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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Max Weber e o individualismo metodológico

Quando Max Weber iniciou seus estudos sociológicos, uma de suas principais preocupações  era a de que a sociologia se transformasse em uma ideologia. Desse modo, visava torná-la “digna” de credibilidade, ou seja, uma ciência da realidade empírica. Diferentemente da posição positivista, por exemplo, que partia do pressuposto que a realidade em si é pautada por ações imutáveis, tal qual feita no campo das ciências nomológicas, Weber introduz na sociologia uma perspectiva inovadora, segundo a qual seria a sociologia teria de ser pautada por meio de uma interpretação social das ações individuais, e não de estruturas(econômicas, por exemplo) que contêm uma dinâmica fixa, compreendendo para isso que a ação sociais é antes de tudo movida por valores, variáveis de acordo com a situação específica.
 
Max Weber classifica assim, a ação social em quatro tipos: a)ação racional com relação ao objeto; b) ação racional com a relação a um valor; c) ação efetiva;d) ação tradicional.
O que pode-se concluir desta sistematização  é que Weber visa usar delimitar critérios diferentes para definir um dado agir, aproximando-se desta forma o máximo possível da realidade objetiva. Parte dessa concepção explica sua crítica ao dogmatismo do materialismo histórico,que parte apenas da perspectiva econômica para explicar os fenômenos sociais, rebaixando, desse modo, a importância de valores culturais e éticos, por exemplo.
 
Pode-se concluir que, para a sociologia de Weber, os acontecimentos que integram o social têm origem nos indivíduos e cujo objetivo de tal ciência é compreender, buscar os nexos causais que deem o sentido da ação social, evitando-se para isso uma "cair" numa ideologia.
 

 

O perigo do modelo único

A escritora nigeriana Chimamanda Adichie, em sua palestra denominada “O perigo da história única”, expressa o perigo de se  construir um  “padrão”, uma só história,  em nossas pesquisas, simplificando, através dessa unicidade, a complexidade e a  riqueza do mundo pesquisado.  Análoga e metaforicamente, pode-se construir uma semelhança  entre as ideias da escritora e das ideias weberianas.
 Vivemos sob a égide da “rotulação social”, em que se destacam modelos absolutos, dogmáticos e  constantes juízos de valores. Diante da perspectiva de Max Weber, tal padronização não pode ser  único caminho para chegar-se a teorias e à realidade, afinal novas teorias podem surgir, refutando, portando, as antigas.  
Max Weber, considerado um dos fundadores da sociologia moderna, evidenciava que o objetivo da ciência social era compreender o sentido da ação social. Ademais, por ser tal ação uma incógnita, não se deve analisá-la somente a partir de valores de classes, de julgamentos, ou por meio de modelos dogmáticos. Como exemplo disto, podemos destacar algumas características da padronização, feita por muitos, do proletariado: alienado,  obtém estranhamento a seu trabalho, dominado, ator da revolução(...). Tal visão baseada apenas no aspecto classicista e econômico, para Weber, não pode ser entendida como absoluta, deve ser apenas o ponto de partida para a análise, afinal não se pode perder as riquezas dos detalhes, cada indivíduo é movido por diferentes valores e são esses valores que impulsionam o sentido da ação social.

 O sociólogo, portanto, distancia o estabelecimento das ciências nomológicas e da formação de “moldes” para a busca da realidade. Nota-se, portanto, a evidencia do perigo do modelo único  na ideologia sociológica weberiana. 

Daniela Nogueira Corbi - noturno
Para Weber, o primeiro pressuposto para uma investigação científica é o afastamento dos juízos de valor da análise da vida social. Expressa, portanto, uma distinção entre a busca pela objetividade e o sentido da “valoração”. Mas ele ressalta que: “Sem dúvida, é verdade que
exatamente aqueles elementos mais íntimos da ‘personalidade’, ou seja, os últimos e supremos juízos de valor, que determinam a nossa ação e conferem sentido e significado à nossa vida, são percebidos por nós como sendo objetivamente válidos”. Ou seja, nossas ações estão, mesmo que inconscientemente, guiadas por nossos juízos de valor. O saber científico, racional e objetivo, busca ver a realidade como ela realmente é, excluindo os valores do observador. É necessário enxergar o que realmente está a sua frente, ver os fatos incômodos que muitas  vezes são ignorados quando há uma observação carregada de juízos. Isso ocorre, porque o juízo de valor é particular, inerente a cada ser.

