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domingo, 2 de setembro de 2012

"Nós não reprovamos porque é crime, mas é crime porque nós reprovamos"


                        É intitulada solidariedade mecânica, aquela consciência coletiva que emana de uma autoridade transcendental e, portanto, caracteriza-se pela passionalidade. Já a solidariedade orgânica é uma conexão interpessoal dada por laços que permanecem pela perspectiva racional do direito.
                 Porém, em pleno século XXI, vemos pessoas que, intitulam-se racionais, e reprovam por consciência coletiva/solidariedade mecânica quem age passionalmente. Logo, os primeiros, de alguma forma, também agem por paixão, só que são amparados pelo direito.
                 Isso ocorre quando, por exemplo, as pessoas tentam fazer justiça pelas próprias mãos, quando à criminosos é imputada uma pena em conjunto á uma vergonha pública, como se com essa atitude, impusessem um instinto de conservação: "Vamos extirpar qualquer iniciativa que pode vir a constranger a sociedade".
                 Um exemplo, o linchamento, ocorreu no Maranhão, assim como mostra a matéria a baixo:

               


                   Casos como esse mostram a necessidade de uma flexibilização do direito como um saber especializado, produto humano que não deriva da consciência coletiva. Quem fere a moral não deve ser julgado nas ruas, e sim com operários do direito com técnica e com ponderada emoção.

Ignorante retrocesso

     Por mais que alguém seja criminoso, ele tem os seus direitos. Esses direitos são defendidos e positivados na Constituição brasileira. Todo réu tem o direito de defesa, inclusive podendo fazer sua autodefesa negando o auxílio de um advogado. Cito esse fato para dar certo argumento de “autoridade” à minha crítica em defesa do direito à voz de Bertrand ao visitar a Unesp Franca como palestrante.
     Bertrand defende ideologias discriminatórias, preconceituosas e até mesmo de desrespeito aos direitos humanos. Seus ideais são contrários aos de todos os unespianos, prefiro acreditar nisso, porém proibi-lo de palestrar não cabe a ninguém. Todos têm liberdade de expressão, e acredito que os “de esquerda” eram os que deveriam defender esse direito a quem fosse.
     Em primeiro lugar, Bertrand deveria ter  tido a oportunidade de expressar suas ideias em sua palestra; que não defendia nenhuma ideologia, por sinal, sendo meramente uma explicação histórica; se fosse o caso ,havendo uma defesa do “racismo” e do “fascismo” como insinuavam os manifestantes que impediram a realização da palestra, aí sim poderia e deveria haver um debate contestando suas palavras.
     Porém, o que vimos na Unesp na última terça-feira foi um ato desrespeituoso, insultando o palestrante. Por mais sem caráter que um indivíduo possa ser  merece um tratamento de respeito e digno. O que me pareceu foi uma série de “Datenas” gritando enfurecidos contra um suposto “assassino” e querendo justiça com as próprias mãos. Isso, ao meu modo de ver, não reflete a modernidade; mas sim um retrocesso.

