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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Coercitividade da mente

“Quando nasci, um anjo torto/ Desses que vivem na sombra/ Disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida”. Essas são as palavras de  Carlos Drummond de Andrade em seu Poema de Sete Faces. O célebre poeta revela, nesses versos iniciais, sua crença em ser diferente, não se encaixava na sociedade, assim, expressava sua individualidade. Por conseguinte, fazendo um paralelo com o sentimento de Drummond, na sociedade do século XX, visando afirmar o valor do “ser” como único, tornou-se recorrente um estilo de vida que valoriza a ruptura com o tradicional.
Desse modo, ocorre a intensificação da quebra de valores e padrões, sendo valorizado o agir, o vestir e o sentir diferente de tudo aquilo que se conhece. Como a customização de peças de roupas, o fortalecimento do pensamento de esquerda, até então, caçado como bruxa, e o uso de entorpecentes. Entretanto, com base em Epígrafes de Émile Durkheim é possível desconstruir toda essa ideia de que o indivíduo é original. Segundo ele, todos nascemos imersos em uma sociedade determinada por condições coletivas em todos os atos, influências denominadas fatos sociais.  Assim, inconscientemente, a expressão do individual se tornaria remota.
Ademais, o homem buscando figurar um ser único, encontra outros com o mesmo propósito. Externo das consciências individuais estão determinados padrões de comportamento, pensamento e sentimento que sempre prevalecerão. Assim, todos passam a customizar, criam-se grupos, cada vez maiores, que seguem a corrente ideológica de esquerda e o uso de alucinógenos torna-se corriqueiro. Portanto, a tentativa de inovar volta a seguir o padrão e no interno da consciência individual volta a imperar uma força coercitiva que obriga uma determinada postura para que indivíduo mantenha-se no grupo que o representa.

Além disso, partindo da visão de Durkheim, nada tem a vontade do indivíduo como causa primeira, há, inclusive, momentos nos quais é necessário buscar o motivo pelo qual agimos de determinada maneira. Por fim, vale refletir, se não houvesse fatos sociais que guiassem os princípios e valores da sociedade, será que todos os indivíduos estariam onde estão agora? Será que continuariamos estudando, investindo ou trabalhando nas mesmas coisas? O que fazemos é mesmo o que desejamos estar fazendo?
Betina Rodrigues Yagi - 1º ano diurno

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