Ademais, em sua leitura, fica claro que o autor não quer propor uma “receita” para a vida social, mas sim buscar uma compressão. E essa compressão nunca será completa, já que o conhecimento da vida social é infinito e além disse é impossível impor leis fixas, já que está em constante mudança.
Graziela da Silva Rosa- Direito Noturno

Estudo da sociologia


            Em seu texto, “A ‘objetividade’ do conhecimento na ciência social e na ciência política”, Max Weber explica a forma como deve ser estudada a sociologia, de forma que esta seja a melhor forma de informar a politica sobre as estruturas sociais naquele momento histórico em determinado lugar. Garantindo assim, um governo que possa desenvolver-se atendendo às necessidades da população.
Fugindo da linha pela qual caminhava o desenvolvimento da sociologia, Weber busca ir além da ciência que estuda as regras de funcionamento (contrariando vertentes da sociologia, como por exemplo o positivismo de Augusto Comte, que entende o estudo da sociedade como uma ciência precisa, com leis gerais que regem nossas ações). Este estudo cabe às ciências da natureza e às ciências exatas. A sociologia, no entanto, deve estudar o individuo, tentando entender suas ações, através de suas motivações, suas virtudes, seus sentimentos, sua cultura etc.
Nos dias de hoje, a Antropologia (estuda do homem, analisando, por exemplo, sua cultura) complementa os estudos feitos pela sociologia, que assumem muitas vezes o sentido proposto por Weber (estudar o individuo e suas ações). Recebendo, neste aspecto, cada vez mais destaque devido ao crescente contato e mistura de culturas.

Max Weber e a crítica à generalização

A mim parece que temos uma vocação, quase inata, para generalizar tudo. Frases do tipo “ah, mas tinha que ser de tal classe”,“ sabia que isso aconteceria, afinal filho de peixe peixinho é”, “os políticos todos pertencem ao mesmo balaio”, são extremamente frequentes. Na máxima marxista da divisão da humanidade em classes, acredita-se que todo proletário, por exemplo, apresenta uma “consciência de classe”, ou seja, se reconhece em seus pares e é tido com um revolucionário em potencial, uma visão generalizada. Weber vem desconstruir essa ideia de analisar a sociedade pela classe a qual pertence, evidentemente, ele não nega que essa seja sim uma etapa do processo, entretanto não é o fim. O fim, segundo ele, é a ação social, é o indivíduo em si. Para fundamentar essa visão, Max Weber explica que toda ação social tem um sentido, que é movido por valores, que podem ser variáveis de indivíduo para indivíduo. Assim, ele critica também a ideia de Durkheim dos “fatos sociais”, fatores externos que determinam o comportamento dos homens. Tão diversa pode ser a motivação e os resultados da ação social que ela torna-se uma verdadeira incógnita para o cientista social. Assim, Weber preocupa-se em desvendar a realidade de forma crítica e elástica, sem estabelecer leis fixas (próprias das ciências nomológicas) e tipos ideais imutáveis. Além disso, reconhece que nas ciências sociais e humanas torna-se missão difícil chegar à neutralidade, separar o homem de sua subjetividade, entretanto, merece ao menos um esforço por parte do cientista, que deve colocar-se no lugar do outro.



Webber questionava a construção de valores a partir de dogmas pré-existentes, à sua visão era imprescindível que se obtivesse um conhecimento sociológico de maneira objetiva e válida universalmente.

Segundo Webber, quando se estudasse determinado assunto sociológico, necessitava-se distinguir o juízo de valor e o saber empírico no decorrer do estudo. A “ciência” social representava para ele, pois, uma derivação de um método de estudo racional com vistas a se chegar a um resultado prático e objetivo, enquanto que uma posição política ou dogmática tendia para uma concepção de deveres e ideias pré-determinadas.

Webber enxergava a simplificação e a generalização da realidade como modelo ideal a fim de se construir um pensamento a respeito de um fato real.


