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quarta-feira, 6 de maio de 2015

Relógio mecânico e antiquado

                A pormenorização do mundo, a partir da razão científica de Descartes,  foi de extrema importância para a Revolução Científica do século XVII. No entanto, ela hoje apresenta-se como um método antiquado para se transformar o mundo. Esta é a problemática tratada em “Ponto de Mutação”, filme baseado na obra homônima de Fritjof Capra, a partir do diálogo entre uma cientista, um poeta e um político.

                A cientista, Sônia, apresenta ao político e ao poeta o pensamento sistêmico, no qual o mundo se apresenta interligado, havendo relações de interdependência entre as partes. Assim, ao contrário de Descartes –que acredita no conhecimento prévio das partes para o conhecimento posterior do todo, a Teoria dos Sistemas visa o conhecimento do todo para que se possa analisar e transformar o mundo. Analogamente, faz-se necessário o entendimento de todos os problemas do globo e a compreensão das ligações entre eles, para posteriormente encontrar-se soluções.

                Frustado por perder as eleições presidenciais, o político, de pensamento reducionista-mecanicista, após muito discutir, se vê, assim como o público, levado por ao menos parte dos ideais da cientista. Neste momento há um interessante questionamento: como fazer com que toda a sociedade, em seu caso, os eleitores, compreendam esta forma de pensar? Afinal, após séculos de perpetuação, o pensamento cartesiano está impregnado nas mentes do povo.

                Mudar a maneira da sociedade ver o mundo. Esta vaga resposta dada pela cientista é o desfecho do debate entre os pensamentos sistêmico e reducionista. Ao incitar a necessidade e vontade de mudança no público, o diretor do longa-metragem, Bernt Amadeus Capra, tem como objetivo a reflexão dos indivíduos, que passam a buscar modos de transformar a visão do povo e, assim, colocar em prática as novas ideias apresentadas.

Letícia Solia
1º ano - Direito diurno

As heranças do cartesianismo

A instrumentalização da ciência, a ávida busca do lucro e o rompimento com a consciência coletiva
                                                                                                                                                         
            Certamente, René Descartes possuia boas intenções ao propor, no século XVIII, o inovador método científico que compreendia a aplicação prática da razão - a função da ciência deixaria de limitar-se ao estudo dos fenômenos e passaria a possibilitar o controle da natureza por parte dos homens. O quê de mais maravilhoso poderia acontecer na evolução da classe burguesa industrial senão isso? De fato, os adventos da introdução do método cartesiano de se fazer ciência foram de suma importância na construção da sociedade como a conhecemos hoje - da medicina à engenharia, o homem quase não encontra mais limites biológicos ou terrenos para expandir suas fronteiras; sejam elas físicas ou sociais.
            No entanto, a oportunidade de dominação da natureza em amplos níveis por parte da elite agrária e industrial também inaugurou uma forte problemática: a exploração abusiva dos recursos naturais, aliada ao rápido avanço tecno-científico, viabilizou a produção em larga escala de mercadorias e, por conseguinte, o aprimoramento do sistema de acúmulo de riquezas. De uma perspectiva marxista; o trabalho, antes exercido por necessidade de sobrevivência, passa a ter como finalidade última o lucro daqueles que empregam, baseado na exploração também abusiva do trabalhador, denominada mais-valia. Dominar a natureza passa a ser, desta forma, deter os meios de produção e submeter as forças produtivas.
            Compreendendo a investigação científica como um trabalho e o cientista como o trabalhador, conclui-se que a instrumentalização da ciência, portanto, também implica na instrumentalização do próprio cientista. O filme Ponto de Mutação, baseado no livro homônimo de Fritjof Capra, aborda justamente esse fenômeno através da demonstração de que, na contemporaneidade, o investimento em pesquisa científica é orientado pelos interesses da elite política global; expresso no dilema enfrentado pela personagem Sonia, uma física que abandona os laboratórios após descobrir que sua pesquisa com lasers estava sendo aplicada na construção de ferramentas de guerra. A cientista pretendia que suas descobertas pudessem ser empregadas na busca pela cura de células cancerígenas e, após a frustação, passa a contestar a limitação do método cartesiano e propor sua superação, de forma a romper com a perspectiva mecanizadora da natureza, das relações sociais e do próprio homem.
            Assim faz-se aqui a reflexão de como a ciência moderna e suas aplicações  representam uma efetiva quebra com a noção de consciência coletiva - o subjugo da pesquisa aos interesses internacionais delineiam claramente essa inversão de valores. O investimento científico visando o bem coletivo é dispensado em benefício da criação e aprimoramento de cada vez mais agressivos métodos de dominação cultural, econômica e política. Reforça-se o aspecto predatório da ciência quando se observa que, após obter os meios de dominar a natureza, o homem usa desta para dominar a seus semelhantes e estabelecer o controle hegemônico da sociedade no intuito de manter o funcionamento do sistema capitalista em seu favor. Prejudica-se assim tanto o espaço social, no que se refere ao aprofundamento da desigualdade entre as classes, quanto o natural, referente aos danos à natureza propriamente dita.
            A obra cinematográfica de Capra, então, contrapõe a visão mecanicista cartesiana de mundo à perspectiva “orgânica” que propõe a superação da primeira; através do diálago entre a personagem da cientista Sonia Hoffman e do político Jack Edwards. Para romper com o método falho de orquestramento político-científico, mostra-se necessário abandonar a compreensão do mundo e do homem como uma máquina composta de engrenagens e instrumentos que podem ser removidos e controlados, e passar a vê-los como um organismo vivo, composto de aspectos interdependentes - tudo está relacionado, do nível subatômico das partículas ao macrossocial das relações de poder, como órgãos que, para seu pleno funcionamento, devem colaborar entre si em mutualidade.
            Fica, então, a conclusão de que, embora a ciência possa ser um instrumento fantástico, limitá-la a um instrumento de dominação é extremamente nocivo e privador - a sociedade evoluiria muito mais caso o interesse científico se libertasse do mundo privado, sustentado pelo sistema capitalista de produção, e pudesse exercer suas aplicações em plenitude, alcançando e satisfazendo as necessidades de todos os homens.

