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sábado, 19 de março de 2011

Descartes: realizador de procedimentos úteis à vida

Em sua obra " O Discurso do método", Renê Descartes revela que se dedicou, num primeiro momento de sua vida, ao estudo de diversas áreas do conhecimento, tais como as ciências exatas, a jurisprudência, a medicina, História, fábulas, poesia e línguas de diversas nacionalidades. Essa prática pode ser muito útil às pessoas, na medida em que permite entrar em contato com conhecimentos que podem ser favoráveis e necessários ao homem, cuja vida é marcada por diversos tipos de situação, entre as quais aquelas que exigem um conhecimento específico.
Além disso, esse procedimento também permite o contato com diversas linhas de raciocínio, o que propicia um aprimoramento da capacidade de compreensão e de raciocínio de uma pessoa.
Posteriormente, Descartes passa a viajar por diversas regiões, que apresentavam diferentes culturas. Com isso, ele aprendeu a lidar melhor com a diversidade cultural, passando a julgar sua própria cultura e as demais de maneira mais justa. Essa prática pode ser muito útil às pessoas, que vivem em um mundo onde as diferenças culturais são bastante visíveis.
Em seu método, Descartes rejeita toda informação a respeito da qual é possível supor dúvida, com o intuito de ver se, depois restaria algo que , no ponto de vista do pensador, fosse completamente indubitável. Tal procedimento permite chegar a um conhecimento seguro, livre de informações duvidosas que podem induzir ao erro.

O caminho reto

Posta entre o Racionalismo e a crença em uma entidade superior e perfeita, a posição cartesiana sobre o método de acumulação de conhecimento encontra correspondência no meio acadêmico atual.
Ao munir-se do experimentalismo, do trabalho coletivo e das relações de causa e efeito dos fenômenos a serem estudados, Descartes perpetuou seu sistema metódico de estudos, empregável atemporalmente em qualquer área do conhecimento - contribuindo, assim, para a junção de variadas concepções sobre determinado assunto das ciências, a fim de melhor explicá-lo e repassá-lo às gerações posteriores.
Além disso, em "O Discurso do Método", a recusa do filósofo em basear-se apenas em obras alheias e na observação de outros povos para a concretização de seu raciocínio, revela a hesitação e os perigos de se cair no senso-comum e na alienação à sua contemporaneidade, impedindo que o produto final desse tipo de pesquisa seja imparcial e útil às necessidades que deram origem à busca por conhecimento.
Assim, salvo pela aceitação de Deus como fonte de tudo o que é perfeito (ponto controverso quando associado à ciência), a metódica cartesiana tendencia a ser de grande valor como base de nossos estudos e contribuir para nossos avanços, desde que sigamos, senão sempre, na maioria das vezes, pelo "caminho reto".

Herança do Método

Estudar é uma arte. Sim, disso não há dúvida. Necessita de paciência e insistência. São conceitos em desuso em nossa sociedade imediatista. Mas ainda existe uma problemática mais específica nos estudos das ciências humanas, que não está presente nas demais. Essa problemática consiste no fato do observador estar inserido no objeto analisado, de forma que dele não se pode desligar. É impossível um intelectual analisar uma sociedade, por exemplo, sem fazer uso de seus valores.
Descartes, em sua obra “Discurso sobre o Método”, procura estabelecer uma linha de raciocínio mecanicista para os estudos filosóficos. A partir de técnicas das ciências exatas, busca criar um novo modo de “fazer o saber”. Em suas palavras: “Assim, o meu desígnio não é ensinar aqui o método que cada qual deve seguir para bem conduzir sua razão, mas apenas mostrar de que maneira me esforcei por conduzir a minha” (“Discurso do Método”, René Descartes, 1637). Não se trata de uma regra engessada, mas um ótimo ponto de partida. Uma herança, a nós, deixada pelo filósofo.
O método? Essa é a parte principal de todo trabalho ou pesquisa. O estudioso mais eficiente não é aquele que lê tudo de forma voraz; e, sim, o metódico, aquele que estabelece um projeto e procura segui-lo com exatidão, à risca. Portanto, o trabalho de Descartes trata sobre o essencial de toda e qualquer pesquisa. Sua proposta é formada por: uma seleção inicial do material analisado, julgando o que realmente é verdadeiro e o que deve ser descartado; seguido de uma decomposição, com o fim de simplificar as problemáticas; posteriormente, a resolução das questões levantadas e a definição de cada elemento encontrado.
Retornando ao discurso do parágrafo segundo, certa vez, Isaac Newton disse: “Se vi mais longe, foi porque estava sobre os ombros de gigantes”. Se quisermos alcançar grandes avanços em nossas pesquisas, devemos aproveitar todo progresso já conquistado. Descartes já nos mostrou um caminho, um bom plano. Essa é a nossa herança, usemo-na da melhor forma.