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sábado, 12 de agosto de 2017

Questionamentos

Ao serem estudadas, as propostas do Positivismo, de Comte, podem dizer muito a respeito da nossa sociedade. Posto que é defendido o desenvolvimento da mesma por meio da ordem, nos cabe questionar se hoje é possível dizer que essa dinâmica vem do estático, do organizado. Mas, pelo visto, não.
O que seria o empoderamento das mulheres sem a queima do primeiro sutiã? O que seria a institucionalização do casamento homoafetivo sem o primeiro? O que seria o progresso sem a ruptura?
O que temos aqui são desconstruções que alimentaram e alimentam a liberdade individual, o respeito mútuo e, por consequência, o desenvolvimento das nações, pois o padrão esvaiu-se a ponto de permitir essas mudanças - ou seja, o dinâmico.
Claramente, esse padrão é institucionalizado pela ordem e pela necessidade de manter o estático, sendo essa última geradora de muitos questionamentos.
Mas, que ordem é essa? De onde veio? Em que ela se inspirou? No mínimo, podemos dizer que a ordem veio para limitar e padronizar o comportamento humano, a fim de estabelecer o normal, o esperado e o moralmente colocado e, assim, evitar as possíveis anomalias - se esquecendo, então, da essência de cada indivíduo e de sua particularidade.
Por isso, no que se diz respeito ao analisado por Comte, não há como defender que o comportamento do indivíduo seja guiado por leis invariáveis e, por assim ser, seguir a ordem pré-estabelecida pela própria sociedade. Nós não somos padrão e não devemos segui-lo, pois somos individuais.
Felizmente, essas atitudes estáticas vêm se dinamizando e, como muito defendido, proporcionando o desenvolvimento da humanidade, quanto estrutura complexa e repleta de particularidades de seus componentes.

Mas, aliás, o que é desenvolver-se?


Vivian Facioli H. Mello - 1ª ano noturno

O Existir e o Progresso

Nós vemos, através de lentes da ciência, uma enorme evolução da vida.
Melhorias que pensávamos ser inalcançáveis.
Temos uma esperança coletiva: a Terra.
Entretanto, incontáveis ​​pessoas permanecem sem esperança, famintas e cercadas de calamidades.
Sofredores enrolados em meio à tanta instabilidade.
Pessoas matam e são mortas em nome de um conceito alheio sobre Deus.
Nós admitimos que os nossos preceitos, pensamentos e comportamentos são formados mediante uma visão de que o mundo gira em torno de nós? Uma crença na qual estamos sempre no centro?
Cada conflito fabricado, guerra, bombardeio, atentado terrorista, ditador ficcional, tendência ou partido fazem parte das cortinas de conflitos raciais, étnicos, religiosos, nacionais e culturais da sociedade.
O universo está em constante expansão.
É possível que nunca pare.
Não importa a grandeza de nosso mundo e suas riquezas, nossos corações, nossas mentes e pensamentos.
O universo é maior.
De uma forma que é indispensável a constante busca de progresso.
Há mais estrelas no universo do que grãos de areia nas praias do mundo.
Há mais estrelas no universo do que segundos de tempo que passaram desde que a Terra se formou.
Há mais estrelas do que palavras e sons que já foram pronunciados e escritos por toda espécie humana.
Imagine a pluralidade de planetas e suas formas de vida.
O dia em que encerrarmos a exploração, seja de nossa própria Terra ou do espaço ao redor e além dos nossos sonhos, será o dia em que estaremos pondo em xeque a continuação do viver de nossa espécie.
Estaríamos propensos a agir sobre os nossos preconceitos?
Grandes chances.
Observar-se-ia o último suspiro da engenhosa iluminação humana.
Isso até o surgimento de uma nova cultura.
Que retomaria tal a perspectiva cósmica.
Perspectiva na qual somos um só.
Não estando nem acima nem abaixo, mas sim juntos.

Progredindo e existindo.
Devaneios de um patriota: como organizar a nação brasileira?

