principalmente pós-Revolução Russa, se adapta novamente à nova situação, criando o Estado Social de Direito como forma de abafar os ideais socialistas. Nesse novo modelo estatal, há uma preocupação com as políticas públicas, pois seria preferível que se perdesse parte do lucro pagando impostos – tornando possível um mínimo de dignidade à população - a perder toda mais-valia.
Além desse mínimo de dignidade ser necessário para evitar uma revolução, havia outro ponto fundamental para que essa mudança ocorresse: transformar o proletário, de mera engrenagem da máquina capitalista, em consumidor do que ele mesmo produzia.
Essa sede da burguesia pelo consumo do proletário foi ficando tão intensa que foram criadas as estratégias de marketing. Assim, hoje em dia, somos constantemente manipulados pelas propagandas, presentes em outdoors, televisão, rádio, enfim, em todos os lugares que observamos.
Dessa forma, conclui-se que a burguesia foi se adaptando a todas as situações que surgiram – tal qual um camaleão – de forma a sempre dominar as instituições nas quais vivemos com sua ideologia, evitando qualquer possível tomada de poder pela classe explorada. Assim, enquanto não houver uma verdadeira revolução, com o extermínio da classe burguesa, não será possível uma verdadeira melhora nas condições da população, pois como já dizia Cazuza, “enquanto houver burguesia, não vai haver poesia”.

Metamorfose


                
É no contexto de desenvolvimento do capitalismo, com toda a exploração à classe trabalhadora que surge, inicialmente, o chamado Socialismo Utópico. Vislumbrando o Iluminismo, que há pouco fora difundido na Europa e no mundo e que, apesar de ter sido uma ruptura com o passado, se converteu apenas em privilégios à burguesia, Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen tentam “destruir” as diferenças de classe, para que a liberdade tanto pregada na Revolução Francesa se estendesse a todas as classes. Porém, foi exatamente a falta de ideias que pudessem ser postas na prática – o que justifica chamá-lo de “utópico”- que lhes renderam críticas.
                Numa evolução desse Socialismo, já visto de forma mais prática e até como Ciência é que aparecem os nomes de Friedrich Engels e Karl Marx, que criticam a metafísica, a fragmentação dos objetos e a projeção de ideias da dialética hegeliana, apresentando possibilidades mais concretas. Mais profundamente, Engel acredita, na verdade, que o socialismo é uma consequência histórica diante das contradições contidas no próprio capitalismo.  Consequência, esta, representada pelo ápice das lutas de classes que resultaria em mudança.
                Aliás, a própria luta de classes pode ser considerada um pensamento dialético. Sendo a dialética a contraposição de ideias, o que é a luta de classe senão a contraposição de burguesia e proletariado? Portanto, para superar o capitalismo, como vem propor, o socialismo deve compreender as forças produtivas, para racionalizá-las e, na prática, o Estado, antes burguês, deve ser apropriado pelos proletários, que, em tese, fariam com que as forças produtivas fossem usufruídas por todas as classes.
                Diante disso tudo, podemos partir para uma apresentação do Socialismo na realidade. Durante a segunda metade século XX, o mundo permaneceu dividido sob duas potências: os EUA, que representavam o capitalismo e a antiga URSS, representante do Socialismo.  E, como sabemos, o socialismo, pelo seu fracasso em pôr suas ideologias em prática, sendo substituído por um governo essencialmente ditatorial, foi sobreposto pelo próprio capitalismo em praticamente todo o mundo. Vale ressaltar que esse capitalismo também sofreu suas adaptações, de acordo com o momento histórico.
                Enfim, atualmente, vivemos a crise do próprio capitalismo. E é nesse novo contexto que a “metamorfose capitalista” pode ser vista mais uma vez: num mundo neoliberal, de acirrada concorrência, as políticas sociais que enchem as campanhas eleitorais e as políticas empresariais para o bem-estar dos funcionários e da população em geral foram formas encontradas para amenizar - ou apenas mascarar?! - a desigualdade provocada pela eterna luta de classes.
A origem do socialismo
Segundo Engels, o segredo da produção capitalista está no conceito de mais-valia, que nada mais é do que a exploração do operário. Engels escreve em sua obra que o capitalista sempre retira mais valor da força de trabalho do operário, mesmo pagando todo o valor que ela representa no mercado.
A mais-valia é a base do modo de produção capitalista, as grandes empresas estão sempre a procura de mão-de-obra barata, pois assim vão conseguir diminuir o custo de produção de seus produtos e, consequentemente, atingirão um maior lucro. Muitas empresas se instalam em países onde podem explorar ao máximo à força de trabalho dos operários, países onde o governo não fiscaliza a exploração do trabalhador, onde há falta de incentivo na qualificação dos trabalhadores, tais lugares podem ser encontrados nos países asiáticos como a China e outros do sudeste asiático.
Mas isso não ocorre somente na Ásia, podemos encontrar esse tipo de exploração no Brasil, ainda, na cidade mais rica do país, São Paulo. As empresas da moda servem de exemplo, elas vão em  busca do baixo custo da mão-de-obra dos bolivianos que ficam enclausurados trabalhando até 12 horas por dia.
As engrenagens do capitalismo dependem da exploração do trabalhador, isso é o que vai causar a luta entre as duas classes formadas historicamente: o proletariado e a burguesia. Engels afirma que o socialismo não aparecia de forma casual, mas como o produto necessário dessa luta.
Matheus da Silva Mayor
    A eterna e incessante luta de classes, o capitalismo e suas facetas.