                                                                                               Gabriella Di Piero
                                                                                               1º ano de Direito (diurno)
                                                                                               Introdução à Sociologia

Metamorfose do juízo

    A ciência analítica proposta por Descartes e Francis Bacon nada ajuda hoje em dia e subverte nossa visão de mundo,provocando problemas sociais, individualismo e falta de solidariedade.Essa é a proposta do filme "Um ponto de mutação" ,de Bernt Capra,baseado no livro de Fritjof Capra.Assunto em voga na sociedade atual,teoriza acerca dos cernes da ciência atual e das questões relativas a sociedade moderna capitalista urbanizada.
   Precipuamente,uma das questões principais consiste no conhecimento humano,o qual,de acordo com os três personagens do filme,está muito diferente das ideias propostas do Descartes e Newton.Se, por um lado, positivamente, eles acabaram com as amarras do pensamento teológico,por outro vários eventos de elevada importância já ocorreram,o que mostra que tal teoria não se enquadra mais no presente momento.
    Nesse aspecto, o que a cientista ,o dramaturgo e um candidato a presidência não-eleito admitem é uma sociedade interligada,onde todas as partes se influenciam mutuamente para formar o todo.Dessa maneira,instiga o ser humano a observar sua própria conduta, qual seria a sua contribuição?Seria esta um ente benigno?Ou maligno?.São tais questionamentos e reflexões que nos perseguem até os dias atuais.
    Dentro desse contexto,o que fica evidente é o egoísmo do ser humano,o qual dentro da lógica capitalista urbana,age somente pensando a si próprio e desconsiderando,muitas vezes,a sobrevivência de seu semelhante.Como é visto e vivenciado por todos inúmeros exemplos de tais conjunturas: mendigos jogados nas ruas passando fome e frio,crianças abandonadas,favelas que se expandem...
    É dessa forma que fica clara a crise social em que vivemos.onde o egoísmo se estampa na cara de cada um e a solidariedade atinge índices insignificantes.Assim,resta-nos primeiro ponderação e ,depois ,mudança,uma vez que até qual ponto a lógica baseada na razão,adquiria pelo sistemas filosóficos já ultrapassados,nos controlará? Nos tornaremos mais mecanicistas do que já somos? Isto seria possível? A solidariedade,fraternidade e igualdade seriam valores esquecidos? .São questionamentos que poderão se tornar realidade um futuro bem próximo casa nada seja alterado.



                                                      Maria Izabel Afonso Pastori.
                                                                           Direito-Noturno.