     Auguste Comte, nasceu na França em 1798, logo após a ocorrência da Revolução Francesa. Essa revolução promoveu a dissolução do antigo regime, marcado pelo despotismo dos monarcas, culminando em uma crise de valores que somente fora restabelecida com a ruptura. Portanto, Ele desenvolve sua teoria em meio a um ambiente de euforia e esperança, tendo como principal objetivo reorganizar a sociedade e melhorar as condições de vida dos cidadãos.
     Após essa breve introdução histórica abordarei, sob perspectiva comtiana com algumas alterações, como podemos organizar a nação brasileira em três etapas: Amor, Ordem e Progresso. Perceba caro leitor que meu esquema seguirá o seguinte lema positivista: "O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim" – no entanto, não sou adepto dessa ideologia e de nenhuma outra, apenas estou demonstrando algo que acredito que daria resultado. O objetivo seria evitar as pragas sociais enraizadas por conta do descaso dos representantes e dos representados, além da restauração de valores como honra, justiça e, principalmente, respeito.
     De início: “O Amor por princípio”. Para se organizar um país como o Brasil, devemos investir a maior porcentagem dos recursos na educação de base e, infelizmente, esquecer aqueles que já estão mais avançados, promovendo uma completa reforma intelectual e cultural. Assim, com o passar do tempo, poderíamos focar os investimentos em níveis mais elevados da educação e mantendo os anteriores. O fator cultural é o mais importante pois ele provém dos costumes, sendo muito difícil modifica-lo em curto prazo. Com escola pública de qualidade, não haveria diferenças discrepantes entre as particulares, além de aquele cidadão possuir maior instrução, acarretando em melhora de sua condição social, bem como de escolha de melhores representantes para governar o país. Assim que a estrutura educacional estiver bem desenvolvida e sólida, o que pode demorar alguns anos, talvez décadas, deve-se prosseguir para a etapa seguinte.
     Prosseguindo: “a Ordem por base”­­­­­. Nessa etapa o mais importante a ser feito seria o corte de gastos públicos com demasiados programas sociais e assim, o reinvestimento no combate à atos ilegais, melhorando o efetivo militar, salários, combate ao tráfico e suas vertentes, entre outros. Note que não estou dizendo que programas sociais não são importantes para a nação, muito menos querendo impor uma ditadura - apesar de concordar que a mudança social de curto prazo se faz por meio de rupturas que tenham como espelho a democracia - mas sim mencionando que os programas sociais não seriam de grande relevância nessa fase, visto que a primeira se concretizou. Porém, confesso que futuramente alguns programas essenciais deverão ser reintegrados nos investimentos governamentais.
     “o Progresso por fim”. Com uma sociedade mais instruída, com amplo combate à pobreza e criminalidade, os cidadãos poderiam agregar no desenvolvimento da nação como um todo. O governo somente teria o papel de manter a qualidade dos serviços públicos, que, em alguns casos, para melhor gestão devem ser parcerias público-privadas.

