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sábado, 19 de agosto de 2017

 Calça jeans, perfumes e fast food : a padronização e seus perigos


Todos usamos calça jeans, tênis da Nike e moletom da GAP. Comemos Mc Donald’s, nos maquiamos com MAC e bebemos Chandon. Gostamos de Chanel nº 5, assistimos filmes de Hollywood e vestimos Calvin Klein.

Para mim, o maior medo atual é a padronização. Essa, que nos leva a pensar que todos devemos ser iguais, pensar iguais e agir iguais. Essa, que nos fazer acreditar que, já que a maioria apoia, devo também apoiar apologias perigosas.

 “Bandido bom é bandido morto”


 “Direitos humanos para humanos direitos”

 "Não vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater"

"O sangue de um homossexual pode contaminar o sangue de um heterossexual"

“Sou preconceituoso, com muito orgulho”.




As frases acima são de autoria de um mesmo sujeito. No entanto, vem sendo repetida diariamente. São frases de ódio gratuito. São frases que evidenciam o crescimento de um extremismo exacerbado que, da última vez, trouxe um trauma gigante para o país: A ditadura militar.

O extremismo nasce silencioso e vai tomando conta dos pensamentos da maioria que, normalmente, está revoltada com a falta de dinheiro, comida ou por outro motivo. Vai sendo aderido e cegando a todos ao mesmo tempo. Quando menos se percebe, você está preso na teia e já não pode escapar. Você é só mais um inseto que irá alimentar um ser maior e mais forte. Você é impotente.

Nesse contexto, entra o fato social de Durkheim. Esses, são instrumentos sociais e culturais que determinam, na vida de um indivíduo, as maneiras de agir, pensar e sentir. Esses o obrigam a se adaptar às regras da sociedade e possui três características. A generalidade ocorre quando os fatos sociais são coletivos e não individuais. Assim, atingem a toda a sociedade. A exterioridade é a característica que denomina os fatos sociais exteriores ao indivíduo e que já estão organizados quando ele nasce. A coercitividade está relacionada ao poder ou à força que os padrões da cultura de uma determinada sociedade são impostos aos integrantes. Essa característica obriga os indivíduos a cumprir os padrões culturais. Ao analisar o conceito e as características, podemos perceber que vivemos rodeados por fatos sociais.
Então, voltamos ao ciclo: bebemos, comemos, pensamos, agimos, falamos, repetimos, vestimos e usamos. Somos apenas mais um na sociedade.

Luísa Lisbôa Guedes 1º ano direito diurno

Educação e Durkheim

         Educação, bandeira amplamente defendida, protegida e em certos casos disputada por governos, políticos e pela sociedade, ademais, porque não seria? Segundo Durkheim, a educação tem a função de criar o indivíduo social, portando, tem um papel primordial na sociedade. Porém, o quanto ela é determinante como coloca Durkheim?
            Quando pensamos em educação, temos a ideia de escolas e professores, mas, ao analisarmos a sociologia de Durkheim, podemos chegar à compreensão de que ela não se trata somente de instituições escolares, como também o convívio familiar e social do indivíduo, que o molda para a sociedade a qual está inserido. Com isso, ao analisarmos os regimes ditatoriais e totalitários em que as sociedades humanas passaram, principalmente durante o século XX, percebemos o quanto a educação foi primordial na manutenção desses regimes.
Na Alemanha nazista, Hitler, quando chegou ao poder, se apropriou das escolas e dos meios de informação, pregando a ideologia nazista à todos, o que fez com que - ao passar de anos de doutrinação - inúmeros cidadãos alemães praticassem atos que eram anteriormente abominados pela sociedade alemã. O mesmo pode ser reparado no socialismo de Stalin na antiga União Soviética, e no Brasil da era Vargas e no Regime Militar, onde os meios de educação e informação foram totalmente controlados pelo estado e pelo regime, e qualquer outro tipo de comportamento social não aprovado era reprimido ou, em muitos casos, eliminado.

Assim, a educação não só é intelectual, mas também moral, tendo papel principal na formação da sociedade, como colocado por Durkheim. Em razão disso, temos que dar a importância que merece tal tema, pois, dependendo do tipo de educação que o indivíduo recebe de seu meio social, ele poderá tomar decisões e praticar ações que podem prejudicar ou melhorar as relações humanas e sociais.  
                                                              
                                                                 Augusto Fávero Merloti - 1° Ano Direito/Noturno
http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,menino-de-12-anos-e-preso-pela-9-vez,295014

Carta do Leitor

Ao ler a notícia “Menino de 12 anos é preso pela 9ª vez” causou-me perplexidade sobre a anormalidade desse fato e a posição antagônica adotada pelo delegado da 85º DP em relação ao ponto de vista do coordenador do Abrigo Auxiliadora. Em relação a essa matéria procurei analisá-la sob uma perspectiva não tão superficial: além da simples observação, do método cartesiano e do indutivismo ingênuo. É necessário que se faça uma interpretação acerca do crime como fato social e seu poder de coerção sobre os indivíduos. Para Durkheim o crime pode ser compreendido como fato social à medida que é intrínseco a qualquer sociedade. Porém o que presenciamos na realidade brasileira é uma anormalidade, quando cada vez mais crianças e adolescentes estão inseridos nesse funcionalismo coercitivo devido a negligência do Estado em relação aos direitos sociais, políticas públicas, serviços públicos de saúde, educação, habitação e etc. que são negados a população em estado de vulnerabilidade social. Essa problemática macro sistêmica reflete na precarização da condição humana e os definem como agentes marginais da sociedade. Diante disso, difunde-se um sentimento raso de compreensão e solução para as mazelas sociais na população em geral, em instituições públicas legislativas e até mesmo em órgãos policias estabelecendo um senso comum de intolerância e ódio como por exemplo: “bandido bom é bandido morto” e “ direitos humanos para humanos direitos”.