Ditadura ideológica





O lamentável episódio ocorrido no dia 28/08/2012, onde um palestrante (independentemente de seus dogmas e preceitos) foi agredido verbalmente e quase fisicamente, retrata que o Brasil pouco mudou com a passagem dos anos. O extremismo está cada vez mais presente, opiniões contrárias não possuem espaço e não podem se pronunciar.
Para deixar claro, sou totalmente contra as atitudes de uma pessoa que se autodenomina príncipe, mas mesmo assim não preciso agir como um ANIMAL assim como ele, no máximo estaria me igualando com este senhor. A UNESP é uma instituição com grande representatividade no país e não podemos deixar que ignorantes como estes queimem o nome de uma faculdade que tantas pessoas dão a vida por ela.
A maior vitória que poderíamos ter era intelectualmente, arrasar este membro da TFP (Tradição, Família e Propriedade) através de ARGUMENTOS, afinal estamos na universidade para explorar os nossos pensamentos e reflexões. Se fosse mostrado para "Dom" Bertrand de Orleans e Bragança que seu modo de pensar não é mais compatível com a atualidade, deixá-lo sem respostas, seria motivo de ORGULHO, diferente do qual estou sentindo atualmente, o de VERGONHA.
Além da confusão de causas, como bandeiras do MST, no momento que deram a fala aos "protestantes", ninguém deu a "cara a tapa", mostrou que era um motim sem causa e razão, julgam-se de esquerda, mas posso garantir que NÃO SÃO!
A liberdade que tantos morreram para conseguir foi sufocada, ouvi-lo não significaria estar de acordo com seus preceitos. Como afirmei, se fosse possível assistir uma palestra de Hitler, eu iria! Isso não quer dizer que sou nazista ou preconceituoso, e sim que tenho a curiosidade em saber como aquele "monstro" pensava e seus meios para persuadir a população.
A partir do momento que ocorre uma ditadura ideológica, não existe mais razão para a discussão, voltamos para os tempos antigos, onde uma solidariedade mecânica dita as regras do jogo, e os que ultrapassam seus limites, são punidos de modo brutal e sem raciocínio. Bem vindo ao Brasil no século XXI.

João Pedro Leite - Primeiro Ano Direito Noturno

Farinha do Mesmo Saco

No dia 28 de Agosto de 2012, ocorreria uma palestra na UNESP Franca, sobre a importância da monarquia na formação cultural brasileira, que contaria com a presença de Bertrand de Orleans e Bragança, neto da Princesa Isabel.

Bertrand de Orleans e Bragança, possui opiniões que não cabem mais no nosso tempo. Profere um discurso de ódio, racista, homofóbico, defensor da exterminação dos movimentos sociais.

Essa palestra foi a grande chance que o movimento estudantil teve para provar que Bertrand está errado em cada palavra que diz. Mas não provou. Preferiu usar da truculência que tanto critica na Polícia Militar, e invadiu o auditório xingando o palestrante e gritando as mesmas palavras de ordem de sempre, que nunca fazem sentido naquele contexto, como por exemplo, apontar o dedo na cara do segurança, um trabalhador mal pago e pai de família, e gritar: "NAZISTAS, FASCISTAS, NÃO PASSARÃO!".

Provavelmente, o sujeito  mal sabe o que é nazismo ou fascismo, é livre de qualquer ideologia política, deve ter acordado cedo e pegado um ônibus lotado para chegar ao trabalho. Entende muito mais o que é ser proletário do que qualquer um dos manifestantes ali presentes. Mas não adianta, o manual do estudante revolucionário diz que qualquer sujeito que porte uma arma em serviço é nazista, fascista, e pior, vota no Serra.

Porém, o ocorrido teve um lado positivo. A hipocrisia de um determinado setor do movimento estudantil foi escancarada. Os grandes defensores da democracia e da liberdade de expressão na faculdade, se revelaram tão autoritários quanto aqueles que criticam, e mostraram que no final das contas, são todos farinha do mesmo saco.

Expectativa

Espera-se muito dos estudantes de uma das maiores e melhores universidades do país. Espera-se bom senso, visão crítica, ética, enfim espera-se ,acima de tudo, civilidade dos alunos da Unesp. No entanto, quando há a divulgação de um evento ou palestra cujo assunto aparenta ser mais polêmico, vários colegas automaticamente pensam: Será que certos grupos vão exagerar? Será que vão ignorar os limites da prudência e do respeito?
Na última terça-feira, eu tive a minha resposta. Vi um palestrante ser impedido de falar, a minoria escolher o que pode ou não ser dito e, principalmente, vi hipocrisia. Criticaram ações e discursos antigos do "Príncipe" do Brasil visando defender a democracia, mas a atacaram cruelmente quando censuraram um indivíduo, ora todos têm direito a voz, mesmo os criminosos, mesmo os infratores. 
Há quem diga que não se pode permitir que discursos de ódio sejam ditos e para esses eu tenho uma pergunta: Nós vivemos em uma sociedade que pune um delito mesmo antes que ele se concretize?
Quero deixar claro que considero Dom Bertrand, no máximo, herdeiro da antiga família real e condeno suas atitudes com os homossexuais e com os sem terra, entretanto vou me esforçar para que minhas críticas sempre façam jus a minha universidade e aos meus amigos, vou me esforçar para ser digna de fazer parte da minoria intelectual do meu país.