Gabriel Marcolongo Paulino – 1°Ano Direito/Noturno

Positivadamente Entorpecido

    Tive um sonho estranho. Um emaranhado de imagens distorcidas manifestava-se perante meus olhos fechados. Não sabia o que sonhava, não tinha ideia do que via, mas sentia medo por sentir que caia em meio a ideias que não eram minhas. Acordei assustado, embriagado por um entorpecente que não tinha usado.
    O sofá machucava minhas costas e a televisão ligada emitia um barulho ensurdecedor. Engraçado como mesmo depois de desligada, continuava a incomodar. Me senti estranho, como se algo estivesse fora do lugar. Meus olhos percorriam a sala em busca do objeto “disfuncionalizado” sem sucesso, até que percebi o erro. Não enxergava.
    Via, no entanto. Era capaz de ver os objetos dispostos na sala, a mobília simetricamente organizada, a garrafa de cerveja vazia ao lado dos restos do aperitivo que eu ingeria anteriormente assistindo ao jogo. Via os livros na estante, organizados em ordem alfabética e meu gato adormecido, suspirando regularmente enquanto abraçava o pé gelado da mesa de centro. Via tudo, mas não enxergava nada. Era como se eu pudesse ver apenas aquilo que estava ali, visível, concreto e real. Como se tudo fizesse parte de uma realidade superficial da qual eu não era capaz de extrair uma única verdade profunda, onde nada tinha um significado e tudo era regido por leis imutáveis.
    Sempre soube da existência de leis positivadas regendo a ordem universal, mas me considerava um anormal. Julgava ser diferente e alheio àquele sistema. Me negava a ser uma mera marionete moldada e funcionalizada por um desconhecido. Mas agora não conseguia mais enxergar aquele mundo transcendental que tanto amava, e tudo era demasiadamente normal.
    Me levantei com dificuldade, jurei a mim mesmo e às minhas costas que não mais dormiria naquele maldito sofá. Comecei a andar pelos cômodos e a correr pelos corredores. Era estranho. Quanto mais rápido eu me movia mais estático o mundo estava. Como se não importasse o que eu fizesse, nada jamais fosse mudar. Estava tudo muito parado, como se a Terra não girasse e o ponteiro do relógio estivesse sempre travado no mesmo lugar. O mundo estava estático e imutável, e eu estava cego.
    Olhei para meus livros e fui em direção a eles. Uma dor indescritível me abraçou quando percebi que só conseguia ver suas capas. Um livro fora do lugar me chamou a atenção. Era mais normal do que os outros, continha um nome esquisito e versava alguma baboseira sobre uma filosofia positiva. Abri-o e me surpreendi ao perceber que não era capaz de ler. Via as letras formando palavras e as palavras formando frases, mas era incapaz de extrair qualquer significado. O mundo era ordenadamente perfeito e nada mais tinha a se aprender, a vida era demasiadamente simples e qualquer um poderia entender. Nada transcendia a realidade e tudo não passava de mera normalidade.
    Decidi que precisava culpar alguém. Algo não estava certo, eu estava quebrado, estragado... e tinham feito isso comigo. Decidi culpar o livro. Aquele livro ordinariamente normal limitara minha visão e simplificara tudo. De alguma forma, não era como se eu tivesse apenas o lido na semana anterior e debatido minhas concepções com as do autor, mas como se eu tivesse incorporado um posicionamento que não era meu.
    Não sabia o que fazer e cheguei à que me pareceu a única solução possível. Ateei fogo naquele ordinário. As labaredas dançavam, cada vez mais belas e maiores. O estalar do fogo reproduzia a mais bela sinfonia. Absorto pelas chamas, eu estava imóvel. Hipnotizado pela única coisa naquela realidade que parecia se mover com sentido, que parecia ter vida.
    Um gato miou estridentemente e uma garrafa se estilhaçou após uma pancada surda. A televisão parara de fazer barulho e apenas refletia as graciosas chamas. O maldito sofá já não mais machucaria costa alguma. O teto desabava e alguém lá fora gritava por ajuda. Mas nada importava. As chamas estavam vivas, não estavam estáticas e definitivamente não eram ordinariamente normais. Entorpecido por elas, cometi mais um único erro proveniente da visão superficial da realidade. Me esqueci de deixar a casa.

    E por fim, aquele mundo tal qual eu conhecera de fato acabara...

Abner Santana de Oliveira- 1º Ano. Direito. Noturno.

