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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Física Social e o Regime Positivo

Em seu ''Curso de Filosofia Positiva'', de 1830, Augusto Comte apresenta o pensamento positivo ou Positivismo como sendo o estado da virilidade da inteligência do ser humano.Comte declara que as concepções e o conhecimento humano se subdividem historicamente em três estágios.São eles: o estado ''teológico ou fictício'', o estado ''abstrato ou metafísico'' e, por fim, o estado ''científico ou positivo''.Cada um destes estados seria um amadurecimento do próximo, nesta ordem, culminando com a filosofia positiva.O autor defende que era chegado o momento de se abandonar por completo o primeiro e o segundo (para ele um estágio transitório para o positivo).Reconhece, entretanto, que não eram todos os ramos do conhecimento que aplicavam o ideal positivo em sua metodologia.A lacuna era relativa aos fenômenos sociais.Augusto Comte,preocupa-se, então, em tornar positiva a análise social tal como já havia sido feito com outros fenômenos.Havia urgente necessidade de fundar a ''física social'', ou seja, uma ciência social positiva.O positivo preocupa-se com o real, o concreto, o certo e não com a causa e o fim últimos de todas as coisas.O experimentalismo e a idéia de verdade de Francis Bacon são amplamente valorizados, tal como deixa claro o trecho: '' A preponderância da filosofia positiva se afirmou como tal desde Bacon''.As menções a outros cientistas ou pensadores estão presentes em toda a obra; destacam-se, todavia, as referências a René Descartes e às suas propostas e à Isaac Newton.Ambos são valorizados.Quanto ao segundo, seu paradigma da gravidade constituiria um modelo para a ciência moderna.Comte faz severa crítica à psicologia, comparando-a àqueles que, para ele, seriam os estágios primitivos.Defendem-se a observação das leis sociais, fundamentada na lógica dos fenômenos; uma reforma estrutural em todo o sistema de ensino,tornando-o positivo; a integração das ciências na construção de um conhecimento único e uma nova organização social a partir da filosofia positiva.O ideal positivo traria consigo uma homogeinização ideológica que poria um fim à desordem.Ao compreeder-se e ao manter-se a Estática,ou seja, a Ordem, seria possível a Dinâmica, o Progresso, da sociedade como um todo.Vale ressaltar que o Positivismo não desvaloriza a teorização, desde que esta vincule a ciência e a técnica.A técnica aludiria aos pensamentos baconianos de transformação e dominação da natureza.A verdadeira interpretação da natureza só seria possível a partir da ciência positiva.Nas ''Condições De Estabelecimento Do Regime Positivo'', de 1844, Comte discorre acerca da instauração política do Positivismo na sociedade, o que considera seguramente possível.Descreve as instituições de sua época como estreitamente ligadas aos estágios que considera primitivos, sendo caracterizadas pela desordem intelectual.Assistindo as agitações sociais de seu tempo, o autor quer implementar uma revolução mental na sociedade.Defende uma universalização da educação,nos moldes positivistas, aos quais o proleteariado estaria mais predisposto(seria como tábula rasa e estaria mais próximo da natureza).A este último deveria ser dirigido um programa social pelo govervo a partir do qual seu ofício fosse visto como ''doce diversão habitual'' e como o lazer ideal.Haveria, assim, duas ordens de inteligência: os empreendedores e os operadores diretos.O gosto pelo seu trabalho proporcionaria a manutenção da ordem social vigente e a conformação, por parte dos trabalhadores, do seu ''lugar social'', bem como a sua permanência nele.A sociedade positiva deve,assim, ser estamental.A educação valorizaria o trabalho (''a fecunda e salutar apreciação dos diversos deveres essenciais''), mas desprezaria o ócio (''vâ e tempestuosa discussão dos efeitos''), promovendo focalização na realidade da vida e distanciamento das ilusões de mudança.A manutenção da ordem é também verificada na política: ausência do livre exercício direto do poder, mas participação indireta através ''poder moral''.Por ''moral'', Comte entende o espírito de solidariedade a partir do qual há abdicação da mudança de lugar social.Tal preceito tem para ele lugar de centralidade na sociedade positivista, na qual o conceito de felicidade está vinculado ao bem comum (social).Desta forma, ele postula que haverá progresso.

Alicerce na educação

Ausguste Comte, no capítulo de sua obra intitulado "Curso de Filosofia Positiva" divide o conhecimento em três estágios (Teológico, Metafísico e Positivo), os quais correspondem aos períodos pelos quais o desenvolvimento do intelecto humano percorre.
Assim, o autor considera os dois primeiros apenas como insuficientes, defendendo o terceiro como fundamental para a interpretação dos elementos do universo.