É impressionante como um ideal tão libertário e igualitário como o Iluminismo, se tornou ideologia social burguesa, com a finalidade de proteger e criar suas próprias prerrogativas políticas e econômicas. Para contrariar essa ideologia dominadora, surge o Socialismo em seu estado primitivo, que tem como premissa a abolição das diferenças das classes sociais. Que tiveram um grande impacto com as mudanças promovidas por   Saint-Simon, Fourier e Owen, esses precursores foram responsáveis pela criação das bases fundamentais do socialismo, que mais tarde, seriam melhores desenvolvidas por Engels e Marx.

Com o desenvolvimento da burguesia industrial, surgiu também o proletariado, como consequência disso diferenças foram surgindo, como baixa remuneração, longas jornadas de trabalho e situações precárias de trabalho. Aliado a isso, a concentração do capital em torno da burguesia, vez com que concentrasse o poder político da mesma forma. Assim, o proletariado não teria condições de subverter a ordem social configurada na época. Alguns acontecimentos como a Revolução Francesa, a Comuna de Paris e a socialização da Rússia feita por Lênin, mudaram o panorama econômico local, porém nunca apresentaram uma ameaça muito grande ao sistema capitalista.

O grande triunfo do capitalismo é a sua capacidade de mudar conforme a economia se desenrola, possuindo muitas facetas e sendo mutável conforme as situações. Podemos citar fatos na história como o Crash da bolsa de Nova York em 1929, onde o Estado capitalista interviu na economia e ajudou em sua recuperação. Porém o sistema capitalista é regido pela ideologia do liberalismo econômico, onde o Estado intervem o mínimo possível na economia, fazendo com que as leis do mercado controlem a manutenção do regime.

Há casos como a China, em que se denomina um regime político comunista, porém o regime econômico é denominado como socialista de mercado. Nos últimos anos, é o país que apresenta maior crescimento econômico, perto de desbancar os Estados Unidos da América. Nota-se que na história mundial, o capitalismo predomina quase completamente os sistemas econômicos dos países, graças a sua capacidade de mudar conforme o andamento da economia mundial. Sempre existirão as lutas de classes por uma melhor qualidade de vida ou obtenção do poder, porém creio que o capitalismo é difícil de ser desbancado como sistema econômico graças as suas facetas.

Vítor Augusto Momma Portioli 

Instintos

      O capitalismo, de acordo com Fredrich Engels em sua obra “Do socialismo utópico ao socialismo científico”, ao decorrer de seu desenvolvimento segue um círculo vicioso que é prejudicial, tanto ao burguês e à economia, quanto ao proletariado. ”Um desenvolvimento inaudito das forças produtivas, excesso da oferta sobre a procura, superprodução, abarrotamento dos mercados, crise cada dez anos, círculo vicioso.”
      Esse círculo vicioso ocorre ainda hoje, tanto que ocorrera uma crise mundial há pouco e que foi causada por um liberalismo econômico – do capitalismo. No modelo burguês permanece a ideia de exploração do trabalhador através da exploração da mais -valia, que tem sua manutenção exercida pela constante oferta de mão de obra na forma do desemprego. A burguesia mantém parcela da sociedade desempregada para que o proletariado (empregado) não exija aumento do salário ou melhorias nas suas condições de emprego; uma vez que há outros trabalhadores desejando tal ocupação.Com isso, o burguês regula o proletariado, mantendo este à mercê daquele ininterruptamente.
      Além da concorrência humana, propriamente falando, há também uma concorrência entre trabalhador e maquinário. As máquinas, em substituição ao trabalho manual vêm a cada vez mais tomando o espaço do proletariado nas fábricas; ao passo que exercem maior produtividade, não fazem greves, não adoentam, não se organizam em sindicatos para exigir melhores condições de emprego, não tiram férias e não são assalariadas. Dessa maneira, o proletário tem de se submeter às condições exigidas pelo dono dos meios de produção, condições essas que tendem a ser cada vez mais exploratórias.
      É consenso que o capitalismo agrava as desigualdades sociais. No entanto, na prática pouquíssimas pessoas abririam mão de sua vida de capitalista, de seu individualismo em prol de uma melhoria geral,de um socialismo,de um comunismo. Quem iria se dispor a trabalhar para uma coletividade? Quem se disponibilizaria a compartilhar aquilo que possui por um bem comum? Na teoria tudo é muito lindo e solidário; porém na prática aquele que trabalha mais ou é mais eficiente em seu cargo se sentiria prejudicado ao ter que repartir sua produção com outro menos produtivo, e talvez até deixasse de ser tão eficiente ao pensar que os lucros seriam divididos uniformemente entre a população. Ninguém gosta de se sentir prejudicado. É inerente ao homem o espírito do individualismo, da competividade e o egoísmo. Instintos não são “quebrados” tão facilmente assim.