POSITIVISMO SOCIAL


2014. Rio de Janeiro. Zona Norte. Morro da Congonha.
"Domingo de manhã, saí cedo para comprar pão para minha família. Era um final de semana como outro qualquer. Comumente, a PMRJ já estava subindo o morro, para mais uma operação.
Pedi 10 pãezinhos para o Seu Zé, que separou prontamente, perguntou-me:
- Cacau, como estão as crianças, os sobrinhos e o Alexandre?
- Estão todos bem – respondi com simpatia.
Saí prontamente para casa. No caminho ouvi um estrondo, e senti uma leve falta de ar. Olhei no meu peito e vi sangue. Naquele momento senti um misto de terror, agonia e preocupação. Pensei, o que aconteceria comigo e com a minha família? Seria mais um número nas estatísticas das vítimas de bala perdida no confronto de policiais com traficantes? Caí ali mesmo, ao lado de um matagal. Desfaleci. Escutei vozes, me esforcei para enxergar com a visão turva  três policiais vindo em minha direção. Senti um alívio, pois eles iriam me proteger e zelar pela minha vida.
Carregaram-me até a viatura e por um momento indaguei o motivo de estar no camburão. Saíram em disparada, em altíssima velocidade, passavam em lombadas e buracos como se não estivessem ali. Contorcia-me de dor. De repente a porta do porta-malas abriu e fiquei estirada na via sendo arrastada pela viatura. Essa tortura durou cerca de 300 metros, quando os policiais perceberam, me colocaram de volta no porta-malas. Cheguei ao hospital sem vida. Meu nome: Cláudia Silva Ferreira.
         Agora, olho e reflito o que aconteceu comigo. Percebi que a minha vida não tinha valor, era mais uma mulher negra, trabalhadora, mãe, esposa e moradora de comunidade, vítima do preconceito e da violência no país. Os princípios reguladores da sociedade são repugnantes. Lembro-me do Negro Drama: cabelo crespo, pele escura, ferida, a chaga, à procura da cura. Senti o drama."

Os pilares da racionalidade na sociedade me ajuda a entender esses aspectos preconceituosos. Não importam as causas, mas sim aquilo que é observável, através de relações e generalizações rasas, de estatísticas e correlações. Não se questionam esses resultados, o porquê esses atores sociais são formados, as consequências da desigualdade social. A lei estática na perspectiva Comtiana, traz um alicerce baseado na religião, família, hierarquia, Estado, leis e moral para dogmas enraizados recorrentes em qualquer corpo social. A força vital desse corpo é a meritocracia sendo difundida de acordo com seu agir social, dependente da sua realidade. O Estado dá uma educação tecnicista para os jovens egressos do Ensino Médio já começarem a trabalhar, entretanto as escolas particulares divulgam que as melhores cabeças vão para as melhores universidades. Esses são os elementos que me indago com perplexidade sobre as propriedades fundamentais da proposta positivista fundada século XIX ainda seja utilizada em pleno século XXI.
Sendo assim as mazelas sociais são vistas com espanto, porém são toleradas em todas as esferas. A história da Cláudia foi um exemplo dentre muitos outros. Tudo que não se encaixa para a normalidade, o equilíbrio e coesão do sistema são anormalidades que devem ser exterminadas. Desse modo, ver o pobre preso ou morto já é cultural.