No Positivismo, então, Comte baseia seu discurso, centrando suas ideias no príncipio de "Ordem e Progresso", o qual seria a finalidade da ciência.Porém, como ele mesmo reconhece, aplicar essa linha de estudo não é possível, de maneira plena, à "física social". Os fenômenos sociais, por serem inúmeros e tendentes a mudanças não podem ser compilados em um paradigma, como o Newtoniano.

Sua defesa de uma nova classe de cientistas, "preparados por uma educação conveniente" que procure analisar as ciências no que tange aos seus aspectos comuns e nas relações que estabelecem entre si soa falha, uma vez que, embora sjea útil o conhecimento dos padrões a que estão submetidas, parece desconsiderar as particularidades de cada uma, o que pode comprometer sua correta e integral compreensão.

Um aspecto válido apontado por Comte é a reformulação da educação, descartando ou, ao menos, colocando-as em segundo plano, a Teologia e a Metafísica e concentrando os esforços no real, no concreto, no Positivo.Se o objetivo de uma sociedade é, de fato, estabelecer a Ordem e o Progresso, é na educação que encontrará o caminho mais curto.



Do pensamento mecanicista ao sistêmico

O filme " Ponto de mutação", por meio do diálogo entre as personagens, coloca à discussão a visão de mundo sob a ótica cartesiana, representada pelo político, e uma nova percepção , defendida pela cientista.
Descartes introduziu o pensamento de que o mundo funciona como uma máquina, o homem funciona como uma máquina... Desse modo, ao desmontar o todo em pequenas partes, estudá-las e colocá-las novamente juntas seria possível entendê-lo. Entretanto, essa perspectiva mecanicista não cabe no contexto contemporâneo, pois os fragmentos não são independentes, mas interligados.
Para exemplificar sua visão, a cientista traz à reflexão a questão do enfarto: a medicina interventiva desenvolveria corações novos para serem implantados e removeria os enfartados, já a medicina preventiva cuidaria dos procedimentos necessários para evitar a obstrução de artérias. Essa segunda maneira de lidar com o problema é a nova percepção do mundo.
Um ponto relevante da discussão entre as personagens é a dificuldade que as pessoas têm em aderir a uma nova visão. O livro, em que se baseia o flme, foi publicado há algumas décadas, mas ainda hoje estamos como o político, buscando um ponto de partida para começar a resolver os problemas, enquanto deveríamos questionar e perceber que os erros estão na maneira de enxergarmos e julgarmos o mundo.

Mentes reguladas

Não se deve permitir o fluxo contínuo do intelecto. Segundo esse princípio, o filósofo inglês Francis Bacon critica a dialética grega, pautando sua denúncia na premissa de que o uso da mente deve ser contido e regulado. Essa rigidez impede a mente de ser ocupada por falsas convicções, pois os homens tendem a valorizá-las quando funcionam e negligenciam seus erros. Dessa forma, é comprometida a constituição de proposições verdadeiras, as quais devem ponderar os aspectos positivos e os negativos.
Comumente, prendemo-nos às nossas noções e não percebemos suas evidentes limitações, que são as falsas percepções do mundo, as quais Bacon chama de ídolos. Essas impedem chegar à verdade, pois as pessoas costumam pensar, erroneamente, que seus sentidos são "a medida das coisas". Conclui, então, o autor de "Novum Organum", que o método não deve ser refutar os princípios, mas encaminhar os indivíduos aos próprios fatos particulares, para que eles mesmos percebam os equívocos e renunciem às suas noções.
A partir desse ponto, pode-se conseguir o avanço da ciência, firmado na regulação da mente e na experimentação.

Heranças cartesianas

Descartes revela a importância de conhecer os hábitos de diferentes povos e daqueles que viveram nos séculos anteriores, para aprendermos a não considerar tudo aquilo que difere de nossos costumes como inferior ou menos racional. Essa análise pode-se aplicar ao próprio autor, cujo pensamento, embora sofra atualmenete contestações, possui alguns pontos aplicáveis à contemporaneidade.
Dentre eles destaca-se a experiência e a prática como princípios da busca da verdade. A ciência ganhou forte contribuição, haja vista que as especulações dos teóricos precisam ter experimentalmente seu caráter funcional comprovado.
Outro ponto relevante é a contestação da veracidade daquilo que lhe é apresentado. A dúvida é o princípio fundamental do método científico de Descartes, pois para encontrar a verdade refuta tudo o que gera incerteza com intuito de descobrir suas falhas e chegar no incontestável. Esse método deve ser aplicado por todos cotidianamente, considerando a excessiva carga de informações a que somos expostos, as quais exigem precauções quanto à sua autenticidade.
A leitura de textos escritos em outras épocas permite observar algumas questões neles constantes, tais como a busca do conhecimento da verdade. Entretanto, as opiniões de grandes filósofos muitas vezes divergem e dessa forma têm início novas discussões, devendo elas pautarem-se na razão, no bom senso e , claro, na experiência.