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domingo, 3 de setembro de 2017

Os ombros do operário

Pra onde vai o operário?
O poeta uma vez perguntou.
A eterna luta é seu cenário,
A dialética o retratou

A fome demanda
O alimento que nunca brota
Ele anda
Mas sem nunca saber a rota

Atípico seria se naquela mesa,
Sentasse o mais sujo
No leme, outro marujo
Ao mar de incerteza

Teus ombros suportam o mundo desumano
E o mundo só é leve para quem dorme bem.
Mas o velho manifesto calou seu desengano,
Quando ele soube do poder que tem.

Gustavo Lobato Del' Alamo - 1º Ano - Diurno

A Reinvenção do Capitalismo a partir de uma Concepção Marxista


A Revolução Capitalista, na transformação da indústria, iniciada por meio da cooperação simples e da manufatura cujo princípio é a concentração dos meios de produção, até então dispersos, em grandes oficinas, com o que se convertem de meios de produção sociais, metamorfose essa que não afeta, em geral, a forma de troca. Ficam de pé as velhas formas de apropriação, entretanto aparece o Capitalismo.  Assim, em sua qualidade de proprietário dos meios de produção, apropria-se também dos produtos e os converte em mercadorias. A produção transforma-se num ato social; a troca e, com ela, a apropriação continuam sendo atos individuais. O produto social é apropriado pelo capitalista individual. Contradição fundamental, da qual se derivam todas as incoerências em que se move a sociedade atual e que a grande indústria evidencia claramente.
 Primeiramente, temos de definir que o proletariado tem de se identificar como tal, parece uma bobagem, mas as transformações ocorridas após as grandes revoluções, Francesa e Industrial, fizeram com que o homem mudasse suas relações com o principal bem, que é intrínseco historicamente, no caso, o trabalho. Com o surgimento do Capitalismo, as ideologias produzidas por essa nova fase na vida do homem vão transformá-lo também em uma mercadoria, pois a partir do aparecimento do Capitalismo, o homem vende sua força de trabalho e passa a ser incorporado à mercadoria, a burguesia, que detém os meios de produção, compra a força de trabalho e se apropria do excedente produtivo, transformando o trabalhador em uma peça dessa engrenagem produtiva. Sendo assim, o “proletariado existe porque luta,” identificando seu principal valor e se apropriando da sua importância no processo produtivo ele se identifica como proletário, ele considera que a força do seu trabalho é que é  responsável pela produção da mercadoria e, sem ela, a cadeia produtiva não avança, o proletário também enxerga que existe uma divisão e quanto a quem produz e quanto a quem é o dono dos meios de produção. Neste momento, começa a se pensar na divisão social do homem e isso se chama divisão de classes; proletário que vende sua força de trabalho e a burguesia, que é dona dos meios de produção.
A burguesia, ao longo dos séculos, cria mecanismos cada vez mais eficazes de apropriação do excedente produtivo. A mais valia, para o capitalista, é o motor precursor para se criar novas ideologias e cada vez mais afastar o homem do seu bem inerente: o trabalho. A alienação e o fetichismo têm o papel de dar um novo significado para o consumo de mercadorias, já que antes o valor embutido na mercadoria era o de uso e de troca. Com a criação da mais valia, necessidade de se pensar a mercadoria como um bem de uso, de venda e de “status”, cria-se a necessidade cada vez mais de consumo.
O trabalhador que se identifica como proletário sabe que nas suas mãos, “nem uma lâmpada se acenderá, se não houver a mão de um trabalhador envolvido”. A grande questão é que ao longo dos tempos, o Capitalismo vem criando mecanismos de coesão, o próprio aparecimento de uma Ciência que estuda a vida em sociedade, a “Sociologia”, no século XIX, traz consigo questionamentos e necessidades desta nova sociedade, pensadores como Auguste Comte e Émile Durkheim trarão em seus estudos revelações de como essa nova sociedade terá de se comportar em relação ao homem e ao trabalho e das relações dos próprios homens em sociedade. Destarte, seus ensinamentos serão de grande utilidade para a manutenção e aprofundamento do capitalismo no mundo.  