João Paulo Gabriel Braga de Oliveira – Direito Noturno

A Inconstância Humana Vista por Weber

        


            Weber trata em um de seus textos - A Objetividade do Conhecimento na Ciência Social e na Ciência Política - da objetividade que se faz necessária nas Ciências Políticas e Sociais. O pensamento do autor se aproxima do de Durkheim ao considerar necessário - para que se possa falar em ciência social - o afastamento entre observador e objeto. No entanto, para Weber, a aplicação dos métodos usados no estuda das ciências da natureza não deve se difundir nas ciências políticas e sociais além desse ponto.

            O autor percebeu que as ciências ligadas ao homem não conseguem sobreviver sobre afirmações dogmáticas. As ações humanas e os fatos que ocorrem social e economicamente não possuem certeza matemática. Nas ciência sociais nem sempre dois mais dois são quatro. Aliás, raramente essa conta terá o mesmo resultado, independente de qual ele for já que um dos fatores a ser considerado é o homem - ser inconstante e passional por definição. 

            Sendo assim, Weber se afasta tanto quanto possível de Comte e sua física social porque se faz crente de que qualquer "lei" retirada da análise do resultado das ações humanas, seria falha.
            Cada época, local e pessoa influencia de maneira única nos resultados das "contas" ligadas à Ciência Social. São infinitas variáveis, principalmente se considerarmos - como Weber o faz - que as decisões tomadas pelos homens são frutos de juízos de valor e não há nada mais intrínseco do que isso.
        Logo, segundo o pensamento weberiano, é impossível retirar a subjetividade da Sociologia, já que aquela é, e deve sempre ser, um dos objetos de estudo desta para que seja possível alcançar, de fato, uma verdadeira compreensão da sociedade. 


Carolina Paulino Fontenla
Direito Diurno

          


A dinâmica de Weber

Afirmando ser uma ciência da realidade, Max Weber, em sua obra, declara que a Sociologia não deve seguir as ciências nomológicas, que buscam leis básicas que regem os fenômenos. Denominando-a de Sociologia compreensiva, ela deve compreender a ação social e criticar o mundo a partir da realidade observada, sendo, assim, inviável a busca de denominadores comuns nessas ações, pois, movidos por valores e sentimentos que variam de acordo com contexto, cultura, consciência de cada indivíduo, as ações se tornam inesperadas. Assim, não é finalidade dessa matéria prescrever uma situação, nem fazer juízo de valor, não devendo estar aprisionada a estruturas sociais.
Weber também realiza uma intensa crítica contra o materialismo histórico dogmático e sua aplicação forçada. Ele acredita que utilizando esse método como instrumento de análise de explicações causais de situações históricas, prejudica a real compreensão dos atos sociais, já que há a interferência de uma ideologia, levando a um contentamento por hipóteses mais frágeis.
No que tange a ciência e política, para o sociólogo, elas devem ser devidamente separadas, para que aquela seja suficientemente rigorosa em sua análise para informar bem esta. Além disso, deve-se levar em conta que as leis que regulamentam o sistema não devem ser levadas em conta como fim de uma análise, apenas como meio, sendo utilizadas como instrumento de interpretação para situações concretas.
Percebe-se então, a contrariedade do pensador em relação a ideias fixas. Para ele, deve haver neutralidade por parte do observador para então haver a compreensão da realidade, sendo ele capaz de reconhecer outras realidades diversas e aceitando ações sociais lá realizadas, já que são movidas por sentimentos e valores formados em contextos diferentes.
            Eu queria falar, não, eu não queria, mas precisava falar...
Minha mão se ergueu num ato que até a mim espanta. Habituado à vergonha que me acompanha desde os mais verdes anos de minha vida, falar naquela sala inundada em letargia e sanha entre dois seres tão esparsos. Sim, eu precisava falar...
            Um proferia que eles, tão distantes na sala, e os distantes somos nós, filhos da classe média alta, o amedrontavam como futuros juristas, pois como os riquinhos do interior ultrapassariam seus berços esplêndidos e enxergariam o brilho dos olhos fundos de quem guarda tanta dor, quiçá a dor de todo esse mundo?
            Já no oposto, o mais devasso filho da família Eulálio Montenegro d'Assumpção tentava, num escárnio, facejar como seu escritório, erguido com o mais nobre suor de seus antepassados, cujo nome conta mais de três séculos, acudiria tudo que é nego torto, errantes, retirantes, lazarentos, os quais ouvia boatos que existiam, mas certeza, nenhuma.
            Eu precisava falar... Eu sabia, sabia sim o que falar. Mas, se errasse, falando às paredes, aos conflitos que não tinham...
            Eu precisava falar.
            E falei... Despejei ali toda minha certeza de quem acredita nessas criaturas como são, e como são edificadas.
            Balbuciei palavras que já não são novas a esse mundo, mas que desmantelou a atroz sentença de meu algoz. Bradei a mais weberiana das escritas por Sartre. Não somos só filhos dessa classe média burguesinha, mas somos nós, e um pouco nós, um pouco eles... Quem sabe, não fazemos o que queremos?

            “Não importa o que fizeram de mim, importa o que eu faço com o que fizeram de mim.” (Jean Paul Sartre)

Marcus Vinícius de Faria, Direito Noturno.




Sociedade definida ou não definida?

    O início do texto "A 'objetividade' do conhecido na ciência social e na ciência", de Max Webber, trabalha com uma certa desconstrução da ciência ao analisar o quanto a fé pessoal e o juízo de valor de cientistas se confundem no entendimento e divulgação de pesquisas empíricas. Partindo desta ideia de Webber, de que a ciência estaria contaminada com certas visões políticas e religiosas que acabam por firmar dogmas e conceitos dentro da sociedade, saltamos para a sociologia e o homem da atualidade. Na atualidade, a necessidade de se prever, definir e conhecer as variáveis de um fato estão encerrando o homem em uma lata com um rótulo. É neste ponto que Webber torna-se assustadoramente atual ao criticar as velhas e pretensas tentativas da ciência, que são frutos do dogmatismo e do materialismo histórico, de tentar definir o ser humano e sua sociedade para dar uma dimensão exata do que se estuda. Tentando finalizar assuntos tão abrangentes, e com um vasto campo, como o próprio homem e sua sociedade, para se produzir uma definição que atenda a um padrão ou a um ideal. Algo que, segundo Webber, não existe.
    A partir desta crítica, e trazendo-a para a realidade, podemos observar que a ânsia para se determinar os rumos do mundo e da sociedade não nos deixam pensar sem um certo envolvimento no objeto no qual se concentra. Exemplos práticos disso são opiniões no âmbito da geopolítica que são expressadas de forma apressada, e no final demonstram ser apenas uma aposta errada. Ou podemos esquecer que o mundo praticamente bateu palmas para a Primavera Árabe, e depois percebeu que o show não era o que muitos venderam no início?
    Tais enganos ocorrem devido ao fato de se fazerem análises nos moldes que Webber contestava. Estes moldes consistem em partir de pre-supostos e dogmas para a análise de objetos. Assim, uma situação qualquer não é vista como algo novo e possível de variáveis desconhecidas, mas sim como uma situação que pode ser encaixada em algum contexto teórico e histórico que não possui outros pontos a serem apresentados. Assim, após "enlatar" e comparar esta situação com outra, tem-se a análise das combinações de fatores com conexões anteriores. Só observando os pontos predeterminados por esta análise excludente. Devido a fatores como estes, Webber chega a conclusão de que a ação de um indivíduo ou evento não tem nada predeterminado. Sendo complicado se encontrar um ator ideal, aquele membro de uma classe ou evento que possua todas as características que confirmem uma tese ou uma previsão.
    Por isso é imprescindível ter em mente que teorias, nas quais certas teses eram pré-moldadas, não podem ser tidas como absolutas em análises da sociedade e de fenômenos pela sociedade. Assim como novos valores e direitos podem nascer e serem defendidos todos os dias, também é possível que novas teorias nasçam e refutem antigas afirmações que eram tidas como dogmas. Situação assim que facilitaria na percepção de novos horizontes no âmbito da sociologia. Com muitas opiniões deixando de ser previsões ou definições enlatadas, para serem apenas opiniões que buscam entender novos pontos e situações de certas situações.

Leonardo de Morais Oliveira Lima - Direito Noturno