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sexta-feira, 18 de agosto de 2017

A linha tênue da opinião

O processo de imposição da padronização que nos é determinado em certas condutas e maneiras de pensar, ainda que tenhamos uma “consciência individual”, é refletido na ilustração acima. Para Durkheim as estruturas sociais atuam de modo independente, condicionando as ações dos indivíduos, ou seja, a pessoa é muito influenciada pela sociedade em que vive, ocorrendo uma padronização das ideias, crenças e sentimentos. Portanto há uma linha tênue de difícil diferenciação entre a consciência coletiva e a individual. Entretanto, no desenho acima é evidenciado um suposto comportamento anômalo de uma criança causando espanto na sociedade coletivamente padronizada, que, por meio da indignação acaba impactando nas opiniões dessa criança.

Maria Eduarda Ferrari Leonel - 1 ano Direito - Noturno

Uma caixa de funções


O agir humano passa por diversas transformações no decorrer da vida, entretanto, pode-se vê-lo como o reflexo da manifestação do coletivo no indivíduo, já que este último é impelido a seguir as regras sociais que lhe foram impostas, as quais acabam se naturalizando através do tempo, como explica o sociólogo Émile Durkheim.
A coesão social é uma busca constante das instituições,as quais podem ser vistas como responsáveis pela globalização. Este profundo processo de integração econômica, cultural, social e política traz consigo a busca por um senso comum, o qual tem a incubência , mesmos com as mudanças nas relações inter-pessoais, de garantir certa homogeneidade que garanta a sobrevivência do grupo.
Como dito na música Admirável Chip Novo da Pitty, “...pane no sistema, alguém me desconfigurou, aonde estão meus olhos de robô?”, adquire-se sua função na sociedade, a qual traz consigo amarras que tornam a humanidade a pensar sempre na mesma “caixa”. Assim, os padrões de música, vestimenta, hábitos alimentares e muitos outros comportamentos humanos são a demonstração do “ chip” posto durante seu desenvolvimento.
Visto isto, os valores internalizados transmitem as ditas disposições para o “ bem viver”, disposições, estas, que reproduzem preconceitos e perpetuam desigualdades, como visto durante as ocupações das escolas públicas nos anos anteriores. Por mais que as reivindicações trouxessem pautas básicas, como comida e estrutura escolar, foram rechaçadas por aqueles que não a compunham, vendo-a como um desvio social.  O qual deveria ser corrigido através do poder coercitivo do Estado para recuperar o equilíbrio.
Ao enxergar a realidade a partir das funções que se espera ter dentro nela cria um horizonte de limitações, Durkheim acredita que o motor da sociedade é arregimentado por traços de solidariedade. Entretanto, tal expectativa não é alcançada no plano real, na medida em que as construções de um grupo maior se fragmentam, fabricando consigo pequenas prisões que impedem a real emancipação humana e por assim dizer seu equilíbrio.

Raphaela Carvalho S. Maringoli- 1º ano Direito ( noturno)

Podres frutos de uma sociedade enferma

Quando, seu moço, nasceu meu rebento
Não era o momento dele rebentar
Já foi nascendo com cara de fome
E eu não tinha nem nome pra lhe dar

Como fui levando não sei lhe explicar
Fui assim levando ele a me levar
E na sua meninice, ele um dia me disse
Que chegava lá

Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega

Chega suado e veloz do batente
Traz sempre um presente pra me encabular
Tanta corrente de ouro, seu moço
Que haja pescoço pra enfiar

Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
Chave, caderneta, terço e patuá
Um lenço e uma penca de documentos
Pra finalmente eu me identificar
Olha aí!

Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Chega no morro com carregamento
Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar cá no alto
Essa onda de assaltos está um horror

Eu consolo ele, ele me consola
Boto ele no colo pra ele me ninar
De repente acordo, olho pro lado
E o danado já foi trabalhar
Olha aí!

Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!

Chega estampado, manchete, retrato
Com venda nos olhos, legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente, seu moço
Fazendo alvoroço demais

O guri no mato, acho que tá rindo
Acho que tá lindo de papo pro ar
Desde o começo eu não disse, seu moço!
Ele disse que chegava lá

Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí
Olha aí!
É o meu guri!

Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí
Olha aí!
É o meu guri!