Luciana Molina Longati  - Turma: XXXIV - Noturno

Dialética de classes


A dialética é dos conceitos mais importantes para compreender a luta de classes, a forma de como surjem as transformações sociais, e ideia de tese e antítese, criando uma síntese mais complexa e que compreende os dois lados da discussão. Para que a dialética funcione é necessário algo que conserve as condições, o direito é o novo campo de batalha, entre elite e povo, o direito passa a ser o objeto de tensão entre as ideologias. Por exemplo, a burguesia em seus primórdios, não tinha poder real, apoio do exercito basicamente, encontraram no direito um modo possível de ascender. Quando começaram a atuar no direito seu objetivo principal era uma igualdade formal entre as pessoas e liberdade. Uma antítese seria a de que o direito também é palco, posteriormente, da garantia dos direitos sociais, ou seja o direito é sempre o alvo da luta por condições materiais, das ambições. Mais um exemplo dessa luta de classes real, pode ser vista nas leis trabalhistas, os liberais desejam uma liberdade maior para negociar salários, já os de viés socialista mais garantias concretas e delimitadas desse salário, a síntese disse é a lei de salário mínimo, que ao longo do tempo, e pelas mudanças sociais varia seus números regularmente.
A lei é o meio dessa constante luta, mas há quem diga que essa constante luta nunca foi, e não será balanceada, so um lado ganha, o que muda é só os valores. E que a solução para tal é uma extinção dessa tese, uma extinção da luta de classes. Uma revolução traria o surgir de uma única classe e a extinção das outras anteriores. Sou parte dos que acreditam que a luta sempre vai existir, e que os avanços conquistados por meio do direito são a melhor e mais formidável forma de garantir.

Lucas Luiz Cavalcanti 1º ano Direito Diurno

Movimento

Desde que o homem é conhecido na Terra há o instinto e necessidade de haver dinamismo na sociedade. Seja o nomadismo para a sobrevivência num primeiro momento, sejam as viagens comerciais no feudalismo para as trocas, seja a velocidade da Internet para propagandas e compras online atualmente: tudo se resume em movimento.
Esse movimento constante não para nessas definições e vai além: a história da luta de classes. Marx e Engels propõem um ciclo dinâmico que sempre esteve presente nas sociedades: opressor e oprimido lutam, um para manter a ordem, o outro para transformar. Porém, com essas lutas mesmo o lado que tenta manter vai ser obrigado a mudar de alguma forma. Ou seja, a “ciranda” permanece.

Revolução Industrial. Surgimento das máquinas modernas. O que se movimenta mais do que engrenagens de uma máquina? A classe oprimida vai perdendo a autonomia: sua vida depende do “bater de cartão”, é preciso trabalhar, é preciso ganhar dinheiro, é preciso apertar um prego... A esteira leva... é preciso apertar outro prego... A esteira leva... O que estou produzindo mesmo? Movimento. E o indivíduo passa a ser aquilo que produz, pois, o trabalho torna-se especializado e contraditoriamente parado. O indivíduo estagna para produzir movimento e no fim fica o questionamento: Você é “quem” ou o “que”?

