Total de visualizações de página (desde out/2009)

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O Progresso de Comte

 É fato que o positivismo começa a tomar forma nas idéias de Bacon e Descartes, mas somente com as proposições de Augusto Comte ele de fato se estabelece como uma forte vertente filosófica, diferente das demais por seu caráter deveras pragmático e cético. Inseridas , contudo, no contexto de grandes avanços científicos (principalmente no aspecto biológico), as ideias de Comte se mostram um tanto sedutoras, por buscarem utilidades práticas para os objetos de estudo.
 Essa praticidade almejada logo exclui a busca pela razão por trás das coisas, substituindo-a por um estudo das leis que regem o comportamento humano e o universo, para poder consequentemente prever e controlar tais acontecimentos, tornando o homem apto a intervir sobre tais acontecimentos e modificar seu curso, possibilitando a este, portanto, manter a ordem sobre seu meio social e físico.
 Comte ainda afirma que essa ordem é necessária para o progresso de uma civilização, e que só pode ser obtida a partir do momento que seus membros se dispõem a exercer suas funções, por mais injustas que possam parecer à luz das desigualdades sociais. Esse progresso depende ainda de uma evolução espiritual e intelectual de cada indivíduo, evolução esta tida por ele como certa.
 Comte explica que esse desenvolvimento intelectual e espiritual se dá por uma lei, enunciada como "Lei dos Três Estados", segundo a qual nossos conhecimentos passam por três estados diferentes:  o teológico, o metafísico e, por fim, o positivo, sendo os dois primeiros necessários para se alcançar o último.
  O estudo das proposições de Comte mostra, portanto, a importância ímpar deste no estabelecimento de métodos científicos empregados no presente, além de dar continuidade ao raciocínio iniciado por Bacon e Descartes.
Ordem e Pro...blemas com formigas






Guilherme Paim

Busca pela cura social


            O positivismo de Augusto Comte surge como a conclusão da revolução iniciada por Francis Bacon e René Descartes. Essa filosofia é, muitas vezes, entendida de maneira equivocada, como se pregasse a simples conservação da ordem, de qualquer maneira, mas a filosofia de Comte, apesar de não ser nada perfeita, vai além disso. O positivismo carrega a defesa do método e tem sua máxima na busca pela ordem para garantir o progresso.
Comte afirma que é preciso curar as patologias da sociedade para garantir a ordem e, enfim, o bem comum. O positivismo sempre influenciou as políticas brasileiras, principalmente os tempos de governos rígidos e ditatoriais. Não é a toa que as melhores políticas sociais ocorreram em tempos de ditaduras, porque visavam curar as tais patologias sociais a fim de manter a ordem e evitar a revolução. No governo Vargas, por exemplo, foram criados os ministérios da educação, da saúde, do trabalho, todos para manter a ordem. O governador mineiro Antonio Carlos disse na revolução de 1930: “Façamos a revolução antes que o povo a faça”, porque o povo tem na revolução uma idéia de desordem, e esta para os positivistas seria o fim. Até na nossa bandeira o positivismo marca presença: ORDEM E PROGRESSO, ou seja, é preciso diagnosticar os desvios da ordem para garantir o progresso da nação.
Comte estuda também o que ele chama de ‘física social’, ele entende que a fisiologia dos indivíduos influencia os fenômenos sociais, como no caso do livro ‘Os Sertões’, de Euclides da Cunha, no qual, ao contar a história da Guerra de Canudos, dizendo que “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”, mostra que aquela sociedade que mesmo sendo inofensiva, fugia da ordem, das leis e poderia ser um mau exemplo e, portanto, foi exterminada. Um exemplo extremamente atual, que nos mostra muito bem a influencia do positivismo de Comte nos dias atuais é o caso do Pinheirinho, no qual aquela comunidade era vista como uma célula cancerígena no corpo social e poderia influenciar (para o ‘mal’) o resto do corpo e por isso, foi também exterminada. O erro das idéias positivistas atuais é que, não se deve buscar a ordem somente pela força como ocorreu tanto no caso citado (Pinheirinho), quanto na desocupação da Cracolândia na cidade de São Paulo, na qual as pessoas foram simplesmente espalhadas à força, sem que houvesse uma política séria de cura para essa patologia.

Estratificação social.


   Augusto Comte em sua teoria positivista buscava a compreensão das patologias sociais através da análise do real. Não lhe interessava buscar as causas mais íntimas, mas sim as leis que regem essas disfunções da sociedade. Segundo o positivismo a sociedade, assim como os fenômenos naturais, possui leis regulares que regem os fenômenos sociais, seguindo, assim, uma linearidade. Mantendo a linha de pensamento de Bacon, Comte propõe uma filosofia de ação, de intervenção social.
       A máxima positiva “Ordem e Progresso”, estampada em nossa bandeira, não esteve presente só nos períodos de ditadura Varguista e Militar; continua em nosso cotidiano. Para o filósofo francês, cada indivíduo possui seu devido lugar na divisão social. Se este mesmo indivíduo cumprir sua função corretamente a ordem será mantida e o progresso será atingido. Estas são as duas leis lógicas de Comte, a “estática”, a qual seria a manutenção da ordem, e a “dinâmica”, relacionada com a marcha efetiva do espírito humano; ou seja, o desenvolvimento.
       Entretanto, não haveria mobilidade de funções, cada um estaria designado a ficar em seu papel. Essa estagnação seria transmitida também aos descendentes, gerando assim uma sociedade “estratificada”. As revoltas populares podem ser associadas com essa impossibilidade de mudança; se todos são importantes para o bom funcionamento de uma organização por que há diferença de salários? Por que há preconceito da maior parte dos indivíduos com relação ao lixeiro e adoração ao médico? Nossos pensamentos também não estariam “estratificados”?
      Comte, portanto, estava correto ao afirmar que existem leis reguladoras da sociedade, pois, pelo caminhar das coisas, não será neste governo, nem no próximo, nem no próximo, que haverá possibilidade de mudança, mantendo assim a divisão social.