Mutação no Pensamento Humano


Superestimando a razão humana, Descartes inaugurou um pensamento cientificista que, ao mesmo tempo que assola os homens na contemporaneidade, é ainda muito partilhado por eles.  Trata-se da difusão da ideologia do mundo-máquina, metaforizada por um relógio, a partir da qual passamos a encarar todos os seres vivos e coisas como peças soltas de um sistema, ignorando suas peculiaridades , necessidades e importâncias. Um exemplo atual e perceptível dessa visão é o desenvolvimento da Medicina que, cada vez mais avançada e tecnológica, materializou a possibilidade de “corações artificiais” para aqueles que têm problemas cardíacos, sem, no entanto, preconizar mudanças efetivas no estilo de vida das pessoas que pudessem prevenir tais remediações extremistas.
É exatamente essa concepção individualista e pragmática da vida que o filme “O Ponto de Mutação” tenta combater ou pelo menos questionar. Na obra, há o político - que opera sem hesitar conforme os preceitos cartesianos – e a cientista que, apesar da profissão, é adepta a uma forma mais orgânica de posicionamento dos homens diante do mundo, o que gera uma interessante reflexão. Segundo a personagem feminina, é urgente que haja uma “mudança de percepção” nas pessoas que ela mesma adquiriu a partir de decepções causadas pela ciência utilizada de modo inadequado, como a tecnologia da radioatividade aplicada nas bombas atômicas. Tal mudança aconteceria a partir do momento que abandonássemos o pensamento mecânico de Descartes para adotar uma nova visão de mundo essencialmente integrado e coeso.
Esse mundo, também chamado de ecológico, é baseado na Teoria dos Sistemas Vivos (sistemas sociais e ecossistemas), no qual haveria um real entendimento dos seres como parte de um todo que se mantém, se renova e se transcende, abandonando a ótica patriarcal, newtoniana e cartesiana de “fragmentação” do mundo em prol da visão holística em que todos os seres estão interligados. Dessa forma, é destaque também que os sistemas estão - assim como afirmou Heráclito – em contínua mudança, mas sem alteração em seus padrões de organização, o que faz com que a verdadeira dinâmica evolutiva ocorra não pela adaptação, e sim pela criatividade.
Assim sendo, é novamente questionável a lógica inatista e racionalista de Descartes, que limita o conhecimento aos âmbitos da razão. Afinal, se as criações e inovações são fundamentais para a evolução, é primordial que se aplique os conhecimentos obtidos pela experiência, conforme afirmava Bacon, opositor de Descartes, na obtenção dessas mudanças. Com isso, diante das conseqüências vistas nos “corações artificiais” e nas crianças que morrem de inanição para que seus Governos paguem suas dívidas econômicas ( exemplo citado no filme), ter-se-ia a obrigatoriedade de aplicar de fato uma nova lógica – tanto na ciência, quanto na política – que fosse mais harmônica, e não apenas pautada nos mecanismos do hábito.

Olhos de ver, olhos de olhar, olhos de enxergar?

        A abordagem do filme “Ponto de Mutação”, do diretor Bernt Capra, pauta-se em uma das teorias propostas pela física (Sonia) que compreende em solucionar a crise que desencadeia todas as outras: a crise de percepção sofrida pelo homem moderno.                                                                                          A passagem de tempo é algo inexorável. Como já definia Heráclito em sua teoria do Devir: “o que é, enquanto é, não é, porque muda”. Nessa linha de raciocínio, quando chegam à ilha medieval francesa, o senador e possível candidato à presidência dos Estados Unidos, e seu amigo poeta se deparam com vestígios de tempos remotos. E ao encontrarem a cientista referida, passam a debater sobre temas que envolvem o homem em relação com o meio no qual habita. 
     Pode-se perceber, a partir das discussões presentes no filme, que a falta de percepção humana possibilita-se estar associada à transformação do tempo em algo mecânico. Assim, a vida passa a ser meramente vivida sem haver a emoção do existir. Com isso, os problemas como o desmatamento de florestas à proporções inimagináveis, a fome que se alastra de forma desastrosa, entre tantos outros que afetam o mundo todo, deixam de ser perceptíveis, mesmo que isso pareça impossível.
     Segundo o poeta inglês William Blake: “Se as portas da percepção se abrissem, tudo apareceria como é”. Dessa forma, de acordo com a temática desenvolvida na obra artística em discussão, pode-se utilizar como guia para tal feito, a razão. Esta é apresentada por Francis Bacon como o caminho para a verdade, um condutor do ser humano, além de servir como método de explicar o mundo em que se vive. De fato, aumentar a dosagem de racionalidade no homem moderno o faria sair de sua “zona de conforto” de viver de forma mecânica, automática, sem ao menos questionar o mundo ao seu redor.
     Salienta-se ainda a teoria dos sistemas vivos defendida pela cientista referida, a qual consiste em analisar criticamente qualquer objeto, animado ou inanimado pelo todo, e não em segmentos. Por outro lado, a vida não é condensável, portanto, como poderia ser analisada como um todo? Assim, percebe-se que a tentativa de caráter cartesiano de aplicar essa concepção à vida, não seria válida.
   Com efeito, em relação à problemática humana de apenas ver sem sentir, ocasiona uma característica inerente a boa parte da população atual: inércia no tocante aos problemas da humanidade em geral. Desse modo, a abordagem permite o questionamento pessoal de como se tem agido.
                                                                                                                            Gabriela Cabral Roque
                                                                                                                            Introdução à Sociologia 
                                                                                                                              1º ano - Direito diurno



As estrelas sem fim

“Sou só uma rede vazia diante dos olhos humanos na escuridão e de dedos habituados à longitude do tímido globo de uma laranja. Caminho como tu, investigando as estrelas sem fim e em minha rede, durante a noite, acordo nu. A única coisa capturada é um peixe dentro do vento.”
 Os Enigmas, Pablo Neruda.

O filme Ponto de Mutação, de Bernt Capra, é uma adaptação da obra homônima de Fritjof Capra. A obra se passa nos anos 90, onde a percepção da produção e do consumo massificados era parte intrínseca do coletivo. Por essa contextualização, percebe-se como a consciência ecológica ainda era pouca expressiva. Dessa forma, o filme trouxe ideias revolucionárias para a época, apresentando a visão holística e sua forma de interpretar o mundo.

O foco principal da obra é uma discussão entre três pessoas que, ao apresentarem seus diferentes pontos de vista, refletem sobre a existência humana e os efeitos e implicações que determinadas correntes do saber têm na natureza e na sociedade.