Rayra Faria 1º ano Direito

Prezado

Prezado Karl Marx,

Tenho estudado sua obra – queiram, ou não, ela mostra-se capital para entender qualquer evento de nossa história recente – e, no momento, confio modestamente ter me deparado com alguns desacertos em suas teses – consciente de que posso tão-só não ter bem compreendido suas pressuposições, temendo assim cometer uma famigerada “deturpação”. Por isso, creio ponderadamente poder sanar alguns questionamentos com o senhor e ainda lhe trazer boas novas do mundo atual.
Chamou-me a atenção o “valor real” dos produtos, que seria exclusivamente determinado segundo a quantidade de trabalho da sua produção, tendo o preço uma espécie de caráter intrínseco a eles. O senhor não acredita que isso seja um tanto generalizante? Digo, não seria de bom tom levar em conta o valor subjetivoapitalista idoapitalista rainha Elisabeth bens necessarios ou etiva prosperidade, apesar das crises atuais.  derivado do grau de utilidade e serventia que o referido produto virá a ter para a comunidade? Levando-se em conta apenas a “quantidade de trabalho” não teríamos aberrações como uma fábrica de gelo construída no Alaska valendo o mesmo que uma no deserto do Saara? Ainda, acresço, rejeitar as variáveis de um preço não seria absurdamente afiançar que não existem diferenças entre valor presente e valor futuro? Por mais que um pouco de ouro tenha valor absurdamente maior do que um copo de água no momento presente, em um futuro hipotético e trágico em que falte água, essa situação poderia se dar distintamente, não? 
Ainda no seu método, permita-me continuar: sob a ótica do explorador e explorado, capitalista versus proletário, como abarcar um humilde vendedor de algodão doce que, ao ter um aumento em sua demanda – fruto de seus esforços, bons serviços e iniciativa −, porventura contrate um assistente para ajudá-lo? E um diretor assalariado da mais alta cúpula de uma multinacional petrolífera? O primeiro, enquanto capitalista, estaria sendo explorador; o segundo, enquanto, proletário, o explorado? Outro, a mais-valia também não acaba por não levar em conta os riscos dos investimentos que o empreendedor dispõe inicialmente? Em miúdos, o empreendedor paga – capital esse que poderia usar para consumo ou investimento seguro − aos trabalhadores, de antemão, com bens presentes em troca de auferir bens no futuro, correndo o risco de não recebê-los, sendo o lucro uma recompensa ou incentivo desse sacrifício de reserva. Parece-me natural, não? Ninguém o faria gratuitamente, penso.
Expostas algumas imprecisões iniciais, não poderia mantê-lo aquém dos eventos por aqui. Sem me alongar, em síntese, o projeto socialista ou comunista acabara não rendendo bons frutos por aqui, não. Acharia desairoso e pretencioso atribuir-lhe todo o fracasso dessas experiências, contudo, não posso me privar de opinar que alguns de seus enunciados, como “cada país deva, antes de tudo, liquidar sua própria burguesia”, “derrubada violenta da burguesia”, “descrevemos a história da guerra civil”, “a burguesia produz, sobretudo, seus próprios coveiros”, “violação despótica do direito de propriedade” acabaram possivelmente por engrenar projetos ditatoriais e totalitários – como disse Bakunin “O teu sistema vai se tornar ditadura!”. Lenis, Stalin, Mao, Kim ll-sung, Ceausescu, Che, Fidel, Ho Chi Minh, Pol-pot acabaram por praticar não mais do que atrocidades e genocídios. Entre seus feitos encontram-se reiteradamente as mais repressivas perseguições políticas, campos de concentração, pelotões de fuzilamento − contextualizados em inevitáveis cenários de fome, miséria e barbárie. Pol Pot, por exemplo, em apenas 3 anos, dizimou 24% da população do Camboja. Stalin foi responsável pela morte de cerca de 5 milhões de ucranianos, somente no chamado Holodomor – o Holocausto Ucraniano. Os cubanos são subjugados pela dinastia dos irmãos bilionários Castro – Fidel chegou a alcançar o posto de 7º governante mais rico do mundo, superando inclusive a rainha Elizabeth do capitalista Reino Unido − há mais de 50 anos; e outro país, a Venezuela, aqui da América Latina, tem lamentavelmente ido para a mesma direção despótica.
Chegando ao fim, gostaria de reiterar toda sua importância para a compreensão do mundo atual e já me desculpar pelo excesso de questionamentos e pretensões. Por último, para confortá-lo – assim almejo −, posso abalançar que o mundo moderno tem começado vagarosamente a entender o valor da liberdade. Conseguimos, por ora, apartar-nos um tanto dos vastos ensaios totalitários, que conclamam conforto e prometem caminho fácil para reduzir a miséria. Ajuízo que quanto mais se peregrinar nesse sentido da confiança nas próprias seivas e iniciativa − e buscar-se a real libertação −, mais longe possível do aparelho defeituoso, arbitrário e coercitivo estatal, poderemos almejar uma relativa prosperidade, afastando-nos inclusive das crises atuais. Aliás, outra boa nota: seu receio apocalíptico quanto ao desemprego estrutural decorrente das máquinas não tem se confirmado, viu? Com todo avanço tecnológico assistido desde o século XIX, a população mundial cresceu em 6x e a expectativa de vida mais do que duplicou.

Espero ansiosamente as respostas,
De um partidário das liberdades e do indivíduo livre de fato e de direito,
João Vitor Penteado




















