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quinta-feira, 25 de abril de 2013

"Cada um é arrastado por todos"


O francês Émile Durkheim, apesar de ser formado em filosofia é considerado um dos pais da sociologia moderna. Em sua obra “As Regras do Método Sociológico”, Durkheim discorre acerca de sua principal teoria, a do fato social, e o conceito de “consciência coletiva”.
Segundo o pensador, a consciência coletiva surge enquanto o ser humano passa por um precesso de socialização – partindo do princípio que, para Émile Durkheim, o homem é um animal selvagem e só se torna humano quando se torna social. A consciência coletiva surge para orientar o ser humano quanto ao pensamento, comportamento, forma de agir, sentir, se vestir, etc. Ao adquirir essa consciência coletiva, cada indíviduo passa então a agir de forma coercitiva perante a sociedade. Isso é o que Durkheim chama de fato social, ou seja, toda coerção interna que condiciona o comportamento do indivíduo; todo agir é agir social, o agir é um reflexo do padrão social.
Considerando tal teoria do pensador francês, pode-se entender que nada no ser humano é original, toda a sua vivência é regida por regras pré-determinadas socialmente, os comportamentos não surgem por inspiração própria do indivíduo, sempre se baseiam em algum comportamento já existente. Para Durkheim e levando-se em consideração o conceito de fato social, a sociedade é tudo no que diz respeito ao viver; a sociedade sempre prevalesce. Neste ponto é possível notar uma convergência entre Durkheim e Auguste Comte, que é a análise da sociedade. No entanto, o primeiro propõe a coisificação da sociedade e dos fatos sociais, para reconhecê-los e compreendê-los e, nesse ponto, Durkheim é mais maleável que Comte por não pregar a estabilidade social e a fixação de papéis a cada indivíduo. Por isso, podemos considerar o pai da sociologia moderna como sendo iniciador do pós-positivismo.
Pode-se concluir então que as teorias durkheimeanas mostram todo ser humano como fruto da consciência coletiva e da coerção social que ela gera. Como afirma Émile Durkheim, “cada um é arrastado por todos”.

Ana Carolina Nunes Trofino - Primeiro Ano Direito Noturno

Em Busca do Progresso


Em seu “Curso de Filosofia Positiva”, o filósofo e sociólogo francês Auguste Comte elabora a construção do conhecimento passando por três estágios, sendo o primeiro o estágio teológico, o segundo o metafísico e o terceiro o positivo. O último estágio, que é a formação do conhecimento de fato, consiste na negação do absoluto e do entendimento das causas dos fenômenos que, segundo o filósofo, são problemas inalcançáveis, preocupando-se assim apenas com as leis que regem os fenômenos.
O terceiro estágio da fomação do conhecimento elaborado por Comte consiste na sua teoria positivista de fato. Nela, o filósofo defende o conhecimento científico como sendo a única forma verdadeira de conhecimento, negando conhecimentos ligados a crenças, superstições ou qualquer outro que não possa ser provado cientificamente. Este metódo racional de observação, experimentação e comparação, para Auguste Comte revela a maturidade intelectual do ser humano. Dessa forma, o progresso da humanidade está diretamente ligado ao progresso da ciência.
Pensando no progresso da humanidade e influenciado por Descartes e Bacon, Comte rompe com a filosofia tradicional e inaugura a sociologia. De acordo com seu pensamento, a ordem social seria atingida com uma sociedade organizada, com um padrão estático, na qual cada indivíduo teria um papel fixo, inalterável. Com esse pensamento Auguste Comte influenciou ideias como o determinismo e o Darwinismo social.
Por defender a não mobilidade social, a filosofia comtiana é muitas vezes criticada. No entanto, é preciso considerar que ela foi elaborada no conturbado século XIX e o filósofo francês buscava um método de organizar a sociedade pra manter a orgem e buscar o progresso. A filosofia comtiana contribuiu e contribui muito para o estudo real e a paupável da sociedade, para que seja possível progredir, evoluir.