O meu guri- Chico Buarque 


Nesta música Chico Buarque com muita maestria descreve um fato social muito comum, que é a criminalidade infantil entre a população mais humilde da sociedade. Interessante, pois, notar a ingenuidade e a distorção de "valores" com que a mãe enxerga e narra os fatos. Ilustrando perfeitamente a forma incisa como o meio influi na maneira de pensar, enxergar o mundo, e na distinção de certo e errado quanto a forma de agir para sobreviver no sistema econômico vigente.

Maria Theresa 1 Diurno
A sociedade cria seus próprios antissociais

     Émile Durkheim, sociólogo francês, criou o conceito de consciência coletiva, que seria o conjunto de características e conhecimentos comuns de uma sociedade, que faz com que os indivíduos pensem e ajam de forma semelhante. Para o funcionalista, o indivíduo é influenciado pela sociedade, de forma que não há um limite claro entre a consciência individual e a coletiva.
     Seguindo a teoria de Durkheim, pessoas que desenvolvem patologias sociais são necessariamente influenciadas pelo ambiente ao seu redor. Como exemplo, tem-se a anorexia, que dentre outros fatores é causada pela influência do estereótipo de beleza que está inserido na sociedade.
     Um dos casos mais intrigantes que se tem relatos é o da psicopatia de Elizabeth Thomas. A menina perdeu a mãe muito cedo, com apenas um ano de idade. Assim, ela e seu irmão mais novo ficaram sob guarda de seu pai biológico. Seis meses depois, os médicos identificaram que ela havia sofrido abusos sexuais por parte de seu pai. Então, a menina foi diagnosticada com uma desordem emocional chamada Transtorno de Apego Reativo. A principal característica dessa condição consiste na falta de sociabilidade e de empatia, sendo incapaz de se relacionar com as pessoas ou de sentir afeto. Felizmente, Elizabeth e seu irmão foram adotados por um casal que investiu muito na ressocialização da garota, reintegrando-a socialmente com sucesso.
     A questão se mostra como indiscutível quanto às influências sociais em nossas vidas, no entanto, até que ponto somos livres dessas influências? Qual é o mau que elas podem nos causar? Como identificar um ser humano que possui uma patologia? Como nos proteger diante de uma sociedade tão complexa? Essas e outras perguntas são difíceis de responder, mas de uma coisa eu sei: todos nós possuímos patologias, seja de formas brandas até aquelas devastadoras que ameaçam o convívio social. 

Gabriel Marcolongo Paulino- 1°Ano Direito/Noturno

A RAZOABILIDADE DO PENSAMENTO DE DURKHEIM

       A partir da filosofia positiva originou-se a sociologia, é, porém, de se ressaltar que, não obstante a forte defesa da materialidade e cientificidade do saber, os positivistas pecam por exaltar uma realidade utópica e puramente científica- naquilo que tange os saberes não metafísicos. Nesse sentido, é possível afirmar que a apreciação sociológica proposta tempos depois por Émile Durkheim possui maior plausibilidade para ser utilizada, dado ser, em tese, eminentemente realista e não ideológica e, ainda que Comte tenha defendido tratar o objeto social dessa mesma forma, o próprio Durkheim reconhece que o positivista tratava a sociedade de forma metafísica, ou seja, a partir de sua noção de vinculação inevitável da história ao progresso.
      Os conceitos durkheimianos trazem consigo grande aceitabilidade no sentido de que compreendem a sociedade enquanto tal e a sistematizam conduzindo à noção, não despropositada, da sociabilidade natural do homem. Fato este demonstrado pelas teses advogadas pelo autor em questão com suas ideias acerca do fato social e sua coercitividade. Durkheim, assim, chegou a estabelecer um conhecimento que não era novo e cuja razoabilidade remontava a séculos, o próprio São Tomás de Aquino reconhecia que viver solitariamente era apenas virtude de grandes eremitas, ou seja, uma conjuntura deslocada daquilo que o homem rotineiramente vivia. Além de que, as próprias necessidades demonstram a imprescindibilidade que os homens têm uns dos outros. Ideias estas importantes para sua época- um período que se seguia ao tempo dos contratualistas.
     Propõe-se a reflexão universal: os homens desvinculam-se do meio para agir? Novamente são demonstrativas as ideais de Durkheim, questiona-se, por exemplo, os grupos que se propõe “contra o sistema vigente” são, de fato, desvinculados? Seriam os defensores da independência americana puramente individualistas e apartados por inteiro da sociedade e da mentalidade de sua época? O mesmo diz-se dos autodenominados defensores da contracultura: seriam de fato tão individuais na época de seu surgimento sem nenhum outro motor social que os impulsionaria a tomar tais atitudes? Por óbvio, a sistemática social vincula os homens em suas ações. Conforme o próprio Durkheim discorre, as mudanças sociais possuem causas eficientes, isto é, condicionamentos sociais.
     Vale lembrar, de forma ilustrativa, uma realidade que parece ser atemporal. Trata-se do senso comum, noções construídas e com prevalência no âmbito social. A coercitividade das convicções sociais tende a reprimir as singularidades do pensamento dos indivíduos, em vista do fato de a aceitação social ser importante paradigma para o próprio indivíduo enquanto ente social que é. Exemplo brasileiro atualíssimo se dá pelo desprestígio que a classe política vem sofrendo desde 2013 em especial, um suceder de fatos geraram socialmente um senso comum: corrupção endêmica, recessão econômica, desemprego. Atualmente chega a ser socialmente condenável defender um político. Entretanto, é de se ressaltar que as modalidades de coerção social podem variar nos mais distintos grupos sociais existentes segundo a época e o contexto. Finalmente, a aplicação dos conceitos de Durkheim possui presença marcante na própria essência do ser: que é o indivíduo sem a sociedade? Sequer haveria razão para existir o Direito penal, não há crime sem sociedade; e a reflexão a que se propõe o sociólogo é marcadamente conexa aos princípios supracitados, demonstrativo inequívoco da sensatez com que o autor analisa a coletividade.

Gustavo de Oliveira- 1º ano noturno

A liberdade e o meio social

A consciência não é formada por si só. O homem depende da experiência para aprender. O certo e o errado não nascem de forma natural no subconsciente. A sociedade exerce uma influência muito maior do que você imagina. O conhecimento puro não existe.
         Todas essas afirmações são assustadoras quando paramos para analisar a fundo tudo o que elas realmente significam em nossas vidas. Elas nos fazem questionar o real valor da liberdade e até mesmo se ela existe, pois no mundo em que vivemos, a pressão social com que temos que lidar e toda a formação e as obrigações inconscientes de comportamentos que aceitamos sem ponderar, nos mostram que a liberdade é um assunto delicado e subjetivo.
         Liberdade, o grau de independência de um ser, o direito de agir segundo o seu livre arbítrio, o ato de satisfazer sua vontade. Será que todos os significados dessa palavra não se opõe à formação de valores que recebemos desde crianças?
        Desde o nascimento somos orientados a agir de certas maneiras, temos que ser calmos, obedientes, quietos, temos de comer determinadas coisas, em determinados horários, temos coisas que podemos ou não fazer, para que assim tenhamos uma convivência mais fácil no meio em que fomos inseridos.
         A partir dessa criação é que nossos valores são formados. As experiências que vivemos fazem com que sejamos as pessoas que somos, exatamente como somos. É aí que mora a dificuldade em entender os atos das outras pessoas que não foram educadas como você e não tem os mesmos valores enraizados.
         O fato social, tudo aquilo que influencia as pessoas ao redor do acontecido, é uma consequência da realidade vivida por cada um. Todos reagimos de formas diferentes a determinadas situações com as quais somos afetados.
         O fenômeno social, na contemporaneidade passa a ter uma causa e desempenhar uma função. Durkheim passa a ver os acontecimentos dentro de uma sociedade de forma a não mais julgar como patologias sociais, mas como realidades com as quais temos que lidar e tentar refrear tudo aquilo que exerce uma função negativa para o meio.
         Podemos ver, por exemplo, a situação das favelas brasileiras. A violência lá influência a formação de todos os que estão nesse processo, crianças não podem ir às escolas, famílias vivem com medo e tudo isso vem sendo ignorado, fazendo com que se inicie um ciclo vicioso ainda mais difícil de se tratar.
         Sendo assim, podemos entender que a partir do estudo sociológico o entendimento do fato social mudou e que a realidade vivida tem muita influência sobre os atos de cada um, além de a força da influência social faça ser quase impossível alguém se diferenciar dos outros componentes do meio social em que está inserido.

Maria Antonia Oliveira de Paula - 1º Direito Diuno