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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Greve x Ordem

Greve segundo o Dicionário Houaiss é:
1      cessação voluntária e coletiva do trabalho, decidida por assalariados para obtenção de benefícios materiais e/ou sociais, ou para garantir as conquistas adquiridas e ameaçadas de supressão

2 cessação temporária e coletiva de quaisquer atividades, remuneradas ou não, em protesto contra determinado ato ou situação;

Auguste Comte, ao consolidar a filosofia positivista, explica a greve não como uma patologia, embora maléfica para a sociedade, mas como a expressão de uma patologia, de uma desordem. Por isso, para ele, a função do estado não é reprimir essas revoluções, embora o deva fazer, mas enxerga-las antes que efetivamente aconteçam, e dessa forma, preveni-las.

Sendo assim, as únicas revoluções que podem trazer benefícios são as organizadas pelo Poder vigente, pois trazem ordem e evolução, os objetivos máximos dos positivistas.

Dessa forma, podemos ver na Greve Geral de 1917 a expressão extrema da insatisfação do operariado que une forças com outros setores da economia, sendo, de longe, uma das mais importantes, significativas e gerais greves do Brasil, e segundo o breve relato de Edgard Leuenroth o governo fez de tudo para preveni-la através da força, entretanto, falhando na cura do órgão degenerado, o operário da indústria brasileira.



“…a greve geral de 1917 não pode, de maneira alguma, ser equiparada sob qualquer aspecto que seja examinada, com outros movimentos que posteriormente se verificaram como sendo manifestações do operariado. Isso não, absolutamente não! A greve geral de 1917 foi um movimento espontâneo do proletariado sem a interferência, direta ou indireta, de quem quer que seja. Foi uma manifestação explosiva, consequentemente de um longo período da vida tormentosa que então levava a classe trabalhadora. A carestia do indispensável à subsistência do povo trabalhador tinha como aliada a insuficiência dos ganhos; a possibilidade normal de legítimas reivindicações de indispensáveis melhorias de situação esbarrava com a sistemática reação policial; as organizações dos trabalhadores eram constantemente assaltadas e impedidas de funcionar; os postos policiais superlotavam-se de operários, cujas residências eram invadidas e devassadas; qualquer tentativa de reunião de trabalhadores provocava a intervenção brutal da Policia. A reação imperava nas mais odiosas modalidades. O ambiente proletário era de incertezas, de sobressaltos, de angústias. A situação tornava-se insustentável."



Porém, não se entenda cura por libertação dos operários e possibilidade de mobilidade social, Comte é extremamente cartesiano com relação às engrenagens que compõem a sociedade, e os operários dominados são necessários à ordem que se deseja manter.  A harmonia necessária ao desenvolvimento de uma sociedade está intimamente ligada à capacidade do governo estabelecido controlar sua população, pois somente mediante a ordem alcança-se o progresso.

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