Ana Carolina Nunes Trofino - Primeiro ano Direito Noturno

A Ciência da excelência


     Em sua tentativa de tornar o Positivismo uma ciência que reorganizasse todo o conhecimento da humanidade, Comte optou pela objetivação do conhecimento, valorizando o que poderia ser alcançado de real com cada ciência. Assim, era superestimado o útil perante o incerto, o concreto frente ao abstrato, tal como pode-se exemplificar a utilidade ao ser humano da engenharia quanto ao valor subjetivo da poesia.
                Assim, todo conhecimento obrigatoriamente passaria por etapas, baseadas na origem de como se o obteve. Do mais baixo nível sendo o conhecimento Teológico, fundamentado no sobrenatural e tendo destaque nas sociedades primitivas, ao mais alto que seria o próprio conhecimento Positivo, caracterizado pela máxima exatidão da explicação dos fenômenos. Percebe-se novamente que a Comte não interessava os assuntos advindos da imaginação ou psicológicos, mas sim aqueles que pudessem tomar forma no mundo real.
                Era destinada à Sociologia a reunião de todo conhecimento histórico de modo científico.  Por outro lado, a Física Social, recém criada também, deveria resguardar todo conhecimento restante. Sua principal função seria a de reestruturar a sociedade a fim de garantir o desenvolvimento humano.  Observa-se assim a influência do Positivismo como meio para que a sociedade evoluísse, sem radicalmente mudar o sistema, prezando pela ordem.
Curiosamente, Comte se contradiz ao final de sua tentativa  por transformar o Positivismo numa religião, indo contra todos seus pressupostos. Tendo a Ciência como deus venerado, e ele mesmo como o líder de tal religião. Resta-nos julgar então até que ponto sua contribuição foi útil, evitando os devaneios sem perder o que importa.
                               Renan Souza, Direito diurno                                                                       


Descartando o abstrato


                                                                  
                René Descartes, filósofo francês racionalista, preocupava-se em encontrar um método o qual fosse impassível de erros, utilizando como principais ferramentas a dúvida perante tudo que não é evidente e a razão. Para tanto, criou um sistema com máximas específicas, com o objetivo de tornar tal método o mais eficaz e seguro possível para o conhecimento das verdades. Não é de se estranhar portanto, sua preferência quanto as ciências exatas, que afirmam com objetividade seus enunciamentos, às humanas, por sempre estarem mudando e assim, reafirmando a falibilidade da subjetividade humana.
                Devia então, seu método ser permeado com qualidades inatas ao domínio racional, como foi uma delas considerada em uma de suas máximas, a evasão ao extremos. Pode-se provar que assim como para exercícios lógicos são necessárias virtudes como o temperamento e concentração, os domínios emocionais caracterizam-se pelos excessos e extravagâncias. Ao valorizar o caminho mediano então, evitava-se o risco de sair do campo proposto.  Em paralelo, pode-se traçar outro filósofo racional que valorizou o equilíbrio perante aos extremos: Aristóteles, pressupondo como meio para atingir a felicidade a temperança.
Valorizava-se também a não alienação do pensamento. Pressupondo que Deus quem nos instituiu a faculdade da razão, era nos obrigado saber utilizá-la, tendo todo ser humano perfeitas condições de avaliação sobre os assuntos estudados, sem a necessidade de tutela. Em direção explicitamente contrária, está a alienação à produção do trabalhador originada no século XX pelo modelo criado por Henry Ford, tendo como premissa a mecanização do trabalhador e logo inutilização de sua capacidade intelectual, estudada também a fundo em diversas obras por Karl Marx.
                Por último, Descartes utiliza das evidências para fundar verdades primárias. Como exemplo, a idéia de perfeição presente num ser humano, imperfeito por natureza, implica na tese que alguém teve que implantá-la, provando assim a existência de uma divindade, podendo ser conhecida como Deus. Ou ainda na própria existência atestada apenas pelo fato de se pensar, dando origem assim à seu aforismo amplamente conhecido: “Cogito, ergo sum” ou simplesmente “Penso, logo existo”.

                Renan Souza, Direito diurno