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quarta-feira, 11 de maio de 2011

A mudança pelo Positivismo

Após as Revoluções Burguesas Liberais - quando governos absolutistas caíram pela força das armas e deram lugar a governos constitucionais – populações carentes dos países europeus, em meio à miséria e a uma exploração imensa ocasionadas pela Revolução Industrial e sob a influência de novas idéias sociais – como o anarquismo e o socialismo –, se rebelaram. Neste cenário caótico, denominado Primavera dos Povos, o século XIX viu um novo viés filosófico surgir: o Positivismo de Auguste Comte.

Pensado como um meio sistemático de se mudar a sociedade, o positivismo se autodenomina o último estágio da construção do conhecimento. Após a superação dos estágios anteriores, que são o teológico e o metafísico – em que o uso de mistificação e da psicologia respectivamente é feito a fim de obterem-se as causas dos mais diversos fenômenos –, a sociedade estaria pronta para usufruir as benesses positivistas. Mas de que modo e com que condições a filosofia positivista seria posta em prática em sociedades reais?

Comte responde a essas indagações nos textos do seu Curso de Filosofia Positiva. O positivismo visa a tornar a humanidade em uma sociedade harmônica, científica e técnica; além de requerer o conhecimento das leis do universo com a interpretação das leis dos fenômenos, não só um mero vislumbramento do mundo concreto. Assim, propõe uma reforma de mentalidade, em que as discussões e indagações metafísicas seriam rejeitadas e substituídas pelas positivas, ou seja, concretas / reais. A fragmentação do conhecimento é muito criticada, sendo requerida uma visão sistêmica educacional, uma visão una das diversas disciplinas.

Nesta mudança na educação, Comte afirma que a camada social proletária estaria mais apta a compreender o positivismo que outra, pois ela tem contato direto com a natureza e não recebeu a formação das elites, majoritariamente metafísica, literária e estética. Essa instrução pública positivista de uma educação universal busca despertar uma visão de conjunto em seus aprendizes. Tal visão se encaixa na idéia de corpo social de Comte, na qual cada integrante da sociedade teria seu determinado papel a ser cumprido. Tendo cada parte operando bem e nenhuma dela buscando o lugar da outra, a sociedade alcançaria os bônus das ciências estática e dinâmica – a ordem e o progresso, respectivamente –, os mesmos presentes no lema da bandeira brasileira, já que, quando mudada na época republicana, o positivismo exercia enorme influência na sociedade deste país.

Pode-se afirmar que o positivismo é a conclusão da revolução crítica iniciada por Bacon e Descartes, visando tornar-se uma ciência da sociedade. Embora haja várias criticas a serem feitas de seu pensamento – como a continuação da exploração e alienação da população pobre –, Comte se instala como um divisor de águas na filosofia ocidental moderna, com sua nova visão de transformação social. Sendo essencial, portanto, a compreensão de suas idéias, a fim de se entender o mundo atual.