A personagem Sonia Hoffman, uma física que se afastou do trabalho por questões éticas, mostra para o político Jack Edwards como a visão de mundo dele é simplista e ineficiente. Jack diz ser um homem prático, mas na verdade, procura respostas prontas, muitas vezes baseado em correntes mecanicistas (uma herança cartesiana). Sonia defende o pensamento holístico, que prega que o homem e suas ações não podem ser entendidos por uma análise separada: as partes compõem o todo e o todo regula o comportamento das partes.

O terceiro personagem da trama, o poeta Thomas Harriman, não se posiciona imediatamente a respeito da questão que seus companheiros tão avidamente discutiam. Porém, ao final do dia, expressa que o pensamento holístico, ao sistematizar a vida, também se torna simplista, ineficiente e está destinado a encontrar respostas prontas.

“(...) me sinto tão reduzido sendo chamado de sistema quanto sendo chamado de relógio. A vida não é condensável assim.”
Thomas Harriman, personagem de “Ponto de Mutação”.

Assim, o poema de Neruda, que Harriman cita no filme, indica como a amplitude é algo próprio da natureza e da vida, ao contrário do que afirmam pensamentos reducionistas como o mecanicista de Descartes e o holístico que Sonia tanto defende. Investigar as estrelas sem fim seria, de fato, investigar o homem, suas ações e seu mundo sem respostas prontas. Somente assim seria realmente possível tratar as mazelas da humanidade de forma eficaz.

"Mas lembre-se: a vida sente a si mesma. Diferentemente de suas palavras, talvez e até com as melhores intenções, você errará se esquecer de que a vida, a vida é infinitamente mais que as suas ou as minhas obtusas teorias a respeito dela."



Lívia Armentano Sargi
1° ano, Direito diurno

Percepção do outro


O enredo do filme "Ponto de mutação", obra baseada no best-seller de Fritjof Capra, parece simples ao primeiro olhar: uma conversa entre três personagens, o político frustrado com o sistema eleitoral americano, a cientista física decepcionada com o uso militar dado a sua pesquisa e o escritor que se sente em crise de meia idade. No entanto, questões muito profundas são debatidas por essas três personagens, mostrando como a humanidade tem seguido um rumo obscuro, desprovido de profundidade. 
O debate do filme inicia-se pela discussão do método mecanicista proposto pelo filósofo René Descartes, no qual cada fragmento do mundo deve ser estudada, analisada e compreendida separadamente, dando ênfase na parte para chegar ao entendimento do todo. Entretanto, a cientista argumenta contra essa visão de mundo, alegando que ela foi importante na época em que foi proposta, mas que se mostra ineficaz na atualidade. De modo que propõe assim a teoria dos sistemas vivos, onde todos os seres devem ser analisados como essenciais na sociedade e devem se sentir parte dessa. 

A questão debatida se mostra muito atual, visto que a organização social ocidental tem cada vez menos uma consciência de unidade, pois a preocupação principal é com o individual. Cada vez mais nos centramos em agradar nossos anseios, sanar nossos desejos, atingir nossos objetivos, realizar nossos sonhos, e nos dedicamos menos a auxiliar nossos semelhantes ou até mesmo a conviver com eles. Colocamos a nossa existência acima de qualquer relação ou comunicação que poderia ser efetivada, esquecendo-nos de que o verdadeiro conhecimento e entendimento da nossa natureza só pode ser atingido através do convívio, do debate e da troca de experiências. Quando nos colocamos acima dos outros, estamos apenas nos privando de conhecer outras visões de mundo, desmerecemos a formação da nossa própria sabedoria. Desse modo, precisamos repensar a sociedade e toda sua teia de relações.

Giovana Galvão Boesso- 1º ano, Direito diurno.

