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quinta-feira, 21 de setembro de 2017

O que você quer ser?!



   O indivíduo é dotado de valores incrustados desde o nascimento, que tentam aproximá-lo forçadamente do ideal de bom cidadão, um modelo a ser seguido nessa passarela que é a vida em todos os aspectos, ditada por valores milenares. Não há como fugir dessas imposições, que submetem a todos os indivíduos, marginalizando aqueles que não seguem os padrões.
    Quando crianças, já nos perguntam: “O que você quer ser quando crescer?”, condicionando o ato do trabalho gradualmente em nossas vidas, onde o "fazer algo" sustenta o sistema. Dessa maneira, cotidianamente observamos casos de adolescentes que apresentam quadro depressivo e procuram remédios destruidores (tarja preta), por simplesmente não responderem ao que parece ser, supostamente, uma simples questão. Recebendo diariamente pressão do meio, que exige uma afirmação e não uma dúvida, quanto a função, julgada tão importante, que a pessoa exercerá na sociedade.
   “Tempo é Dinheiro”. Somos administrados pela Ação Social Irracional do Capital; acordamos trabalhamos, retornamos às nossas casas e por fim, a rotina está pronta para se repetir. “Pulando” de um trem a  ônibus, empurrados por multidões, finalmente chegamos ao nosso confinamento diário, para produzirmos algo que não podemos comprar; mas que vira uma presa a ser perseguida como objetivo/sonho, apetecendo os olhos do proletariado para que nunca parem, como se este estivesse em uma roda de camundongos.
   Bons Costumes: “quais são?”, “enxergam eles o ser humano a ser representado por um caráter atemporal?”. Nossas inter relações são construídas sobre eles, mesmo que não os tenhamos escolhido como princípios norteadores. Casais homoafetivos, que racionalmente deveriam ser respeitados e ter seus direitos assegurados, têm em contrapartida, sua existência deixada a sorte da cultura e de tradicionalismos cristalizados. No Brasil, verbi gratia, foi aprovada lei que torna a homoafetividade patologia, passível de tratamento psicológico legal.

    Desses juízos de valor que regem as relações humanas, por óbvia legitimidade entregada sem o real consentimento da população, desde a ética do trabalho até a questão LGBT, o povo deve lutar para que o sistema de indivíduos ou ideais de vidas perfeitas do Tipo Ideal, de prevalência hierárquica, seja quebrado. Como Sociedade que se diz moderna, temos a obrigação de parar a esteira de produção das relações embaladas, prontas e imutáveis.


Nome:Fabrício Eduardo Martins Soares, 1 ano Direito NOTURNO

Poder paralelo

O sociólogo Max Weber por meio do conceito de ação social se afasta de ideias deterministas de outros sociólogos e propõe uma teoria de que o indivíduo é livre para a sua construção, porém  há o fenômeno do poder descrito como:
“Poder significa toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade” (WEBER)
Dessa maneira, o exercício do poder, ou seja, a dominação exerce influência sobre o modo de agir dos seres humanos.  Tal situação é observada em regiões controladas por facções e milícias no Rio de Janeiro, a população por mais que queira ser “senhora de seu destino” acaba tendo as suas ações controladas por aquelas forças que exercem  poder. Assim, atividades cotidianas como a compra de um botijão de gás ou a instalação de uma linha telefônica são controladas por aquelas.
Nesse sentido,  a ação tradicional  passa a ser orientada diante das perspectivas do poder dominante de determinada região, como o indivíduo que aceita se engajar no mundo do crime, sendo estimulado por hábitos, costumes e crenças. Assim o indivíduo acaba não sendo livre para o seu desenvolvimento particular.
No mais,  quanto a dominação Weber diz: “Todas procuram despertar e cultivar a crença em sua ‘legitimidade’. Dependendo da natureza da legitimidade pretendida diferem o tipo de obediência e do quadro administrativo destinado a garanti-la, bem como o caráter do exercício da dominação”. Em locais dominados por poderes paralelos, essa legitimidade é buscada a todo momento por essas forças que usam como justificativa a ausência do Estado naquele local, além de fornecerem  serviços básicos que deveriam ser provenientes do governo.


MARCO ANTONIO CID MONTEIRO DA SILVA, 1º ANO DIREITO,  NOTURNO

“I can do it!” - mesmo?