Meus heróis morreram de overdose, os meus inimigos estão no poder

A classe burguesa toma papel principal, indispensável e muitas vezes heroico nas relações históricas. A tomada do poder das mãos de nobres absolutistas, a democratização social, a liberdade humana, exemplos de sua “superioridade cultural”. A ascensão burguesa proporcionou incríveis cumes de tecnologia e conhecimento, coisa que nenhuma outra classe em qualquer outra era foi capaz de realizar. A sociedade, após o ápice do poder burguês, finalmente é livre para se organizar como quiser, cada cidadão é livre para fazer o que quiser segundo a lei universal. Livres? Seríamos realmente livres?
Assistindo o meio social com lupas para a problematização carcerária e jurídica, consegue-se ver que a prisão, método atual de reparação da criminalidade, se deu somente pela ascensão dos burgueses. Reparação. Reabilitação. Falácia. O autor Michel Foucault apresenta que a finalidade da prisão, na verdade, nunca foi reabilitar e ressocializar o delinquente. E sim excluir, vigiar e punir. E assim acontece ainda nos dias atuais. Mesmo com toda a forma de suplício ocorrida nas cadeias brasileiras, como superlotação, violência nas celas, estupros, fome, pessoas vivendo na sujeira, sendo tratadas como lixo, propícias a todos os tipos de doença, mesmo com tudo isso, ainda legitima-se o método, defendendo que é o necessário para o delinquente. Necessário para quem? Para a reeducação social do ser humano ou para a exclusão deste do meio social do burguês opressor que pensa nos seus bens materiais acima da racionalidade humana?

Apenas um fato social que apresenta a alienação nossa de cada dia. Aquele que é capaz de torturar desumanamente o homem que invade sua propriedade, seria capaz de deixar o restante da plebe livre? Seríamos realmente livres? Um obrigado pela liberdade concedida por nossos heróis.

O materialismo histórico e suas aplicações



Marx e Engels se destacaram, entre outros motivos, por atribuírem um método inovador de interpretação da sociedade, estabelecendo uma ciência baseada no socialismo e no que ficou conhecido como materialismo dialético. Para tanto, propuseram a superação da filosofia de especulação sobre o mundo, dando lugar à explicação deste estruturada pelo capital. Afinal, a ciência só teria início com o fim da especulação. Nesse sentido, condenam uma corrente de pensadores conhecidos como socialistas utópicos, segundo os quais o socialismo é uma verdade absoluta a ser revelada, expressão da razão e justiça. Esse voluntarismo para transformar a ordem seria uma utopia na medida em que desconsidera a sistemática e a complexidade de uma sociedade capitalista na qual os meios de produção determinam as relações sociais. Tais pensadores se viam como homens iluminados e tomavam como base apenas a razão pensante, o que impossibilita a noção do todo, das relações e da multiplicidade da dinâmica social.
                  Contrapondo-se a essa tendência, Marx e Engels desenvolveram o materialismo dialético, um método científico que toma como base as condições históricas para explicar as dinâmicas sociais e interpretar o mundo. Compreende-se, assim, o socialismo como ciência ao situá-lo na realidade, o que explica a crítica marxista à análise metafísica. Esse método procura decifrar as leis históricas e as contradições inerentes do capitalismo, buscando a causa das coisas a partir da experiência histórica. Dessa forma, entende-se que a evolução do conhecimento fornece o embasamento para fundamentar as análises, as quais devem ser feitas sempre através de uma visão do todo. Para compreender o desenvolvimento humano, sua complexidade, seus avanços e retrocessos, é preciso adotar uma perspectiva que analise as condições históricas e, com isso, interprete as transformações pelas quais a sociedade passa constantemente.
                  O método empregado por Marx e Engels pode ser aplicado em uma série de situações da atualidade. Um discurso que ganha muita força é aquele que procura premiar os indivíduos com base em seu mérito e competência própria. Sob uma perspectiva meritocrata, é possível ilustrar o materialismo histórico através de um exemplo prático: um jovem de 20 anos, branco, filho de um promotor de justiça e que sempre teve tudo em abundância na vida e outro jovem de mesma idade, mas nascido na periferia, que trabalha desde pequeno para ajudar a família. Se os dois almejarem um cargo de juiz federal, é evidente que as chances de o primeiro ser bem-sucedido é infinitamente maior que o segundo. Nesse sentido, a meritocracia não pode atribuir ao que tiver maior “dedicação” e “empenho” o merecimento. O materialismo histórico de Marx, nesse contexto, analisaria as condições a que os dois foram submetidos ao longo de suas vidas, assim como as oportunidades a que tiveram acesso. Afinal, situações como essa estão inseridas em condições materiais que determinam a estrutura social e o futuro dos indivíduos, sendo tais condições favoráveis aos detentores dos meios de produção em uma sociedade capitalista.
                  De maneira semelhante, o método do materialismo histórico pode ser aplicado em julgamentos criminais. Um crime não pode, segundo a ideologia de Marx, ser analisado isoladamente, visto que uma série de circunstâncias e aspectos devem ser levados em conta para explicar o ato cometido. As condições históricas que circundam um comportamento desse devem ser apreendidas para que a atitude seja interpretada. Isso deve ser feito não com base na razão, mas no método do materialismo dialético. O modo de produção na sociedade capitalista representa a base da ordem social e se mostra responsável pelas transformações constantes às quais a dinâmica social está submetida. Conclui-se, assim, a possibilidade de se aplicar o método de Marx e Engels em problemáticas atuais, as quais demonstram a presença de leis dinâmicas em constante transformação e a necessidade de analisar os fenômenos a partir dos fatos existentes e das condições históricas.