Brunna Aguiar da Silva    1º ano Direito diurno




O Limite do Positivismo

 Augusto Comte foi o fundador de uma das correntes mais importantes e influentes da história da humanidade, o positivismo. Seguindo a ideia de rigor metodológico e a visão de tratamento que a ciência merecia de acordo com Bacon e Descartes, Comte estabelece o estado positivista como o alcance máximo do conhecimento humano, onde estabelecer relações e compreender como tal fato científico se dá, por meio de experimentação basta para garantir o progresso da sociedade.
 A ampliação do pensamento positivista por outras áreas da ciência como as humanas e sociais, conferiu formas de interpretações diversas e o estabelecimento da ideia de que a relação da sociedade pode ser delimitada por máximas cientificas, sendo completamente previsíveis ao olhar positivista, não admitindo outra forma de interpretação em prol da estabilidade. Sendo inclusive fator de importância na proclamação de nossa primeira república aqui no Brasil, o positivismo simbolizou de fato algo com a pretensão de mudar o mundo e colocar o ser humano no centro de sua existência e funcionalidade de uma vez por todas, não perdendo tempo com abstrações metafísicas ou teológicas que imperaram no passado e hoje, nada mais são do que degraus que o homem sobe em busca da estabilidade concreta de instituições baseadas na corrente positiva.
 Observando atualmente, o positivismo nos legou diversas práticas e visões que se integraram culturalmente a forma ocidental de se pensar. Certas práticas outrora desenvolvidas e aceitas no passado, hoje tem seu valor como degrau para a evolução do pensamento mas são repudiadas, principalmente com a volta de pensamentos abstratos como fatores fundantes de movimentos. Sendo assim a criminologia por aspecto positivista por exemplo, que tentara criar uma ficha com as características físicas que o elemento criminoso nato deveria possuir, algo hoje ultrajante, visto que só serve para reforçar esteriótipos que se confirmam por pressão da própria sociedade. Depois de séculos Comte é visto como louco por alguns e exagerado por muitos, movimentos pró diversidade provam o enfraquecimento positivista mas a manutenção de esteriótipos históricos ou o contra-ataque conservador a esses movimentos comprovam o quão enraizada a prática se encontra em nós.
 Na questão social, quando se estuda certa ocorrência e quando essa possui padrões, como o tipo físico, a cor e vestimentas da maioria dos ladrões, não seria comum a preocupação com as causas que levaram a essa ocorrência, no caso, a herança histórica de contante marginalização de pessoas por conta de cor, origem, posição social e aparência, fatos causais que sustentam a reincidência do processo transformando em uma máxima infalível que condena o destino de qualquer um que se encaixe nesses "padrões".
 Por mais que tenha retornado e tentado se manter o pensamento reconhecido por Comte como metafísico, aquele que se baseia e se move pelas abstrações, que já fora e tenta voltar a ser um dos pilares da filosofia atual. Não recebendo o valor que o passado lhe reservou, a sociedade investe naquilo que convencionou para seu progresso linear, a tecnologia e o consumo que por si só não causam a injustiça do mundo, mas quando se tornam pilares do caminhar humano tendem a excluir aquilo que não se aplica de forma direta e rápida, que não visa o dinheiro ou a produção, que não revolucione a economia . Esse amigos é o limite do positivismo, onde seus princípios e práticas aplicados a certos contextos não parecem tão justos ou distantes de dogmas religiosos, como tudo possui seu lado positivo e negativo, quer progresso dentro da ordem, o que não se encaixa nisso é anomalia, aberração, deve ser abafado, e as vezes quando não causado pela própria sociedade, não necessariamente significa perigo a ordem, representação do caos, só demonstra que nós humanos não somos completamente previsíveis, não podemos manipular todos os nossos pensamentos, não estamos presos a máximas sejam cientificas ou religiosas, cada um de nós é um indivíduo e contém a infinidade dentro de si, certas coisas nem a sociedade consegue moldar.

 Direito Noturno - 1º Ano

Lei e ordem

          Lei e ordem, palavras que exprimem os princípios básicos defendidos por aqueles que buscam a estabilidade e o progresso das sociedades humanas. É inegável os avanços tecnológicos e científicos que a sociedade adquiriu com essas palavras, porém, as sociedades humanas, como um todo, acabaram por ficarem estratificadas, onde seria possível, principalmente pela visão positivista, promover e continuar esses avanços.
     Porém, por mais que essa estratificação produza diversos avanços científicos rápidos e contínuos, ela também produz uma rigidez social e a predominância de visões dogmáticas dentro da sociedade, o que resulta nos poucos e pequenos avanços nas liberdades sociais, em que, por mais que a ciência tenha capacidade de proporcionar alimentos a todos, ainda encontramos inúmeros casos alarmantes de populações desta mesma sociedade sofrendo com a fome e a miséria.
      Além disso, certos indivíduos que possuem uma gama de talentos e habilidades que possam contribuir ainda mais para o avanço da sociedade, em geral, não conseguem almejar posições e cargos que permitam essa contribuição, pois, muitas vezes, esses indivíduos encontram-se em camadas sociais postuladas e consideradas como mais baixas ou até mesmo insignificantes, não sendo o papel social deste individuo assumir as posições sociais consideradas mais altas.
      Lei e ordem são necessárias para uma boa convivência entre os seres humanos, porém, essa lei e essa ordem não devem se tornarem dogmáticas e rígidas, para que, assim como a ciência, o social também sofra modificações, afim de que esses avanços sejam distribuídos e aproveitados por todos os membros da sociedade. 
     Assim, com uma sociedade que permita que as suas populações sejam cada vez mais livres e tratadas de forma justa, os avanços científicos e tecnológicos se tornarão cada vez mais frequentes e eficientes, o que resulta no bem estar cientifico e social de todos na sociedade.
       