“Liberdade, Igualdade e Fraternidade"



“Tudo o que é desordem, revolta e caos me interessa; e particularmente as atividades que parecem não ter nenhum sentido. Talvez sejam o caminho para a liberdade. A rebelião externa é o único modo de realizar a libertação interior”
            Jim Morrison

No dia 28/08 houve uma manifestação na UNESP Franca, na qual o descendente da família real Dom Bertrand de Orleans e Bragança, o qual se o Brasil fosse uma monarquia seria o príncipe, foi desrespeitado. Isso é fato que repercutiu na mídia, mas o principal não é ele em si e sim as razões que motivaram o grupo de estudantes a agir daquela forma.
Primeiro, dentre as razões que motivaram estão falas de Bertrand como a presente em seu blog : “Alerta para os efeitos deletérios da Reforma Agrária e dos movimentos ditos sociais, que querem afastar o Brasil dos rumos benditos da Civilização Cristã, que seus antepassados tanto ajudaram a construir no País, hoje assolado por uma revolução cultural de caráter socialista.” Muito mais que uma cisão entre direita ou esquerda é preciso entender que esse senhor tem uma visão completamente anacrônica, preconceituosa e é preocupante no sentido que ainda lhe resta alguma influência, por isso o movimento dos estudantes da UNESP foi relevante, porque deixou claro que em nosso meio acadêmico não há espaço para formação de um antigo regime ultrapassado e preconceituoso.Todavia a forma de expressar suas ideias foi realmente equivocada e desrespeitosa. Era fundamental ter deixado o Bertrand falar e contra-argumentar intelectualmente suas opiniões sobre a criminalização dos movimentos sociais e tantas outras. E depois se houvesse a manifestação esta seria legitimada.
Além disso, muitos contestam o movimento alegando o direto à liberdade de expressão que Bertrand possui, entretanto esse valor não é absoluto, assim como nenhum outro. Não se pode defender o estupro, por exemplo, e este senhor defende concepções homofóbicas e almeja o fim dos movimentos sociais que lutam para garantir os direitos constitucionais. Será que isso não justifica o coro de 200 estudantes indignados pedindo sua retirada? Talvez não, mas como diria Machado de Assis “A ocasião faz a revolução” e nesse caso a atitude dos estudantes foi tomando proporções maiores daquela que eles tinham combinado no Ato- Debate anterior a palestra.
Outro ponto relevante é o segundo maior preceito da democracia que a presença de Bertrand na universidade pública fere: a igualdade. Se há de fato uma igualdade formal no Brasil, então não há espaço para um Estado de privilégios e é totalmente irracional tratar por “príncipe” e “vossa alteza real” já que estamos em Estado democrático de direito e todos merecemos tratamento idêntico pela lei. É inegável que Bertrand faça parte da família de Dom Pedro, todavia isso não faz com que este seja melhor que ninguém.
Por fim, a fraternidade do movimento que é fácil de ser notada, pois antes da vinda de Bertrand para a universidade os unespianos já se organizavam com reuniões, panfletagens e escracho. A vinda de Bertrand foi positiva no sentido que fomentou o movimento estudantil na faculdade e tirou boa parte dos alunos da apatia que estavam inseridos.
Enfim, houve uma manifestação que foi desrespeitosa, mas teve sim suas motivações que não podem ser ignoradas (como foi por boa parte da mídia). Como diria Rosa Luxemburgo: "Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem."