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domingo, 20 de agosto de 2017

A Dissociação do "eu"?

Émile Durkheim foi um grande pensador francês que trabalhou com as relações dos indivíduos e da sociedade, incitando toda uma influência da sociedade nos indivíduos.  Neste cômpito, um prisma interessante de se abordar é a possível dissociação do “eu” de seus papéis e status sociais e históricos, trazendo a tona questões modernas de dívidas e perdões históricos e individualismo moral.
As últimas décadas trouxeram uma grande quantidade de questões polêmicas sobre desculpas públicas por injustiças históricas. Recentemente, países como a Alemanha, Japão, Estados Unidos realizaram declarações nas quais faziam pedidos oficiais de perdão aos indivíduos ou grupos sociais que foram vítimas de alguma forma de atrocidades passadas. Diante disso surge a pergunta: nós devemos pagar pelos pecados de nossos antecessores?
Sob a perspectiva do individualismo moral, não se presume que o indivíduo seja egoísta. Na verdade a ótica é a de ser livre, submetendo-se apenas às obrigações escolhidas voluntariamente.  Immanuel Kant e John Rawls foram dois grandes pensadores que dissertaram sobre tal ponto, através, respectivamente de suas ideias sobre lei moral e princípios de justiça. Nesse diapasão, é passível de se argumentar que o alemão de hoje não tem relação com os que no passado participaram do holocausto, e, destarte, um pedido de desculpas seria desnecessário e ineficaz.
Por outro lado, os críticos dessa doutrina argumentam que não é possível raciocinar sobre questões atreladas a uma justiça desconectando-se do que estamos inseridos, a que estamos ligados. Alasdair MacIntyre, em sua obra Depois da Virtude, menciona que primeiramente deve se fazer a pergunta: “De que histórias eu faço parte?”.  Ela presume que o “eu” não possa ser desvinculado de todo seu contorno social e histórico. Responde que o argumento do jovem alemão não tem a devida densidade moral.

A importância das bases científicas fundadas por Émile Durkheim mostra-se por, justamente, apontar o quanto o contexto social nos responsabiliza e nos conforma: com poucas lacunas para uma possível liberdade individual. Por conseguinte, observar-se-ia a necessidade de se conhecer mais a fundo toda uma gama de determinantes sociais. Para Durkheim, se pedir desculpas é um “dever cívico” o indivíduo será instado a concordar, coercitivamente. Qual será, então, a dinâmica de forças sociais?

Douglas Toci Dias - 1º Ano Matutino

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