A parte ou o todo



     O filme Mindwalk- O Ponto de Mutação baseado no livro de Fritjof Capra traz aos espectadores uma ferrenha crítica ao cartesianismo e à forma como o homem moderno enxerga o mundo ao seu redor. O enredo consiste em uma conversa de três pensadores com visões de mundo diferentes: uma física decepcionada com os rumos que seus projetos científicos tomaram, um político que perdeu as eleições para a presidência dos EUA e um poeta que, devido a problemas pessoais, deixou os Estados Unidos e se isolou em uma ilha francesa.
     É nesta ilha que se passa a discussão dos três sobre o mundo atual. Ao se depararem com um relógio antigo a física, Sonia, afirma que o mundo atual é visto sob uma concepção mecanicista iniciada por Descartes. Sob essa visão as pessoas particularizam as coisas e não buscam entender seu todo, deste modo concertam uma parte de cada vez e jamais resolvem completamente o problema,já que ao ajustar uma peça outra torna-se deficiente e o conjunto continua não sendo tão eficaz.
     Olhando pela perspectiva da cientista percebe-se que a visão cartesiana não abrange mais as necessidades do mundo contemporâneo em que as relações humanas passaram a ser muito dinâmicas e interrelacionadas, estudar as partes,pois, seria ineficaz  já que não resolveria de fato os problemas das sociedades atuais. Sob esse ponto de vista infere-se que há a necessidade de um novo modo de criar ciência e interpretar o mundo,que possa ser compatível com a realidade atual.
     Mas como seria tal método? Assistindo ao filme vê-se que,segundo Sonia,que representa a busca por esse novo método, o grande problema dos países subdesenvolvidos está no fato de terem que optar por pagarem suas dividas ou deixarem suas crianças morrerem de fome.Contudo tal problema não se limita ao país que têm divida externa e grande mortalidade infantil,mas também aos vários órgãos e países por trás dessa decisão,que fazem pressão para o pagamento da dívida. Percebe-se nesse momento que para ser solucionado o entrave não deveria ser visto só pelas partes -o país subdesenvolvido- mas sim pelo todo - todos os países e órgãos envolvidos na dificuldade. Nota-se então que o novo método que serviria de base para permear as questões atuais deveria ter como ponto de partida a idéia de uma perspectiva global,do mundo todo, e não particular.
     Entende-se então que o tal ‘ponto de mudança’ seria o momento em que ocorreria a transformação da forma cartesiana,mecanicista de observação do mundo para esta forma mais atual,capaz de se encaixar aos anseios da vida contemporânea a fim de resolver suas questões e melhorar as relações sociais numa perspectiva ampla,geral e não somente no particular.

                                     Bruna Krieck Farche-1º ano Direito -Diurno




















                                             

A ideia do estudo das partes e do todo

    Engrenagens, molas, ponteiros, cristal, rolagem, corda, bexiga, cérebro, braços, olhos, estômago, células, átomos: relógios e pessoas podem ser divididos em suas pequenas partes, que os compõem como um todo. Essa divisão, quando usada para estudo detalhado do todo, é o método científico descrito pelo filósofo grego Descartes, que defende essa divisão, como o melhor método para, depois de conhecidas as partes, compreender o todo.
    Essa questão do método científico cartesiano e do “estudo mecânico” é discutida no filme “Ponto de Mutação”, no qual a cientista Sonia Hoffmann, juntamente com o político Jack Edwards e o poeta Thomas Harrimann discutem sua eficácia. Seria mesmo a divisão em partes o melhor método para entender o todo? Esse estudo detalhado consiste em analisar as funções das partes, para, quando juntas, ter-se a ideia do todo. Mas, o rearranjo das partes, contendo as mesmas partes, não resultaria em “outro todo”? E sendo este diferente do primeiro, sua compreensão e funcionamento não seriam diferentes?
    No poema “Ao Braço do Mesmo Menino Jesus Quando Appareceo”, de Gregório de Matos:

“O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga, que é parte, sendo todo”

    No que se diz respeito aos estudos das partes, essas são essenciais para a formação de um todo, pois, sem as partes, não há o todo. O mesmo se diz sobre a análise do todo, que não se faz todo se não for formado de todas as suas partes. Sendo assim, o método científico cartesiano que busca compreender e generalizar a partir do estudo de cada um de seus conteúdos separadamente nem sempre pode resultar em uma resposta aplicável à totalidade do objeto de estudo.

Júlia Veiga Camacho
1º ano Direito Diurno

"Que teu alimento seja teu remédio e teu remédio seja teu alimento"

Nesta terça-feira (28/04) a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei o qual coloca fim á obrigatoriedade do símbolo que indica transgenia nos alimentos geneticamente modificados (OGM’s) com composição inferior a 1% destes no produto final. Além disso, nenhum derivado de origem animal alimentados com grãos transgênicos terá a necessidade de informar isto ao consumidor. Inconformada pela violação do meu direito de saber especificamente o que irei ingerir, reforço a mesma questão levantada pelo filme e pelo livro “Ponto de Mutação” de Bernt Capra: Se nossa agricultura nos alimentasse melhor em vez de desmatar a Amazônia para criar gado, a carne vermelha, que é uma das maiores causas dos enfartes, talvez não gastássemos tanto dinheiro com corações artificias.”
Como pensar em algum modelo de sustentabilidade se segundo o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC), relator da matéria na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, “nós não podemos, nós mesmos, criar obstáculos para o consumo dos nossos produtos. O agronegócio é que alimenta o país”? Como viabilizar uma ideia de horizontalidade, de equidade, dentro de um sistema que promove por lei uma concentração não apenas de terra, mas de capital e tecnologias? Nos moldes liberais, o incentivo ás culturas transgênicas impossibilitam a concorrência do pequeno agricultor no mercado, vendo-se obrigado á sucumbir aos grandes deste ramo. É justo fomentar á Monsanto mais e mais propriedades agrárias, sendo que já somos o 12º país no ranking mundial de concentração de terra?
Quão contraditório é um sistema que permite 0,8g de Sorbato de Potássio (conservador, antioxidante e estabilizante) por litro de produto e financia eventos anuais de “Virada Esportiva” pelo território federativo? Como não apresentar perplexidade com o aumento de 38,1% de novos casos de câncer ao longo de uma única década e o Sistema Público de Saúde não atender a demanda necessária?  Como se torna aceitável um modelo o qual promove a morte de 500.000 (meio milhão) de animais a cada hora para atender a indústria alimentícia? A crueldade e desrespeito para com todos os seres vivos neste ramo são tamanhos que o sistema criado pelo próprio homem volta-se contra o mesmo (a despeito dos 900 mil infartos ao ano no Brasil e a principal causa ser o consumo de carne vermelha).
A solução não é aumentar áreas de Reservas Legais ou a quantidade de corredores ecológicos enquanto um campo de futebol de árvores é retirado por segundo na nossa Amazônia. A solução não é criar programas de distribuição de terra e renda, enquanto gigantes multinacionais exploram nossa fauna, flora, recursos minerais e energéticos sem barreiras legais. A solução não é aumentar o número de feiras de adoção enquanto não existir o entendimento de que a vida de um boi, de uma vaca ou de um suíno vale tanto quanto a de um ser humano. A biodiversidade global não é composta por peças únicas de lego. Somos uma teia. Consertos pontuais não são suficientes para permitir ás gerações futuras que usufruam dos mesmos bens que nós, somos um GLOBO e essa é a consciência que nos falta.

“Que teu alimento seja teu remédio e teu remédio seja teu alimento.
O corpo cura por si mesmo. O médico é só um assistente da natureza.”
(Hipócrates – 460-377 a.C)

Giulia Dalla Dea Vatiero
Direito Diurno - 1º ano

Da insignificância humana

Pobre coitado 
cientista isolado.
Tão inocente e
tão respeitado.

Assim raciocina:
"Pensar e existir, sinônimos são.
Sentir por sentir? pagã ocupação."

Por em demasia cismar,
não tarda a tudo ignorar.
Ignora a imprevisibilidade da psique humana e prevê a queda dos líderes e o rumo dos povos.]
Ignora a flutuação econômica e prevê resoluções para o déficit orçamentário do ano que vem.]
Ignora a organicidade de sua existência ao estabelecer especificidades para dominar o que o circunda.]
Ignora suas próprias pretensões, divagações, alucinações, exasperações, irritações, atrações, vocações, inspirações,] limitações, abstrações, afetações, contemplações, consternações, impulsões, sensações e até mesmo suas ereções,]
o que - é claro - não é suficiente para interromper seu tão nobre lavor.]

E, do aconchego do claustro, persiste trabalhando,
enquanto ignora o fato de que a terra é azul 
e não há o que ser feito a respeito disso.

André Rodrigues Pádua
1º ano Direito diurno

Os Mecanismos do Relógio

Um relógio é uma máquina. Máquina de medir o tempo. Tempo esse mecânico.
A película de Bernt Capra intitulada originalmente "Mindwalk", e traduzida para o português como "Ponto de Mutação", foi lançada em 1990. Ela nos traz, de maneira sagaz, uma discussão deveras interessante, abordando vários temas que angustiam nossas almas, tendo como condutor principal a visão de mundo que temos. Ambientado no belíssimo Monte Saint-Michel, o filme nos conduz, através das personagens (dotadas de um mínimo, mas suficiente background), em um questionamento profundo do modo como desenvolvemos a ciência. 
A personagem principal, Sonia, é uma cientista em uma espécie de reclusão, que lê buscando nas produções humanas um conforto, uma resposta, um alívio para sua decepção profissional. Isso porque ela descobre que sua pesquisa com lasers está tendo seu propósito inicial(que seria o bem comumatravés de avanços na medicina) deturpado com finalidade bélica. 
Ao se encontrar com um político norte-americano deprimido com derrotas em sua carreira, e seu amigo poeta, Sonia inicia com eles um debate em alto nível. Ela expõe as limitações que a visão cartesiana impõe aos avanços da sociedade: esse método consiste em enxergar a realidade como uma grande máquina, e assim sendo, seria possível dividir e analisar pequenas partes, e depois dizer que se entende o todo. Já a crítica que traz a personagem principal consiste no fato de que a realidade é muito mais complexa e está repleta de interligações. Por isso não seria possível entender o todo estudando apenas as partes. Como exemplo temos o problema da fome na África: existe ausência de alimentos, causada pela gestão do governo, que por conta da pressão dos bancos, prefere pagar suas dívidas a tentar resolver o problema da fome. 
Nesse aspecto o enredo do filme se sustenta muito bem, tornando a narrativa relevante mesmo vinte e cinco anos depois de sua produção. 
A obra, no entanto, parece arrastada em alguns momentos, principalmente por falta de um conflito mais convincente, pois a personagem do político americano tem poucos argumentos a seu favor, e acaba repetindo de maneira exaustiva as poucas idéias que possui, o que não pode ser descartado como algo proposital, com o intuito de demonstrar a limitação do método cartesiano.

Jansen R. Fernandes 
1 Ano Direito 

Questionamentos e debate

  O que é a vida? O que é o mundo? Seria a resposta dessas perguntas mais simples do que aparenta ser? No filme "Ponto de Mutação" não encontramos respostas e sim mais perguntas. O espectador desatento então poderia afirmar que o longa-metragem não possui tanta utilidade por não apresentar a solução das problemáticas apresentadas, no entanto é possível analisarmos por outro ângulo.
  O objetivo do filme em questão não é o de nos esclarecer necessariamente sobre o tema abordado, ou seja, sobre uma outra forma de percebermos o mundo a nossa volta, mas sim provocar e questionar, dessa forma nos fazendo refletir sobre as questões mais profundas e até mesmo de nosso cotidiano.
  Sendo assim, podemos entender então que o "Ponto de Mutação" adota uma forma de não só provocar aquele que o assiste, como de certa forma promover o debate dos acontecimentos intrínsecos ao cotidiano, através da discussão que se mostra no filme entre três personagens que acabam se tornando próximos, fazendo com que o espectador se sinta a vontade com o diálogo das personagens e desta forma seja impulsionado a estabelecer argumentos para qualquer que seja a posição adotada por ele sobre as questões levantadas.

Iago de Oliveira Taboada
Direito Diurno - 1°ano

Percepção Humana - Um Rélogio Obsoleto

O filme “Ponto de Mutação”, dirigido por Bernt Capra e baseado no livro de mesmo nome escrito por Fritjof Capra, através de diálogos de três personagens (a cientista Sonia Hoffman, o político Jack Edwards e o dramaturgo John Heard) procura despertar-nos para a necessidade da adoção de uma nova visão de mundo, criticando a predominância do pensamento cartesiano no mundo atual como uma visão mecanicista ultrapassada e até mesmo nociva sem, no entanto, desconsiderar a importância desse pensamento no tempo de Descartes.

É inegável a contribuição do paradigma de Descartes no século XVII, que libertou a mente humana do controle e do monopólio do conhecimento por parte da Igreja e serviu posteriormente como fundamento para a formulação do método científico tal como conhecemos hoje. O paradigma cartesiano é bem ilustrado no filme com a metáfora de um relógio. O universo, assim como o relógio, deve ser dividido em pequenas partes visando facilitar o estudo e a análise, estudando-as separadamente, obtendo dessa forma, uma compreensão melhor do todo.

No entanto, apesar da ciência e da sociedade terem evoluído e se transformado consideravelmente desde então, a visão de mundo e a percepção humanas não tiveram o mesmo processo. Assim, as principais crises do mundo contemporâneo – desigualdade entre os Estados, problemas ambientais, doenças sem cura, preconceitos de toda espécie – se resultam da percepção mecanicista obsoleta e nociva, que se fundamenta na separação entre os eventos, pessoas e coisas. Com isso, a cientista Hoffman chama a atenção para a necessidade da adoção de uma nova visão de mundo e apresenta a Teoria dos Sistemas Vivos que, em vez de se concentrar nos blocos básicos, essa teoria pensa nos princípios de organização. Em vez de dividir as coisas, ela olha para os sistemas vivos (seres vivos, sistemas sociais, ecossistemas) como um todo. A teoria dos sistemas reconhece as relações de interdependência entre os seres como a essência de todas as coisas vivas.


Portanto, para a superação dos problemas modernos é necessário uma mudança não somente em áreas específicas da sociedade, mas uma mudança na percepção humana das coisas, no todo. Ainda utilizando a metáfora do relógio e suas partes, não adianta consertar apenas uma peça do seu circuito de funcionamento, ela irá quebrar de novo em um segundo, pois o que a conecta foi ignorado. O relógio “percepção humana” está obsoleto e precisa ser trocado.

Lucas Camilo Lelis
Direito Diurno - 1º ano

Sincronicidade VS Mecanicismo


“Todos os problemas são partes de uma crise, uma crise de percepção.”
Sonia Hoffman, personagem do filme “Ponto de mutação”

  Durante o filme “Ponto de mutação”, o telespectador é posto em contato com uma oposição entre visão e perspectiva de uma determinada situação. Tal oposição se dá a partir do discurso de uma das personagens, quem traz à tona a ideia de potencialidade em oposição à realidade, ou seja, apenas a visão de um determinado fenômeno não confere necessariamente a apreensão total do mesmo, para tanto, é necessário que seja estimada a potencialidade daquele fato, suas conseqüências ao longo de uma cadeia de acontecimentos.
  Ao decorrer da história, é apresentado o conceito de mecanicismo, que baseia-se na teoria cartesiana da “árvore do saber” de conhecimento. Um exemplo do mecanicismo seria comparar o corpo humano com uma máquina, compartimentando-o a fim de entender melhor o funcionamento de suas partes. Logo, o mecanicismo é um sistema de análise dos fatos baseado na visão.
  Em oposição, sustentando a teoria da personagem Sonia, pode-se trazer o conceito de sincronicidade, cunhado por Carl Gustav Jung, quem diz que “o princípio da causalidade nos afirma que a conexão entre a causa e o efeito é uma conexão necessária. O princípio da sincronicidade nos afirma que os termos de uma coincidência significativa são ligados pela simultaneidade e pelo significado”. Ou seja, Jung endossa a importância de uma forma de análise dos fatos baseada na perspectiva.
  O ensino do Direito no Brasil, em sua generalização, pode ser considerado ainda um ensino de visão. Ao estudar separadamente o código de leis, sem embasamento teórico além da interpretação das mesmas, o discente não apreende aspectos fundamentais, não desconstrói preconceitos e rompe com o mecanicismo, não ganha a percepção real das causalidades e conseqüências, não apreende a sincronicidade dos fenômenos ao seu redor.
   Embora o sistema cartesiano seja importantíssimo para a consolidação do conhecimento e tenha sido a base da elaboração de uma doutrina que rege o racionalismo, com a nova ordem mundial, deve-se conceber o mundo como um local totalmente interligado, no qual todas as crises têm ligação (Fenômeno facilmente observado com a última crise econômica americana) e toda problematização deve ser analisada por meio de perspectivas, levando em conta a sincronicidade dos fenômenos. Dessa forma, o mundo poderá ser analisado em sua pluralidade e conflitos da humanidade poderão ser paulatinamente desconstruídos.

