Total de visualizações de página (desde out/2009)

sábado, 8 de agosto de 2015

Valores: os meus, os seus e os nossos

 Para sociologia compreensiva de Max Weber, o ponto principal de cada ação humana é o juízo de valor que apresenta. Para o pensador, antes de agir, o individuo pondera e escolhe entre os "possíveis valores" os que estão de acordo com sua consciência. É incrível como numa mesma sociedade, ao mesmo tempo, podem existir valores tão diferentes e tão opostos, e ainda outros que permanecem, independentemente da época. Seja no campo político (esquerda x direita), econômico (miséria x luxúria) ou cultural, sempre existem visões e posturas antagônicas.
 Hoje, com o fortalecimento da liberdade de expressão, a contradição de valores está cada vez mais explícita, chegando até mesmo a se tornar um "hate speech" (discurso de ódio). A expressão designa a oposição a elementos culturais diferentes. Assim, através de violência e discriminação, as minorias étnicas são perseguidas, excluídas, insultadas e até mesmo privadas de seus direitos humanos. Tudo isso por elas apresentarem valores diferentes de religião, orientação sexual, condição física ou biológicas, como raça e gênero.
 Mesmo com tantas diferenças ainda temos valores que nos regem desde a formação de sociedades primitivas. Amor, bondade, felicidade, respeito, liberdade, sucesso, prazer, integridade, entre outros, são valores presentes em praticamente todas as culturas que determinam e impulsionam o juízo de valor individual, e como ele vai se expressar em cada um com o fortalecimento das ideias de família, trabalho, amizade, ou religião.
 Ainda temos as relações sociais que, condicionadas por grupos de indivíduos com valores em comum, são capazes de influenciar outros já formados. É inacreditável o o quanto somos moldados pelo nosso circulo social. Quando avaliado sozinho, o individuo age de forma bem distinta da se estivesse com sua "tribo". Vale ressaltar, que também depende do grupo em questão. Dependendo se estiver com amigos, colegas, desconhecidos ou família, nossos comportamentos podem completamente diferentes. Isso por quê nossos valores estão em constante transformação? Acho que na verdade, o termo mais apropriado seria adaptação. O homem apresenta diversos valores que vão condicionar suas ações durante a vida, mas eles sempre vão mudar conforme o tempo e a ocasião. É muito comum a construção e desconstrução de ideias e posturas com o passar do tempo ou contato com outros grupos e ideias.
 Sendo assim, o ser humano seria um conjunto valores pré-existentes, valores próprios e valores adquiridos. A necessidade de participar de um grupo social ainda fortalece a influencia da relações pessoais nessa formação de juízos individuais, sendo muito mais coercivas do que aparentam ser. Isso porque a maioria das pessoas apenas seguem sua tribo. Mesmo que internamente mantenham algumas ideias diferente das do grupo, frequentemente aceitam opiniões diferentes como suas, por elas parecerem ser sólidas e corretas, ou por simplesmente idolatrar o autor delas. 

                                            