                                                                     Augusto Fávero Merloti - Direito 1 Ano - Noturno

Martírio Tardio


Um pequeno quarto soturno abrigava uma aranha, uma cama e um homem de espírito limitado.
– Argh! Quem diria... acho que alucino.
A aranha deu início ao tecer de sua teia. Logo, em cada fio daqueles, o sujeito via um momento de sua vida se encaixar diante de seus olhos.
– Foi um longo caminho até aqui. Necessário, claro. – Olhava fixamente o aracnídeo, dialogando – Não vim ao mundo como você... sabendo como tecer minha teia. Vim sem nada, incapaz até mesmo de adquirir qualquer conhecimento real. Fui preparado pela fé: Papai Noel ilustrou-me a importância da educação e de ouvir meus pais, a Fada do Dente demonstrou-me que a fortuna é recompensa a ser conquistada com paciência, Os Super-heróis prepararam-me para ter coragem de enfrentar as anomalias da vida em defesa dos “justos”, dos “bons”.... Mas é claro que não foi assim durante toda a minha infância. Aos poucos, eu entendia a existência de nossas preciosas instituições. Quando atingi o estado viril de minha inteligência, eu podia identificar as leis sociais e sua explicação, a função da ordem para nosso progresso. Arrgh!! Maldita dor no peito! – Rosnou, suando frio – Não, não se preocupe, eu sou médico. Dos bons! O papel dos líderes é muito exaltado, porém o meu é tão importante quanto o deles, sabe? Eu mantenho em bom estado as nossas forças produtivas... Fluoxetina, Rivotril... existem vários tipos de patologias, a ciência também é o remédio para essa que chamam de angústia, bem como as demais emoções profundas e incômodas. Nem todos amadurecem seu espírito de maneira tão rápida, pensam em desistir, são uns frouxos! – Sentiu uma falta de ar que o fez interromper o tom abruptamente, fechou os olhos por um tempo até melhorar – Sua teia tem um alcance curto... olhe, um mosquito passando bem ali! – Já não sabia se falava ou pensava – a minha é diferente... bem... a minha é normal. Só não há, nela, espaço para vergonhas como aquele meu filho “viado”! Expulsei mesmo. “Diversidade”, ele argumentou, besteira! Devemos ser, naturalmente, iguais, apenas com funções diferentes de acordo com nossa posição social. Equilíbrio! Por isso existem regras, para prosseguirmos em alta velocidade. – Vacilou – Certo? O que importa se seus amigos se afastam aos poucos?! “Prepotente!”, me diziam... É, até que sinto falta deles. Era o jeito... sou muito ocupado com minhas funções, sabe? Dia, noite, final de semana... é fácil falar que somos escravos do tempo ou qualquer besteira, quero ver é não passar fome. Fome... como será que está meu filho?! É tanta velocidade, alta velocidade na mesma direção... as vezes me esqueço do que fica para trás. Seria a pluralidade de direções tão impressionante, mesmo? O quê?! Acha que estou perdendo algo, "moscando"?! – Fechou os olhos – Alucino ou alucinava?! Talvez eu devesse dar uma chance, ver o mundo por outras perspectivas... nem que seja para reafirmar e comprovar meu ponto. Não estudo nenhuma filosofia, sigo a ideologia que está diluída na sociedade... invisível porque mesclada ao senso comum. É a mais eficiente... ou mais perigosa.... Acho que vou... experimentar... o mundo... a novidade...

Um pequeno quarto soturno abrigava uma aranha, uma cama e um cadáver.

Diogenes Spineli Soares Filho, 1º Ano, Direito Noturno.