Mariana F. Figueiredo
1º ano de Direito (Diurno)
Necessidade da Mutação

O filme Ponto de mutação, de Brent Capra, analisa a visão cartesiana e conclui que essa não se aplica para os padrões e necessidades mundiais atuais. Nele os três protagonistas, uma física, um político e um poeta indagam, questionam e ponderam sobre uma série de teorias estabelecidas por filósofos e cientistas.
Por que a necessidade de um investimento massivo em tecnologia na área da saúde enquanto se privilegia o consumo de carne bovina, uma das responsáveis por complicações cardíacas quando ingerida em excesso, e por que se desmata intensamente para realizar a manutenção desse modelo? A solução para essa, entre outras dúvidas, seria analisar o todo. Não se pode permanecer engessado a ideologias passadas em que a solução isolada de determinados problemas e obstáculos irão trazer a solução. A globalização complexou e intensificou profundamente a relação do homem com a natureza. Portanto o mundo esta enquadrado em uma “teia inseparável de relações”.
Analogias a Shiva reforçam essa necessidade de mudança, uma vez que o deus hindu simboliza a destruição e a degeneração, ou seja, a dissolução do velho para a elaboração do novo.

Entre sistemas vivos e máquinas

          O longa-metragem “Ponto de Mutação”, dirigido por Bernt Capra e baseado na obra de Fritjof Capra, tem como ponto principal a discussão sobre a necessidade de uma nova percepção de mundo. Esse debate acontece por meio de um diálogo, que se passa durante o filme inteiro, entre as três personagens principais: uma física quântica, Sônia; um político, Jack; e um poeta, Thomas.
       Sônia, logo que entra em cena, já demonstra seu pensamento anti-cartesiano. Ela afirma que Descartes via a natureza como um grande relógio e que, para ele, a melhor forma de entendê-la seria desmontando-a em pequenas peças, e, depois de analisá-las minuciosamente, seria possível entender o todo. A física era contra essa maneira fragmentada de se estudar o mundo, pois, por influência de seus estudos na área molecular, ela acreditava ser melhor analisar o objeto de estudo como um todo para poder dar ênfase na relação dele com os outros à sua volta.
           Contudo, será que sem essa fragmentação teria sido possível tanto avanço científico? Estudar um objeto como um todo é importante para se entender a relação entre todas as peças que o compõe e com os outros ao seu redor, porém, se houver fragmentação, o estudo será muito mais aprofundado, especializado e detalhado.
             Sônia se posiciona também contra o racionalismo de Francis Bacon, pois ele, de acordo com a física, argumentava que os cientistas deveriam torturar a natureza utilizando seus aparelhos com a finalidade de obter seus segredos. Hoje, com tantos avanços na área de ecologia e tendo consciência de que muitos recursos naturais são finitos, é estupidez pensar que a natureza deve ser torturada para proveito do homem, pois, fazendo isso, ele estaria torturando a si mesmo.
          Jack questiona, em algum momento do longa, como deveriam ser aplicadas no âmbito político a teoria de Sônia de que todos pertencemos a um grande sistema vivo que não pode ser fragmentado. Ela reponde que não adianta resolver problemas isolados, como a fome na África, ou o desmatamento da Amazônia no Brasil, é preciso mudar a visão de mundo das pessoas, já que todos os problemas mundanos seriam fruto dessa falsa percepção. Todavia, como estratégia política, essa ideia beira o impraticável. De que modo um político argumentaria, por exemplo, que não iria resolver o problema da fome em um país, pois isso se trataria de um fragmento de um problema maior que deveria ser resolvido mudando a percepção de cada um?
             Ao fim desses devaneios, o poeta exprime seu desconforto ao ser visto como mero objeto de estudo. Ele conclui que tanto ser chamado de sistema, como de máquina, fazia com que ele se sentisse reduzido, o que é desesperador para o ego humano.

                              Beatriz Mellin Campos Azevedo
                               1º ano, direito diurno