     De acordo com Max Weber, o capitalismo não é sinônimo da busca pelo lucro, ele é, na verdade, seguindo a ética protestante, o fruto do intenso trabalho realizado pelos seguidores dessa ideologia, a qual garante que a salvação divina está na execução do trabalho. Para isso, há uma racionalização em diversas áreas da vida humana, como a separação entre pessoa jurídica e os seus integrantes, visto que se um desses se utilizarem da renda da primeira para satisfazerem seus desejos pessoais não estará tendo responsabilidade com os demais integrantes e as suas respectivas famílias, que dependem do salário que deveriam receber; o aperfeiçoamento científico, com a criação de diversas tecnologias que ajudam a desempenhar melhor o trabalho, e a utilização do direito para garantir que este trabalho não seja em vão, isto é, por meio dos contratos, espera-se que o outro cumpra o seu dever, independentemente dos fatos que acontecem na sua vida particular, devido à coação legal. Todas essas formas de racionalização penetraram-se de tal forma nesses indivíduos que chegaram ao espaço doméstico. Assim, eles passaram a organizar o tempo e constatar o que pode ser feito de produtivo no seu momento de ociosidade e, como consequência, passaram a, si próprios, realizar tarefas domésticas, por exemplo, que outras pessoas contratariam indivíduos específicos para efetuá-las. Com esse objetivo, então, também houve uma melhora nos apetrechos usados dentro de casa.
     Entretanto, se realmente fossem seguir à risca a política do “fazer eu mesmo”, teriam que começar do zero. Isto é, para se alimentar, deveriam desde plantar o próprio alimento e o dos animais que viriam a ser o seu alimento a construir sozinhos a sua moradia, porém, fabricando o próprio tijolo, tinta e piso. Resumindo: tudo.

     Os dispositivos que os ajudam a realizar por si sós algumas tarefas, então, foram produzidos por outras pessoas. Com o avanço tecnológico, futuramente, muitas tarefas deixarão de ser realizas por outras pessoas para todos, o que pode ser notado com a extinção dos acendedores de postes e das telefonistas, por exemplo. Estariam, portanto, realmente dominando o mundo?

Bruna Benzi Bertolletti - 1º ano direito diurno

A manada humana


Quando crianças, todo simples objeto passa a ser fruto de questionamento, demonstrando a busca incessante por uma razão. Esse modo de ser operante traz consigo a ideia weberiana de racionalização, cujo retrato pode se alicerçar na cultura na qual esses indivíduos estão expostos. Max Weber, um dos grandes expoentes da Sociologia, também teria nascido, justamente, num momento histórico de contestação, sobretudo em seu país de origem, a Alemanha.
Ao compreender a sociedade como produto do conjunto das ações individuais, as quais estabeleceriam, assim, a relação social, o agir humano, segundo o autor, passa a refletir a expectativa que o outro tem de si, processo o qual intensifica a universalização.  Tal dinâmica abarcaria a racionalização da vida, na qual a dita “dominação do mundo” seria o fugaz, cujo reflexo desta dinâmica demonstrar-se-ia no presente.
Contudo, esse procedimento gera consigo indivíduos que se prevalecem aos demais, marginalizando aqueles que vão contra a lógica preponderante. A relevância cultural de tais fatores, engendra o comportamento de manada, em busca da socialização tida como necessário. Desta forma, será que a razão é mantida, ao passo que espera-se do outro para o próprio agir. O modo de ser operante no Brasil é um bom exemplo para pontuar-se sobre as complicações causadas por dado comportamento. Os anos de 2014 a 2016 foram acompanhados por inúmeros protestos em relação a governança política do país, a partir de setores da classe média e alta. Todavia, após o golpe dado, aqueles se indignavam, saíram prejudicados, ao posto que seus direitos são esquecidos em prol da ética do sistema capitalista e as vantagens econômicas que traz consigo
Não deveríamos, pois, usar da razão como instrumento de reconhecimento da realidade e dos impactos de suas ações, assim como as crianças em seus primeiros passos, sendo esta, antes de tudo, ferramenta de individualização e coletivização crítica da humanidade?

Raphaela Carvalho- 1º ano Direito ( noturno)

A ação social no âmbito jurídico

Existem “sensos comuns” acerca de vários aspectos da sociedade, e o Direito não está excluído disso. Algo comum de ser ouvido é que os indivíduos seguem as leis por medo, por uma certa coação, ou até mesmo por suas consequências, como por exemplo a privação de liberdade. Mas com base em Weber, pensando em uma sociedade livre e democrática, o direito está garantido subjetivamente, pois depende do próprio indivíduo atender ou não a lei, baseado em seus interesses.
Um ponto importante na sociologia Weberiana é o conceito de ação social, que seria o comportamento do indivíduo orientado pela expectativa de um outro indivíduo sobre ele. Dessa forma, dentro da sociedade, sabendo o que os indivíduos esperam um dos outros através das próprias relações sociais, os mesmos podem agir de acordo com essas expectativas ou não. Variando muitas vezes pela liberdade existente dentro dessa comunidade e sendo orientadas por interesses.  
Esse conceito pode ser levado para o âmbito jurídico, de forma que o cidadão age em relação à lei conforme a expectativa da lei, mas também conforme seus interesses no que se refere a mesma.  Dessa forma, os agentes sociais se orientam quanto às leis de acordo com seus interesses individuais, assim como nas relações pessoais.