Os valores Manchados

Pretende-se com este texto analisar, sob a ótica do sociólogo Max Weber, o sequestro do Ônibus 174, para assim ser possível compreender como Weber vê a construção da ação por parte do sujeito. E, por fim, classificar essa ação social segundo a perspectiva do estudioso alemão.
Antes de mais nada, cabe aqui um breve relato biográfico, para que seja possível situar o pensamento produzido pelo alemão historicamente. Weber é considerado um dos pais da sociologia moderna, juntamente com: Comte, Durkheim e Marx. Nascido na Alemanha em 1864, presenciou as grandes mudanças ocorridas entre os séculos XIX e XX, que influenciaram explicitamente não só o pensamento de Max, como também dos demais estudiosos contemporâneos à ele.
Posto isso, como objetiva-se através deste texto analisar um fato pontual, o sequestro do ônibus 174, faz-se necessário, destarte, uma  explanação sobre o evento ocorrido em 12 de junho de 2000 e, além, um esboço sobre a vida do personagem-chave desse crime, Sandro Barbosa do Nascimento.
No dia 12 de junho de 2000, por volta das 14 horas, um sujeito chamado Sandro adentra em um ônibus no Rio de Janeiro, mais especificamente na linha 174, como intuito de assaltar os passageiros. Não obstante, a tentativa de assalto foi frustrada e formou-se ao redor do ônibus fechado cerco policial. Dessa forma, o infrutífero assalto transfigurou-se numa situação com reféns, sitiado dentro do veículo com dez reféns, Sandro permaneceu por algumas horas, nas quais todo o país acompanhou o cenário angustiante até sua trágica conclusão.
Como foi dito, o objetivo primeiro deste texto é relacionar o ideal de ação, mais especificamente, os elementos levados em consideração na tomada de decisão para ação, segundo Weber com o episódio do crime. Para tanto, deve-se conhecer o passado de Sandro, conhecer, com isso, como o garoto Sandro desenvolveu-se. 
Sandro Barbosa do Nascimento nasceu no Rio de Janeiro. Antes de seu nascimento foi abandonado pelo pai. Assim, a violência, a miséria e a marginalização, sempre presentes no seu cotidiano, passam a imperar em sua vida quando Sandro é testemunha do violento homicídio de sua mãe. Após a morte de sua mãe, o garoto passou a morar nas ruas da cidade, onde ganhou o apelido de "Mancha". Vale ressaltar que Sandro presenciou o conhecido "Massacre da Candelária", outro espetáculo sangrento na vida do garoto Mancha.
Depois das apresentações necessárias para o início da análise, chega, por fim, o momento de relacionar a perspectiva weberiana sobre ação e o caso de Sandro. 
Para Max Weber o início de qualquer ação, por óbvio, é a sua decisão. No entanto, para que isso ocorra o sujeito se depara com uma sorte de valores, que serão avaliados pelo próprio indivíduo e , por fim, julgará válida ou não tal ação. E mais, Weber demonstra que o juízo de valor de cada ação é fundamentado  por valores presentes na "consciência" na "cosmovisão" do homem. Contudo, pode-se dizer que os valores sugeridos por Weber são universais e absolutos?
Tal indagação é pertinente e suscita discussões. Considerando o caso menino Mancha, percebe-se que o nicho social no qual ele se desenvolveu, promoveu no mais das vezes a banalização da violência e a marginalização imposta ao garoto ,desde o alvorecer de sua infância, permitiram ao Sandro contatos com valores torpes. Assim não se trata apenas de um processo de juízo de valores, mas de um processo de formação de valores e, principalmente, conceituação de valores.
Por fim, fica claro que o sequestro do ônibus 174, além de ser situação trágica, mostra a claramente a dialética social: a violência com produto da própria violência. E mais, a sorte de valores e, fundamentalmente, a relevância dada a cada valor é construída a partir da vivência do indivíduo e , com efeito, da conjuntura social na qual o sujeito foi inserido. Portanto, acreditar que um garoto que viva a realidade de Sandro, possua, de forma geral, os mesmos valores e metas de outro indivíduo incluído no meio social é convicção pueril e tola.

Lucas Rezende de Melo - 1º ano Noturno

Sobre Badiou, Subjetividade e Weber



“Não há sempre sujeito, ou sujeitos. Digamos que o sujeito é tão raro quanto as verdades”. Conforme discutido pelo filosofo A. Badiou, o homem contemporâneo tornou-se objeto, objeto de uma sociedade coercitiva. Porém, é incapaz de perceber que não está mais a frente de suas decisões. O resultado disso, é um sujeito esvaziado de sentido pessoal, que flutua ao sabor das notícias, programas, opiniões e teorias do momento.

Conforme, ainda, discutido pelo sociólogo Max Weber, mesmo quando analisa-se entes coletivos como o Estado, deve-se considerar a ação dos indivíduos, que é transformada de acordo com a sociedade em que vivem. Vale ainda ressaltar, a opinião do psicólogo social Kenneth Gergen, que se refere a esse processo através do termo “multifrenia”, que é caracterizada por ser uma síndrome normal da pós-modernidade caracterizada pela dissociação do indivíduo numa multiplicidade de investimentos. Dessa forma, a identidade já não é vivenciada como una e estável, mas sim sujeita a uma multiplicidade de manifestações, por vezes díspares e inusitadas aos olhos de um observador externo.