Controle e ilusões




Em torno de meio século a frente de uma das maiores demonstrações de força do capitalismo, a revolução francesa, que consolida a burguesia como classe detentora de poder, Friedrich Engels consegue ver ainda mais a frente de seu tempo.
            Filho de um rico industrial alemão, Engels começa a seguir um caminho diferente de seu pai e juntamente com Marx, desenvolve o chamado socialismo científico, criando uma analise mais profunda tanto do antigo socialismo utópico quanto do próprio capitalismo, seus mecanismos de defesa e controle. Tal analise foi de suma importância para a criação de uma maior praticidade no pensamento socialista (objetivo claro de ambos os autores) e também de gerou mais força para antítese capitalista.
            Para Engels e Marx, a base econômica de uma determinada sociedade influência diretamente na visão de mundo das pessoas que nela vivem e não existe maior comprovação disto do que a enorme influência que o capitalismo cria sobre as pessoas que nele convivem. Sentimentos como a felicidade são confundidos com um simples desejo de obtenção de lucro e a visão crítica e educação de uma grande parcela da população, a dita classe média, é sugada e transformada em trabalho altamente sistematizado e propaganda com o objetivo de gerar mais e mais lucro.
            É facilmente observado aos olhos do quem realmente deseja ver o domínio que a burguesia exerceu e exerce sobre as classes ditas como “inferiores”, a mecanização do trabalho, a exploração, a manipulação e a criação de uma falsa noção de desenvolvimento da humanidade em seu aspecto humanitário jogando para outras parcelas da sociedade a responsabilidade de corrigir erros do passado que até hoje se repetem e marginalizam o proletariado que continua sofrendo os mesmo abusos de sempre, só que agora com um poder de compra criado para a própria manutenção do sistema.

Viver é morrer



Desde que Heráclito de Éfeso proferiu a frase “um homem nunca se banha no mesmo rio duas vezes”, abriu precedente pra uma forma de pensamento que sempre se lançaria como questionadora acerca de uma dada forma de se compreender os fenômenos ao longo da história da filosofia. Com isto, acrescentou ao patrimônio filosófico que as coisas estão em constante transformação, a lei da contradição veio substituir a lei da identidade (de que um fenômeno só pode ser idêntico a si mesmo).                                            Hegel deu continuidade à dialética de forma majestosa durante o período do idealismo alemão. O cerne da dialética repousa no conceito do movimento, ou como Hegel preferiu abordar, sobre um movimento em espiral que apreenderia tese, antítese e síntese. Sob este ponto de vista, a idéia converte-se em seu contrário.  
 Para Engels e Marx, a dialética segundo Hegel estaria posta para constituir o materialismo histórico-dialético, um dos fundamentos centrais para a teoria marxista, exceto pelo fato de a dialética hegeliana estar de “cabeça pra baixo” segundo Marx, por ser essencialmente idealista. Desta forma, a dialética materialista tornou-se o estofo para fomentar o pensamento de Marx e Engels para a compreensão do desenvolvimento histórico, isto é, das relações sociais e econômicas.                                                                                                      Assim, toda a evolução real ocorre de forma contraditória, pelo conflito de forças opostas que rodeiam e formam parte do todo existente. Nada é inalterável e está acabado em si mesmo. Uma coisa não é somente ela, mas ao mesmo tempo, é o seu oposto. O homem é o eterno vir-a-ser. A contradição, a tensão entre os contrários constituem a fonte fundamental do desenvolvimento da matéria e da consciênciaA cada dia que se vive, é um que se chega mais perto da morte.

"Para converter o socialismo em ciência era necessário, antes de tudo, situá-lo no terreno da realidade”


Em “Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico” Engels, pai do Socialismo Científico, ao lado de Marx, faz referência à importante e pioneira contribuição dos pensadores utópicos do século XVIII, como Owen, Fourier e Saint-Simon. Estes pensadores acreditavam que a sociedade iria criar condições para o alcance do socialismo por meio do cooperativismo, do prazer e da liberdade de escolha. Owen, por exemplo, defendeu a melhoria das condições de moradia e educação, além de diminuir a jornada de trabalho de seus funcionários. Fourier falava a favor do fim da distinção de papéis assumidos por homens e mulheres, enquanto Saint-Simon resguardava a ideia de cumprimento da responsabilidade social, o que equilibraria os interesses sociais.
Apesar de reconhecer a contribuição dos socialistas utópicos, Engels os criticava, alegando que suas ideias idealizavam uma sociedade, definindo a natureza do homem sem considerar suas raízes já formadas no capitalismo. A ideia de Socialismo Científico rompe com os preceitos anteriores justamente aí, no ponto em que se faz uma análise crítica da realidade política e econômica da época, defendendo uma ação mais prática contra o capitalismo ascendente, através da organização da classe proletária