Por consequência, quando uma lei atende as expectativas e interesses do cidadão, a probabilidade de aceitação dela será muito maior do que uma que não atenda essas necessidades. Por isso, para Weber, o direito é garantido pela escolha e interesse do indivíduo, ou seja, subjetivamente.

Pilares do Poder

O indivíduo é agente, em certa parcela, da construção da sociedade, sendo essa parcela suficiente para refutar a ideia marxista da hegemonia econômica frente às mudanças sociais, isso tudo baseado no ideário de Max Weber e sua “sociologia compreensiva”. Tanto o é de fato, que a partir de uma espécie de revolução religiosa e cultural alterou-se a conduta social e econômica ocidental, em um primeiro momento. Isto é, a reforma protestante foi responsável pelo desenvolvimento de uma nova cultura, uma cultura de racionalização, disciplina e acumulação; essa transformação no cotidiano e costumes sociais levaram ao assentamento de uma nova prática que viria a moldar o novo mundo, o Capitalismo.
Tal molde estaria suportado em quatro pilares fundamentais e sua racionalização: o Homem, a Ciência, o Direito e a Economia. Ou seja, o Homem passa a adotar certos tipos de conduta racional, uma conduta voltada para a disciplina e acumulação; a Ciência se faz necessária ao ponto que impulsiona os interesses capitalistas e dinamiza a economia e a sociedade; o Direito se faz presente uma vez que é o responsável de administrar “como molas mestras” a racionalidade capitalista a partir de regras formais; a Economia se transforma de modo a separar a realidade familiar da realidade comercial, isto é, os lucros do indivíduo não é dele, mas sim de sua empresa ou negócio, como explicitado na criação da “pessoa jurídica” uma invenção genuinamente capitalista. Essas transformações e esses pilares são fortemente refletidos na cultura norte-americana, onde existe uma cultura majoritariamente protestante, nota-se a transposição da disciplina fabril para o ambiente doméstico, cada membro da família com determinada designação, uma organização voltada a poupar gastos e acumular lucros, diferentemente dos moldes feudais de produção de subsistência em que a meta era obter o suficiente para sua subsistência, como pregado pelo catolicismo então hegemônico. Um exemplo mais que perfeito da transformação da economia a partir de uma revolução sociocultural, enraizada na racionalização do homem.
Assim, a esperança de mudança social por determinadas camadas e grupos sociais fortalece-se, abre-se a possibilidade de desconstrução de preconceitos e construção de uma realidade mais harmônica entre os indivíduos. Há, portanto, espaço para o movimento LGBT, para o empoderamento feminino e negro e, principalmente, para a pluralidade. Porém, um único inimigo pode levar essa esperança às ruinas, esse inimigo explicitado em slogans como “Vem Ser Feliz”, “Amo Muito Tudo Isso” ou “Lugar de Gente Feliz”, esse inimigo é o Tradicionalismo, isto é, a natural disposição do ser humano a viver na intensidade que está acostumado a viver, sem grandes mudanças e com as mesmas perspectivas. Esse Tradicionalismo esteve presente na vontade de Lula quando declarou que seu sonho seria que todo operário do ABC tivesse um fusca, da mesma forma em que está presente na resignação cotidiana frente aos desmandos políticos.
Não há economia nem outra força que prenda os homens ao status quo, segundo Weber, o que os prende à servidão são eles próprios, a cultura que constroem. Porém, os homens ainda sofrem coerção de um poder dominante, e, segundo o alemão, “poder significa toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade”. Portanto, as modificações sociais mais profundas estão entrelaçadas com a cultura, ou seja, de imediato com a educação, porém, desta vez, longe do preceito weberiano de educação (aquela pela qual os homens são preparados para lidar com as transformações causadas pela racionalização da vida, sistemática, voltada para o treinamento em operar essas novas funções), uma educação que tenha por meta uma transformação cultural, a fim de ser usada para a transformação social.

Felipe Cardoso Scandiuzzi - 1ª ano - Direito Matutino  

Dominação Racional

Como estabelecer uma racionalização formal,
Diante de condições desiguais e discrepantes,
Em que o material encontra-se destoante?
O tecnicismo avança,
Elaboramos,
Não pensamos,
Legitimamos,
Dominação total.
Com as cotas disseram-me: você será igual!
O alcance foi limitado,
A Universidade não é plural.
Calculabilidade, racionalidade,
Seria o Direito uma formula exata?
Como estabelecer leis gerais a seres individuais?
O capitalismo avança,
O mais fraco é atropelado,
Cria-se o homem racional,
Um robô funcional e passional,
Dominação inteligente.