Enfim, já não existe mais uma essência individual à qual a pessoa permanece fiel ou comprometida. A identidade é continuamente emergente, reformada e redirecionada na medida em que a sociedade deseja.


Contudo, a fim de solucionar o problema da débil e frágil subjetividade do homem do século XXI, são necessárias reformas na educação  à época da formação da personalidade de jovens e crianças. Além disso, é preciso “nadar contra a maré” da sociedade, mesmo que seja árduo e desafiador. Assim, sujeitos não serão mais tão raros, como afirma Badiou, ou arrastados pela sociedade, como discute Weber, mas sim, a maior parcela populacional da sociedade contemporânea.


Heloísa C. Leonel
1º ano Direito Diurno  

Entre a Sociologia Weberiana e o Funcionalismo

          As correntes sociológicas desenvolvidas por Émile Durkheim e Max Weber são essencialmente divergentes, da metodologia empregada até a própria ideologia que embasa a teoria. Se para Weber a sociologia deve desvendar o sentido (nexo causal) da ação social, para Durkheim ela deve explicar a própria sociedade a fim de trazer-lhe respostas. Dessa forma, o foco para o primeiro pensador está na ação social; para o segundo, está no fato social.
          A ação social é toda aquela tomada por um indivíduo num processo comunicativo com outrem; uma conduta humana que possui um sentido e um objetivo pré-definidos. A sociologia, weberiana, pela primeira vez coloca o indivíduo como foco da análise sociológica - em contraposição a ideia funcionalista, retratada no próprio fato social: é todo aquele que independe do indivíduo e advém de alguma forma de coerção social. Se para Weber o indivíduo deve ser analisado em sua individualidade, mesmo estando envolto do meio social, para Durkheim há pouquíssimo espaço para a ação individual, que é inevitável e irreparavelmente motivada pelo fato social.
          Cria-se, portanto, na sociologia funcionalista a noção de uma "consciência coletiva" que não é a soma das consciências individuais, mas anterior aos próprios indivíduos. Já para Weber, cada caso deve ser analisado em suas particularidades. Ele concorda com Dukheim e Marx que o meio exerce influência sobre o indivíduo, mas postula que não se pode ignorar a formação individual, própria de cada indivíduo, não deixando que se reduza a realidade social a relações econômicas. Não se trata propriamente de uma refutação, mas de um complemento das correntes funcionalista e marxista.
        Seguindo essa linha, as relações sociais para Weber advém do sentido das ações sociais entre grupos e indivíduos, que encontram-se coordenados na vida em sociedade. Por essa razão,  Por outro lado, Durkheim as considera meras consequências do tipo de solidariedade de determinado grupo (podendo ela ser mecânica ou orgânica).
          Outro ponto de disparidade metodológica diz respeito a postura do próprio sociólogo. Como Durkheim visava a introdução da sociologia no meio acadêmico, enquanto disciplina, a noção de neutralidade científica lhe era bastante cara; daí também decorre a importância de ver o fato social como coisa e o afastamento do observador. Weber, por sua vez, inaugura uma linha sociológica que admite a impossibilidade da neutralidade, mas, a fim de perpetuar a sociologia enquanto ciência, defende a objetividade de seu estudo.
            Portanto, a diferença central entre Weber e Durkheim é a relação entre o indivíduo e a sociedade: o primeiro leva em consideração a individualidade, seu desenvolvimento psíquico-social, além das condições externas, diminuindo o elemento determinista que marcou a sociologia até o século XIX; o segundo não trata o indivíduo, mas dele imerso em um inescapável meio social, tratado como um organismo que passa por seu próprio processo evolutivo.


Heloisa de Maia Areias
1º ano de Direito diurno