Ecce Homo ou O desafio de escrever sobre Marx sem usar a palavra Capitalismo


Somos frutos do passado. Frutos de uma flor anterior, uma árvore antecedente, uma germinação passada. Somos aquilo que foi possível ser. A história como principal agente determinante da condição humana, também se apresenta como ferramenta primeira para transformar a realidade. O conhecimento do passado, dos erros e dos acertos, das teses, antíteses e sínteses, possibilita projeções do futuro, corresponde no poder do homem sobre o real. O desafio principal do empoderamento do homem sobre a história está nos mecanismos reformadores da ordem social. A dificuldade em encontrar a substância, e tomar consciência de todo a sua forma, está presente na luminescência do falso Apolo, o falso guia da humanidade, aquele que admira as estrelas e ignora as misérias do mundo material. A vida real está expressa na vida material, no tangível, no existente. A fome e a pobreza, a abundância e a fortuna, os excessos e as modéstias, o tudo e o nada, a dialética materialista despe o homem da cegueira idílica e nos remonta à frase do grego Píndaro: genói hoios essí.
Quando saímos do idealismo e nos deparamos com a triste realidade miserável, ou seja, quando nos tornamos aquilo que somos, apreciamos mais uma armadilha: o trabalho. Benéfico para uns e massacrante para outros tantos, vital para muitos e desprezível para alguns, o trabalho é ao mesmo tempo a máxima e a mínima expressão do homem no universo materialista. Quanto maior a produção e qualidade do trabalho do indivíduo, maior e melhor é a sua reputação. Mesmo que sonegue impostos, cometa adultério, espanque seus filhos, a sociedade há de dizer: Oh, como é honesto. O homem que não trabalha, cuida de deus filhos, sua esposa e sua horta, a sociedade há de dizer: Vagabundo! O trabalho, a priori, caracteriza e valoriza a espécie, o melhor dos homens é o que mais trabalhou em sua vida, o que morreu do trabalho, no trabalho: Santificai, oh senhor, tão bom homem, para que sirva de exemplo aos outros tantos que estão perdidos. Por fim, o trabalho se transforma em ídolo, um Hércules, protegido pela imaculada pele do Leão de Nemeia, um aspecto idealista. Somos novamente atraídos a olhar para as estrelas e ignorar o chão.
A realidade materialista e a idealista se contrapõem de maneira tão sublime que os frutos dessa colisão são elas mesmas, um eterno ciclo substancial e imaginário, divino e carnal, apolíneo e dionisíaco. O manto do irreal, ao mesmo tempo em que cega, protege o homem da frieza da existência. A nudez da realidade refresca e revigora o homem, lembra de seu propósito e daquilo que ele realmente é, um ser dialético, um eterno conflito entre duas forças. Forças que se usadas com sabedoria, engendram transformações úteis, de enriquecimento imaterial e de modificação estrutural da substância e da história. É preciso que olhemos para o horizonte, que avistemos as estrelas e as montanhas.   

Rafel Pedro - 1º ano Direito - Matutino 

Quem sou eu?

Sou artificial
Vendo-me para sobreviver
No mercado sou mais um entre tantos
Graças ao salário consigo ter relações sociais
Sinto-me como um trem bala em uma ferrovia
No sentido de circular para gerar
Consumir para ser
Ser para consumir

Desde pequeno fui disciplinado pela
Repetição, mecanização, competição
Rivalidade, meritocracia, comparação
A educação ensina a produção da vida social

O trabalho é livre, eu não!
Trabalho é mercadoria
Trabalho te define como pessoa
A sua posição na sociedade

Relações sociais mercantilizadas
Geram mais pobreza, desemprego e desigualdade social

Mais-valia a minha vida
Do que o lucro.


Quem sou eu?

Eu sou uma pessoa-mercadoria.


Brunna Aguiar da Silva    1º ano Direito diurno