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terça-feira, 14 de agosto de 2012

REDESCOBRINDO O MANIFESTO COMUNISTA DE MARX E ENGELS


A crítica de Karl Marx e Friedrich Engels ao modo de produção capitalista contida no Manifesto do Partido Comunista, ao partir do método materialista histórico, proporciona que se escape de críticas “sentimentalistas”, e por tanto superficiais, do sistema capitalista. Para tal, Marx e Engels, ao longo das páginas do manifesto, realizam um resgate do papel progressivo que a Burguesia cumpria ao longo dos anos de derrocada do sistema feudal para consolidar sua nova reorganização política, social e econômica. 
As transformações engendradas pelo Capital e a Burguesia na sua luta contra todos os resquícios do feudalismo ainda impregnados em muitos países naquela época proporcionou, por outro lado, o desenvolvimento e acumulação das condições para a superação do próprio capitalismo. Em primeiro lugar, com o advento da burguesia, principalmente a industrial, desenvolveu-se um forte proletariado, ou seja, aqueles que não possuíam meios de produção e que tinham apenas sua própria força de trabalho. Se é verdade que no Manifesto Comunista Marx e Engels ainda não vão desenvolver sua teoria sobre a acumulação do capital e mais valia, que serão desenvolvidas só com advento da sua obra “O Capital” alguns anos mais tarde, eles já indicam que, se a sociedade burguesa significava um avanço em relação ao feudalismo, ela também carrega consigo contradições de opressão e exploração:

“A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classe. Não fez senão substituir novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta às que existiram no passado.” 

Muitos elementos de análise que Marx e Engels utilizaram para redigir o manifesto de fato já foram superados por anos de transformações no capitalismo. Talvez a principal mudança diz respeito a transformação do capitalismo de livre concorrência para o que Lênin chamava de Imperialismo, a fase superior do capitalismo, com a exportação de capitais para outras nacionalidades, os choques entre as potências imperialistas e a formação de uma espécie de aristocracia operário.
De todo modo, as premissas básicas contidas na Obra escrita em 1848 ainda se mostram bastante acertadas. Os referenciais metodológicos utilizados por esses dois teóricos, que acima de tudo eram revolucionários convictos na transformação societária, seguem vigentes e auxiliam o pesquisador, independente da área, mas, sobretudo aqueles que compartilham da luta do proletariado, a alcançar seus objetivos de uma maneira muita mais satisfatória. Mais de 160 anos depois de escrito as lições do Manifesto Comunista seguem com seu peso sob os ombros daqueles que o criticam e que tentam menosprezá-lo por que seria um panfleto. Mais do que nunca segue firme a máxima de que "A História de todas as sociedades até os nossos dias não foi senão a história das lutas de classes." Sobre ela, Trotsky, revolucionário Marxista russo, comentava:

“Esta tese, que constitui a mais importante conclusão da concepção materialista da História, em pouco tempo transformou-se em elemento da luta de classes. A teoria que trocava o "bem estar comum", a "unidade nacional" e as "verdades eternas da moral" pela luta entre interesses materiais, considerados como a força motriz da História, sofreu ataques particularmente ferozes da parte de reacionários hipócritas, doutrinários liberais e democratas idealistas.”

Rafael Borges Barbosa Santos  --- Direito  Matutino