Bruna Maria Modesto Ribeiro, 1º ano de Direito (Diurno)

SENSATEZ E REALIDADE NO PENSAMENTO WEBERIANO

        Dentre os cognominados “clássicos da sociologia”, Max Weber apresenta caracteres peculiares tanto em relação a Marx quanto a Durkheim. Partindo-se de uma perspectiva geral apercebe-se que, se de um lado Marx tinha o elemento de reduzir a análise da sociedade humana às relações econômicas, Durkheim aprofundou-se em aspectos mais amplos para a análise da sociedade. Weber aparece entre ambos com sua singularidade: é responsável por uma apreciação crítica mais pragmática, sensata e realista do que a de Marx quando da análise da sociedade como um todo, sendo, de certo modo, reducionista quanto a questões mais particulares como se pretende aqui mostrar correlacionando-se com a realidade histórica e hodierna.
      Contrariamente à visão marxista, Weber não teve sua visão conspurcada por uma análise sociológica puramente materialista. Seu conceito lato de ação social viabiliza uma série de interpretações a se atingirem acerca da realidade e, com o viso de tornar mais aprofundada sua análise, subdividiu a conceituação de ação social em quatro tipos específicos de cujo realismo é difícil duvidar-se. A iniciar-se pela chamada ação social com relação a um valor, ora, são numerosos os exemplos de ações que poderiam considerar-se, a partir apenas dos instintos humanos, irracionais, mas que, na verdade, tornam-se concretas pela carga valorativa de que são imbuídas. Vide o exemplo dos kamikazes durante a Segunda Grande Guerra, ou então, o fenômeno mais recente amalgamado com o fundamentalismo islâmico de homens-bomba ou ainda de quaisquer soldados que vão às guerras voluntariamente na defesa de seus países ou de suas convicções, vejam-se os cruzados ou mesmo os pracinhas brasileiros. Ademais, tem-se a ação social afetiva, fenômeno historicamente encontrado com recorrência, lembre-se do caso de Inês de Castro descrito por Camões em “Os Lusíadas”, no qual o rei português Dom Pedro I para vingar a morte de sua amada torna-a rainha depois de morta. Outro exemplo foi o caso do assassinato da socialite Ângela Diniz em marcante crime passional no ano de 1976 revelando como as noções de Weber permaneceram presentes no decorrer da história.
       Assim também a ação tradicional possui embasamento na realidade, factualmente se vê que os costumes de um país permanecem fortemente arraigados tornando-se mesmo convenções. O costume de noivas se casarem de branco é demonstrativo disso, não há nem em regulamentos religiosos ou civis obrigação para isso, no entanto a força com que se impelem as pessoas nesse sentido subsiste. Por fim, há a ação social racional com um objetivo; vê-se que comumente os indivíduos recorrem àquilo que mais lhes parece facilitar seus procedimentos vitais, assim como hoje existem recursos que se podem impetrar nos tribunais contestando sentenças judiciais, foi possível em outras épocas que se pedisse clemência ao soberano, em vista da racionalidade do ato, ninguém iria de pronto recorrer àquilo que não lhe concedesse maiores resultados e não mantivesse sua existência da forma mais viável possível.
      Como se vê as relações entre o sentido da ação e o agente são muito evidentes nessa subdivisão weberiana. Ocorre que, por vezes, Weber fosse mais apegado a certo “reducionismo”. Seus argumentos em prol da ideia de que o protestantismo teria impulsionado o “espírito do capitalismo” podem ser considerados no sentido de que os grupos protestantes teriam engendrado uma perspectiva menos opositora às questões mundanas. De fato, observa-se que o protestantismo foi um dos primeiros passos, ainda que se tratasse de um movimento religioso, de dessacralização da mentalidade que advinha da Idade Média o que seria um contributo no desenvolvimento econômico. Entretanto, a visão parece um tanto quanto inobservável quando comparada à realidade social presente, pois países em que prepondera o Catolicismo como Irlanda, Bélgica e França ou países de religião oriental como o Japão estão entre os considerados mais desenvolvidos no quesito econômico atual. Pode-se arguir que o espírito protestante teria penetrado nesses países, mas o que se observa mesmo é uma série de outros fatores que não se resumem a essa visão de mundo. A França, por exemplo, teve o ápice de seu desenvolvimento mercantil sob o período do antigo regime. Weber como se verifica possui um pensamento cujas nuances devem considerar-se para análise de sua obra, não se devendo, claro, desqualificar seus contributos para o pensamento moderno e sua posição de um dos sustentáculos da sociologia.


Gustavo de Oliveira- 1º ano noturno