 


Brunna Aguiar da Silva    1º ano Direito diurno

Babel

Quem sou eu? Sou mera consequência das instituições com que tive contato, das tradições que regem a espécie e da vontade do grande ente sociedade? Sou independente, gerador de convicções e vontades que pertencem somente a mim? Existe individualismo, independência, autonomia e vontade? Serão essas apenas construções fictícias para a manutenção e estabilidade da grande colmeia? Seria o indivíduo uma criação da sociedade?
Não sou capaz de responder tais perguntas, se é que há respostas, talvez pelo fato do medo da verdade. Provavelmente sim, tudo seja mentira, tudo seja feito para que pensemos que somos livres e que assim, possamos melhor servir ao todo. Não há como negar a organicidade como as instituições humanas trabalham, a sistematização dos processos e a coerção são quase perfeitas. Somos formigas de um formigueiro, escravos de nós mesmos, estamos presos uns aos outros e cada ato, fenômeno ou ação, provocamos maior fortalecimento dessa prisão invisível.
Dizem que a função do controle, a função do magnífico ente sociedade sobre os indivíduos, está fundamentada na ordem. Garantia de sobrevivência e melhores condições de perpetuação da espécie, segurança e ordem. Dizem que a tentativa de evitar a anomia é o que prende os homens. Tolos. O agrupamento de homens traz constante movimento, e com ele, o caos. Os gregos, como Heráclito, já associavam a ideia de estaticidade à ideia de perfeição, ordem. Os cristãos mantiveram essa concepção em seu deus imutável. O perfeito, o ordinário, provém do estagnado, diferentemente do que acontece nas sociedades. Qual é então o propósito da família, da pólis, do burgo e do Estado? O caos. A transformação, o diferente, o novo, o mutável, essas são as razões do homem em sociedade. Trazer justamente a anomia. Inconscientemente, todos nós (ou conscientemente, a grande mãe sociedade) buscamos, por meio da ordem, provar do caos. Ele é o formador de melhores prospecções, ironicamente, somos controlados pelo que achávamos ser o inimigo, aquele que aprendemos a temer. Novamente a verdade se mostra como amedrontadora, e assim ela o deve ser. O medo mede o caos e ordena anarquia. Quem somos nós? Um eterno pandemônio, um emaranhado de desejos, pecados e muita, muita confusão.  

Rafael Pedro - 1º Direito - Matutino 

Sorria, você está sendo enganado.

Durante o primeiro semestre de 2016 a grande mídia bombardeou a opinião pública com notícias alarmando o retorno da “gripe suína” em suas diversas plataformas, por meio de manchetes como: “Aumento dos casos de H1N1 em São Paulo preocupa população; “Surto de gripe H1N1 já matou 8 na capital paulista em 2016” ;  “H1N1 já provocou 153 mortes no Brasil”.
Não é de se espantar, dessa forma, que tal cenário tenha provocado uma grande comoção nacional, de pânico e terror levando-os a tumultuar não só os postos de saúde públicos, como também a formação de filas extensas em clínicas particulares em busca de prevenção. Segundo o dono de uma destas clínicas, um lote de 600 vacinas que daria para semana inteira, em situação normal, esgotou-se em apenas um dia.  
Contudo, o fato curioso é que tais notícias sobre a “gripe suína”, assim como seus casos de morte estão anualmente presentes e, apesar de concentradas durante uma época do ano, possuem ocorrências durante todo calendário. Além do que, os óbitos provocados por essa gripe têm a mesma proporção, ou ainda menor, que de uma gripe comum. Pensando nisso, como explicar essas multidões impacientes e aterrorizadas por vacinação?
Émile Durkheim, no livro As Regras do Método Sociológico, traz o conceito de “corrente social”, que consiste em grandes manifestações de entusiasmo, indignação ou piedade, que chegam a cada um de nós do exterior e não tem sua origem em nenhuma consciência particular, sendo suscetíveis, portanto, a nos arrastar mesmo contra nossa vontade. Pensando nisso, a comoção gerada pela população por medo de contrair o vírus mostra-se forte a ponto de ignorar os fatos racionais e concretos. De forma paralela, Zygmunt Bauman traz essa mesma abordagem em uma de suas cartas, no cenário britânico, e mostra que as grandes mídias aproveitam-se de manchetes como estas, esporadicamente, para conter o decréscimo de circulação de jornais e a queda dos índices de audiência da televisão e, assim, intensificando o caráter coercitivo dessa corrente.
Dessa maneira, ao interpretar o "Fantasma da gripe suína" sob a lógica de Durkheim, nota-se que a atitude da opinião pública seria uma emanação de irracionalidade do momento vivido por eles e quando se experimenta opor-se à uma destas manifestações coletivas, os sentimentos que se negam voltam-se para si próprio. Neste caso, seriam estes o medo de contrair a doença e da morte. Pode-se dizer, portanto, que somos vítimas de uma ilusão que nos faz acreditar termos sido nós quem elaborou aquilo quê se impôs do exterior.  


Segundo Durkheim “É assim que indivíduos, em geral perfeitamente inofensivos, podem se deixar arrastar a atos de atrocidade quando reunidos em multidão".

Giovanna Menato Pasquini- 1º ano Direito, Matutino